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Capital

Acadêmicos se revoltam com a falta de socorrista em universidade

Graziela Rezende | 19/03/2014 14:24
Estudantes foram dispensados após morte de universitária nesta quarta-feira (Foto: Cleber Gellio)
Estudantes foram dispensados após morte de universitária nesta quarta-feira (Foto: Cleber Gellio)

A morte da acadêmica do curso de Arquitetura, Alana Cristina dos Santos, 18 anos, gerou indignação de muitos estudantes da Anhanguera Uniderp, localizada na rua Ceará, em Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (19). Com a jovem convulsionando e, em seguida desmaiada, eles ligaram para o socorro médico e reclamaram da demora no atendimento, além da falta de socorristas no local.

“O tempo de espera da chegada do socorro foi de 40 minutos. Nós tentamos ajudar, assim que ela falou que estava passando mal e começou a convulsionar, mas o professor chegou a falar para não ficar muita muvuca em cima dela, porque assim que acordasse, sentiria vergonha”, disse a acadêmica Katielly Pupin, de 18 anos, colega de sala da jovem que morreu.

Outra acadêmica da sala, que pediu para não ser identificada, falou sobre a falta de socorristas na unidade. “Demorou um tempo para chegarem duas profissionais da Policlínica, sendo que deveríamos ter um médico de plantão. É uma universidade onde milhares de estudantes passam diariamente, um absurdo acontecer isso”, lamenta a estudante.

Amiga da mesma igreja que a jovem frequenta, a Congregação Cristã do Brasil, no bairro Coronel Antonino, Juliana Leite, 22, contou que Alana sentia dores há algum tempo. “A mãe acabou de dizer lá dentro que ela reclamava de dores no peito, que fez vários exames na rede pública e nada foi diagnosticado”, relatou. A mulher ainda teria dito que ia guardar dinheiro para levar a filha a um médico particular, pois Alana manteve a reclamação de dores no peito.

Continuidade na aula - Enquanto a jovem era atendida, a aula de geometria descritiva prosseguiu, conforme os estudantes. “O professor primeiro questionou se ela tinha plano de saúde e, depois que o socorro chegou, vi eles buscarem oxigênio duas vezes. Como ela não voltava, mandaram que a gente saísse da sala”, afirmou Katielly.

Chamado – Segundo o coordenador do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), André Barros, Alana recebeu o atendimento de um socorrista e uma técnica de enfermagem. “Nós colocamos esse atendimento no código máximo de prioridade, antes mesmo da segunda ligação em que a pessoa falava sobre a situação dela, corroborando a consciência. Então tudo o que tinha necessidade foi feito”, disse o profissional em entrevista.

Familiares da jovem que morreu se desesperam em posto de saúde (Foto: Cleber Gellio)
Familiares da jovem que morreu se desesperam em posto de saúde (Foto: Cleber Gellio)

Segundo a assessoria, o relatório vai verificar itens como o horário da ligação e o tempo de socorro. A Sesau lamenta a morte. Por coincidência, o novo titular da Sesau, Jamal Salém (PR), estava na instituição de ensino. “Estava em uma reunião no prédio da Uniderp e vi o Samu atendendo essa moça”, comentou, durante entrevista coletiva.

Sindicância – Neste mês, a Sesau abriu sindicância para apurar o procedimento do serviço no pedido de atendimento para um menino de 8 anos. A família de Heber Caio Ribeiro relata que ligou para o Samu e Corpo de Bombeiros.

O Samu classificou que o caso não era grave. Já os bombeiros informaram não dispor de viatura. O menino foi levado por vizinhos ao posto de saúde do Tiradentes, mas morreu vítima de choque anafilático.

Pró-reitor da Uniderp, Ivo Busato afirmou que são 14 mil estudantes diariamente na unidade da rua Ceará e que foi o primeiro caso de morte. “É rotineiro ter casos de estudantes que passam mal e são levados para hospital, mas nunca nessa gravidade. Infelizmente, foi uma fatalidade”, disse. As aulas voltam ao normal amanhã.

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