Governo cria grupo para transformar aeroporto de Ponta Porã em binacional

O Ministério de Portos e Aeroportos anunciou a criação de um Grupo de Trabalho (GT) para transformar o Aeroporto Internacional de Ponta Porã em um terminal binacional, com operação conjunta entre o Brasil e o Paraguai. A decisão foi oficializada no dia 20 deste mês, durante reunião em Brasília com autoridades federais, municipais e representantes do país vizinho.

A proposta prevê a integração do terminal brasileiro com a cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero, localizada na linha de fronteira com Mato Grosso do Sul. O projeto é considerado um marco no processo de cooperação entre os dois países e insere-se na estratégia nacional de fortalecimento da Rota Bioceânica, que busca conectar os oceanos Atlântico e Pacífico por meio da infraestrutura de transporte da América do Sul.

Modelo binacional e articulação jurídica - Durante a reunião, o ministro Silvio Costa Filho afirmou que o novo terminal terá como referência técnica e jurídica o Aeroporto Binacional de Rivera, na fronteira entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai. “O Aeroporto Binacional de Rivera, na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, servirá de modelo para a implementação técnica e jurídica do novo terminal”, destacou.

A proposta será discutida com órgãos como ANAC, Receita Federal, Polícia Federal, Vigiagro e Anvisa, além das instituições correspondentes do Paraguai. O objetivo do grupo de trabalho é articular a viabilidade da operação conjunta e do controle aduaneiro integrado entre os dois lados da fronteira.

Investimento e expansão da infraestrutura - A empresa Aena Brasil, concessionária responsável pela administração do aeroporto, já está investindo R$ 160 milhões na ampliação do terminal. A reforma inclui a expansão da área de embarque de 770 m² para 3.946 m², além da modernização da pista de pouso, que terá 1.998 metros de extensão por 45 metros de largura. O estacionamento de veículos também será ampliado.

As obras já resultam em impacto positivo na economia local. Só neste ano, cerca de 600 trabalhadores da construção civil começaram a ser contratados, por meio da Casa do Trabalhador de Ponta Porã. Outros 150 postos administrativos devem ser abertos ao longo do projeto, que tem previsão de conclusão em 2026.

Apoio institucional e desenvolvimento regional - A reunião em Brasília contou com a presença do prefeito de Ponta Porã, Eduardo Campos, do presidente da Câmara Municipal, Agnaldo Pereira Lima, do presidente da Junta Municipal de Pedro Juan Caballero, Jorge Luís Medina Rivarola, do senador Nelsinho Trad (PSD) e do deputado federal Dagoberto Nogueira (PSDB), além de representantes da Embaixada do Paraguai no Brasil.

“O projeto é um marco de desenvolvimento para a fronteira e já tem apoio do Parlamento Internacional Municipal – PARLIM, das autoridades de ambos os lados da fronteira e, agora, do governo federal brasileiro”, afirmou Eduardo Campos.

O presidente da Câmara de Ponta Porã também destacou o impacto da iniciativa. “A rota bioceânica é uma oportunidade histórica de integração continental, e a implantação do aeroporto binacional é um passo decisivo nesse processo. É um projeto fundamental para o desenvolvimento da fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, tanto no aspecto logístico quanto na geração de empregos e oportunidades para nossa população”, declarou Agnaldo Pereira Lima.

Outros exemplos no mundo – Há precedentes de aeroportos binacionais em países como França/Suíça/Alemanha (EuroAirport), Uruguai/Brasil (Rivera) e México/EUA (Tijuana/San Diego), o que reforça a viabilidade do modelo em Ponta Porã.