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Cidades

"Gravata" do PCC, advogada recebeu mais de R$ 100 mil de quadrilha, aponta Gaeco

Três advogados foram alvos da Operação Last Chat contra quadrilha liderada por preso

Por Dayene Paz | 25/04/2024 12:49
Advogada Paula Tatiane Monezzi, em imagem das redes sociais. (Foto: Redes sociais)
Advogada Paula Tatiane Monezzi, em imagem das redes sociais. (Foto: Redes sociais)

A advogada Paula Tatiane Monezzi, de 38 anos, ou "Tata", era um dos principais vínculos entre Rafael da Silva Lemos, o “Gazela” ou “Patrão”, e os outros integrantes de uma quadrilha de tráfico de armas e drogas que agia em Mato Grosso do Sul e outros dois estados. Enquanto o líder Rafael comandava as ações de dentro da cadeia, Paula repassava os recados dele aos outros, atuando como "gravata do PCC", de acordo com a investigação. A advogada recebeu mais de R$ 100 mil do grupo.

Paula e outros dois advogados, Cybelle Bezerra da Silva e Lucas Eric Ramires dos Santos, além de policiais militares e servidores públicos, faziam parte do esquema de tráfico e lavagem de dinheiro, de acordo com levantamento do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) - órgão ligado ao MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul). Todos foram alvos da Operação Last Chat, deflagrada nesta quarta-feira (24).

Paula já foi alvo de operação anterior e teve registro suspenso pela OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Mato Grosso do Sul). Investigação aponta que ela auxiliava Rafael e, para isso, utilizava a própria conta bancária e a do namorado, Luis Paulo Valter, que recebiam o dinheiro vindo do tráfico - na Last Cat ele foi alvo de mandado de busca e apreensão. Também levantava informações sigilosas para Patrão.

Um exemplo citado no processo foi a prisão de um dos integrantes, Jaderson Max Teixeira Brandão, flagrado com 1,5 tonelada de maconha pertencente a Rafael. Ao tomar conhecimento da prisão de Jaderson, Patrão entrou em contato com Paula para que ela tomasse providências. O objetivo era verificar se havia risco de os endereços onde a droga estava armazenada serem descobertos pela polícia.

Para isso, Paula precisava descobrir o que Jaderson havia dito para a polícia. Então, a advogada pagou ao policial militar Thiago Souza Martins para que obtivesse informações privilegiadas. Depois, repassou as informações a Rafael.

Em outro caso, quem desempenhou o mesmo papel foi a advogada Cybelle Bezerra, de acordo com a investigação. Após a prisão de outro integrante e "gerente" da quadrilha, Ítalo Eufrásio Lemos, ou "Itim", Cybelle o visitou com objetivo de orientá-lo sobre o que dizer para a polícia e não comprometer a quadrilha. Lucas Eric foi contratado e exerceu a mesma função, repassar recados de Rafael.

Gerentes - Havia uma segunda divisão na quadrilha, os chamados de "gerentes", segundo o Gaeco. Estavam inclusos: Ricardo Rodrigues Silva, Ítalo Eufrásio Lemos, ou "Itim", Kelli Letícia de Campos, e Klemerson Oliveira Dienstman. Eles exerciam espécie de liderança em relação aos demais integrantes.

Para ajudar na lavagem de dinheiro, uma das principais empresas de fachada foi aberta no nome de Kelli, a KLC Construções e Transportes em Logística Eireli, com endereço no Bairro Parati, em Campo Grande. Com ajuda da empresas de fachada, a investigação aponta que Kelli Letícia também guardava os veículos de Rafael, o Patrão. Kelli também contava com ajuda de um contador, para dar legitimidade à contabilidade da empresa.

Outro gerente da quadrilha, Klemerson, movimentou, entre 14 de dezembro de 2021 e 23 de março de 2023, R$ 59,9 mil. Com a quebra de sigilo bancário, a investigação também descobriu que a quadrilha movimentou R$ 1,5 milhão entre 26 de maio de 2020 e 17 de março de 2023.

Veja quem são os alvos de prisão da Last Chat

  • Rafael da Silva Lemos - líder
  • Aldair Antônio Garcia
  • Alex Benitez Gamarra
  • Anderson da Silva Ferreira - já custodiado no sistema prisional
  • Cleber Ferreira Alves - já custodiado no sistema prisional
  • Cybelle Bezerra da Silva - advogada
  • Débora Cristina dos Santos
  • Edson Ribeiro de Souza
  • Fabiano Augusto Cavalheiro Parraga - já custodiado no sistema prisional
  • Francisco Jackson Sales
  • Francisco Weverton Moura Amorim
  • Glenio César da Costa Muller - já custodiado no sistema prisional
  • Ítalo Eufrásio Lemos - "gerente" e já custodiado no sistema prisional
  • Jaderson Max Teixeira Brandão - já custodiado no sistema prisional
  • Kelli Letícia de Campos - "gerente" e dona da empresa de fachada
  • Klemerson Oliveira Dienstmann - "gerente" e já custodiado no sistema prisional
  • Lindisleir Aguilera do Nascimento
  • Lucas Eric Ramires dos Santos - advogado
  • Mayron Mendes da Silva
  • Paula Tatiane Monezzi - advogada
  • Renan Santana de Souza
  • Ricardo Rodrigues da Silva - "gerente"
  • Sérgio Simão da Silva - contador da empresa de fachada
  • Sérgio Vinícios Cândia
  • Suellen Pereira de Souza
  • Valdinei Freitas Lopes
  • Viviane Fontoura Holsback

Entenda - Investigação aponta que eles integram quadrilha de tráfico de armas e drogas, liderada por Rafael da Silva Lemos, conhecido como “Gazela” ou “Patrão”, que fugiu do presídio em dezembro do ano passado. A ação é desmembramento de outra investigação, da Operação Courrier, que chegou a prender um defensor público de Mato Grosso do Sul, em maio do ano passado.

A Operação Last Chat cumpriu 55 mandados judiciais, de prisão preventiva e busca e apreensão, em Campo Grande, Ponta Porã, São Paulo (SP) e Fortaleza (CE). Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), a quadrilha contava com uma rede sofisticada de distribuição.

"Simultaneamente ao tráfico de drogas, a organização criminosa atua fortemente no comércio ilegal de armas de grosso calibre, como fuzis e submetralhadoras, além de granadas, munições, acessórios e outros materiais bélicos de uso restrito", diz trecho de nota do MP.

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