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Cidades

Acusados da morte de Marcos Veron vão a júri hoje em SP

Redação | 12/04/2010 06:58

Com a previsão de durar até uma semana, começa hoje, em São Paulo, o julgamento de três acusados pela morte do cacique guarani-caiuá Marcos Veron. O líder indígena foi morto em janeiro de 2003, por conflito fundiário em Juti.

Por solicitação do MPF (Ministério Público Federal), o júri foi transferido de Mato Grosso do Sul para São Paulo. "Não há a mínima condição. No Estado, não há a mínima isenção quando envolve a questão indígena", ressalta o procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, de Dourados.

No pedido de transferência, o MPF justificou que um dos motivos é o poder econômico do proprietário da fazenda, Jacinto Honório da Silva Filho.

"Proprietário de terras em Mato Grosso do Sul e outros estados, Jacinto Honório teria negociado com dois índios a mudança de seus depoimentos. Vítimas da agressão, eles teriam sido contratados para trabalhar em uma de suas propriedades na Bolívia", justificou o Ministério Público. O MPF acusa o fazendeiro de ter tentado mudar o depoimento até do filho de Veron.

Hoje, a partir do meio dia, no Fórum Criminal Federal, vão a julgamento três dos quatros seguranças acusados pela autoria do crime: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabralde. O segurança Nivaldo Alves de Oliveira está foragido.

Ao todo, 24 pessoas foram denunciadas pelo crime, mas a Justiça aceitou a denúncia somente contra os quatro. Segundo o procurador, a previsão de o julgamento durar uma até uma semana é feita com base no número de réus e testemunhas, cerca de 20 pessoas.

"São muitos pontos a ser esclarecido. Não é só perguntar se matou ou não matou. Vamos querer saber quem estava no local", justifica.

Terra - A morte foi resultado de disputa pela terra indígena Takuara, na fazenda Brasília do Sul, sustenta o MPF. Nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003, quatro homens armados atacaram índios guarani que ocuparam a área.

"Armados com pistolas, eles ameaçaram, espancaram e atiraram nas lideranças indígenas. Veron, à época com 72 anos, foi encaminhado ao hospital com traumatismo craniano, onde faleceu", detalha o MPF.

Após o assassinato, o cacique foi enterrado na própria área ocupada, por decisão da Justiça Federal.

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