Na luta diária com passageiros sem máscara, motoristas vivem momento de alívio
Motoristas dizem que trabalham apreensivos desde início da pandemia, enfrentando resistência nos coletivos
“Estamos na linha de frente desde o começo da pandemia”, afirmou o motorista do transporte coletivo Adnei Portilho, 50 anos, que hoje, aliviado, tomou a 1ª dose da vacina contra covid-19. A categoria enfrenta, diariamente, resistência de parte da população em usar a máscara, item básico de biossegurança e que é motivo constante de aborrecimento nos ônibus.
Portilho trabalha há 10 anos como motorista de ônibus e aguardava com ansiedade a vacinação. Hoje, foi um dos que levantaram cedo em busca da imunização. Ele foi até o Guanandizão para a 1ª dose da Oxford/AstraZeneca. Os trabalhadores dessa categoria, com 18 anos ou mais, entraram nessa etapa do cronograma, que agora seguirá o PNI (Plano Nacional de Imunização), enfocando os grupos prioritários.
Um episódio recente evidenciou a luta diária da categoria em lidar com quem não gosta de usar a máscara. O vídeo gravado dentro do ônibus da linha 085 mostra discussão com mulher que se recusa a coloca o item. Posteriormente, ela foi identificada e estaria em momento de crise, por não tomar os medicamentos prescritos para esquizofrenia.
Mas, diariamente, Portilho diz que os motoristas precisam pedir aos passageiros que coloquem a máscara. “A pessoa sabe da sua obrigação, mas tem gente que não liga e o motorista tem sempre que estar cobrando, a gente sofre por entrar nesse conflito”.
Segundo o motorista, há casos de passageiros que entram comendo ou estão com máscara no queixo e não reclamam quando são advertidos. Porém, as discussões não são raras. “Te olham torto, desrespeitam, causam tumulto, é revoltando e muitos colegas relatam a mesma coisa”.
Rogério Campos, 42 anos, trabalha há 15 anos no transporte coletivo e há um ano estava apreensivo. A atividade do setor foi suspensa por poucos dias, no início do ano passado, mas, depois voltou ao normal sem nunca ser interrompida.
Agora, com 1ª dose, se sente aliviado. “Sofremos o desrespeito e alguns usuários, mas saio daqui menos apreensivo e volto a trabalhar feliz”.