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Cidades

Caos na emergência obriga posto de saúde improvisar até UTI na Capital

Viviane Oliveira | 31/07/2013 17:55
Francisca está com pai, que aguarda uma vaga no HR, internado no UPA do bairro Universitário. (Foto: Pedro Peralta)
Francisca está com pai, que aguarda uma vaga no HR, internado no UPA do bairro Universitário. (Foto: Pedro Peralta)

Angústia e aflição tomam conta de familiares de pacientes internados em leitos improvisados nas unidades regionais de saúde em decorrência da falta de leitos no setor de emergência dos hospitais públicos de Campo Grande. Até UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) está sendo improvisada nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).

O caos se agravou com o fechamento do PAM (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Universitário. Hoje, por exemplo, Basílio Mendonça, 84 anos, começou a passar mal e foi levado para o Centro Regional de Saúde do Bairro Guanandi. Lá, devido ao estado de saúde do paciente, teve quer ser encaminhado por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para o UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Universitário.

O idoso está entubado e em coma induzido na unidade de saúde aguardando uma vaga no Hospital Regional. “Lá dentro não pode ficar nenhum acompanhante, nós estamos aqui ansiosos aguardando para que ele seja logo transferido”, disse Francisca Mendonça Fama, 47 anos, uma das filhas do idoso, que aguardava do lado de fora a notícia da transferência.

A superlotação em emergência nunca foi novidade. No entanto, a situação piorou nesta semana com a interdição do PAM do Hospital Universitário na segunda-feira (29) pela Vigilância Sanitária Estadual.

Para tentar amenizar o caos na saúde, os secretários e os diretores dos hospitais definiram que os pacientes vão ser internados em duas UPAs, dos bairros Coronel Antonino e Universitário, e no Centro Regional de Saúde do Conjunto Aero Rancho, mesmo sem estrutura para o atendimento.

Notícia que não foi surpresa para Nilzely Lima, 35 anos, que conhecia muito bem o pronto socorro do HU. “Até que enfim alguém tomou uma atitude, aquele lugar nem deveria ser chamado de hospital”, relata, acrescentando que a saúde no estado não tem cura.

Casal morava em Bonito e está há 8 meses em Campo Grande. Eles vieram em busca de melhores condições de vida, principalmente na área da saúde. (Foto: Pedro Peralta)
Casal morava em Bonito e está há 8 meses em Campo Grande. Eles vieram em busca de melhores condições de vida, principalmente na área da saúde. (Foto: Pedro Peralta)

Ela aguardava noticias de um conhecido, que estava internado no UPA do bairro Coronel Antonino com suspeita de crise renal. “Vai ser sempre assim, nunca vai melhorar”, diz Nilzely, referindo-se a superlotação nas unidades de saúde.

Segundo o pintor Jean Pereira de Oliveira, 35 anos, que estava com a filha de 2 anos internada no posto de saúde da UPA do Coronel Antonino, os corredores estão lotados de gente nas macas. “A saúde em Campo Grande piora a cada dia que passa”, afirma.

Na recepção dos postos de saúde basta ficar 30 minutos observando para ver a quantidade de gente que discute, implora para receber atendimento mais rápido ou de qualidade. Cada um com uma situação ou um problema diferente.

O casal Alfredo Otero, 38 anos, e Leila Bianca, 30 anos, moravam em Bonito e vieram para Campo Grande em busca de qualidade de vida. Pais de 4 filhos, os dois reclamam da falta de informação nos postos de saúde“Pensamos que aqui seria melhor, mas até hoje não consegui acompanhamento médico para a minha filha de 7 meses”, reclama Leila.

Sem previsão de transferência para um hospital, Ilma Canejo, 34 anos, acompanhava a mãe, Francisca Maria, 64 anos, que havia sofrido um derrame. “Ela está com o braço e a perna esquerda paralisada. Apesar de estar recebendo atendimento, os médicos disseram que não tem previsão de quando ela será transferida”, finaliza.

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