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Capital

Agente federal demitido fala de prova forjada e falsas operações da PF

Viviane Oliveira | 08/05/2011 07:00

Valdemir Ribeiro Albuquerque, um dos quatro agentes demitidos ontem (6), por retirar material sigiloso do Presídio Federal de Campo Grande e divulgado informações sem autorização, contra-ataca e afirma que as provas foram forjadas para beneficiar duas pessoas, a administração do presídio na época e o juiz Odilon Oliveira.

Em entrevista ao Campo Grande News, Valdemir disse que o que aconteceu foi uma grande "covardia". "As autoridades preferiram demitir quatro agentes ao invés de fazer as investigações necessárias", reclamou sobre escutas ilegais denunciadas em 2008.

“Estamos sendo demitidos porque fizemos uma denúncia sobre as câmeras”, afirma. O Ministério da Justiça alega que os 4 foram demitidos porque retiram cópias das gravações da unidade penal e divulgaram o conteúdo.

Ele garante que tudo não passou de armação feita por delegado da Policia Federal e de agente penitenciário. Depois que a denúncia foi feita, Valdemir diz que o servidor foi infiltrado no grupo de agentes pelo delegado, para criar provas contra os denunciantes.

Segundo Valdemir, o interresse do policial federal era de ocupar o lugar do Delegado Wilson Sales Damázio, na época diretor do sistema Penitenciário, por isso o interesse.

“Esse agente começou a fazer uma agitação para que as imagens fossem vendidas para a revista Veja”.

A conversa foi gravada por um dos agentes. Quando o áudio veio a público, o servidor supostamente infiltrado teria dito que foi a mando do delegado. Em depoimento, o delegado teria confirmado a versão do servidor.

“É uma história muito complexa, eu fui traído pela administração por ser uma pessoa honesta", afirma o ex-agente.

Sobre ter retirado as imagens do presídio e ter divulgado, ele se defende. “Na minha defesa eu provei que era impossível ter tirado essas imagens de lá, porque no dia tinha eu tinha uma consulta médica e no outro dia eu estava de férias”.

Operações falsas - Valdemir acredita que existem indícios de operações forjadas, envolvendo a Polícia Federal e questiona o que de verdade levou as gravações, motivo ainda não explicado de forma verdadeira, avalia.

“Tinha um objetivo por trás disso, como a falsa operação X em 2009 e o falso ataque que ocorreu na penitenciária em 2008”, relata sobre tiros disparados contra o presídio há 3 anos e suposto plano descoberto pela PF depois, encabeçado por Fernandinho Beira Mar e Juan Carlos Abadia.

Segundo ele, o objetivo era atribuir plano de atentado a autoridades aos traficantes Beira-Mar e Abadia, para justificar as escutas que já haviam sido descobertas e "segurar os dois aqui, porque têm muito dinheiro".

“Tudo isso foi uma farsa, eu pergunto ao juiz Odilon qual foi o advogado preso de Fernandinho durante a operação X, por passar informação dos presos para as quadrilhas em liberdade que planejavam o sequestro do filho do presidente Lula”, questiona Valdemir, sobre justificativa dada pelo Justiça Federal para as instalações das câmeras no parlatório e na sala íntima.

Na época, a PF informou que Beira-Mar e Abadia chegaram a ser levados para a sede da Polícia Federal para depoimento sobre o suposto plano. Depois, foi divulgado que escutas telefônicas e relatórios de observações de presos, que se comunicavam por mímicas, seriam avaliadas para verificar o envolvimento de policiais e agentes nas ações do grupo.

Na operação, também foram envolvidos os assaltantes José Reinaldo Girotti, João Paulo Barbosa, também presos na unidade federal, além de Ivana Pereira de Sá (ex-mulher de Beira-Mar), Leandro Oliveira dos Santos, Leonice de Oliveira e o advogado de Girotti, Vladimir Búlgaro.

O que causou estranheza na época, foi o fato de Abadia e Beira-Mar serem ligados pela PF ao tal plano, apesar de não haver notícia anterior sobre qualquer relação entre os grupos dos traficantes.

Valdemir também ataca o juiz Odilon e diz que ele "mente quando respondeu a OAB que não sabia da existência de câmeras na sala íntima".

“Se ele não sabia, porque não mandou investigar a partir do momento que ficou sabendo das câmeras.”

Ele conta que já esperava a demissão. “Durante a instrução do processo administrativo a comissão do PAD (Processo Administrativo Disciplinar) retirou vários trechos de depoimentos que incriminava a administração”, finalizou.

Os quatro agentes exonerados vão recorrer da decisão.

O MInistério Público Federal foi procurado, mas a assessoria diz que o órgão não falará sobre o assunto.

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