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Capital

"Agora é contabilizar prejuízo”, diz morador que teve casa e carro alagados

Após perder mais uma noite de sono por conta da chuva, família pede ajuda com doações para recomeçar a vida em outro local

Alana Portela, Bruna Marques e Paula Maciulevicius Brasil | 15/02/2021 09:05

Desespero e aflição toma conta do vigilante, Manoel Carlos Guerreiro Júnior que teve a casa novamente tomada pela água da chuva após temporal de ontem (14), em Campo Grande. Ele mora no Residencial Guaicurus II, que fica em frente da Avenida Guaicurus, localizado no bairro Jardim Monumento. Agora já mais calmo, resta somar o prejuízo.

“Perdemos tudo, agora é contabilizar o prejuízo.  Essa foi a quinta vez que tivemos a casa invadida e a segunda que perdemos tudo que construímos”, declara. Aos 35 anos, Manoel relata que toda vez que chove na região sul da Capital é um drama diferente, a aflição toma conta da família que até calço de 60 centímetros já tinha colocado na porta da frente para que a água não invadisse a residência, mas nem isso resolveu.

Tudo começou após a Avenida Guaicurus ficar alagada e a enxurrada arrastar o portão do Residencial Guaicurus I. A força correnteza fez o muro desabar, fazendo com que a água invadisse o Residencial Guaicurus II, onde 8 das 19 casas foram atingidas, dentre elas a de Manoel.


No local, além do vigilante, também mora a esposa Walquiria Guerreiro, 37 anos, e os filhos, bebê um ano e outra criança de 9. Manoel recorda que chuva começou por volta das 18h30 e só deu tempo de tirar os filhos da casa. “Foi rápido. A vizinha levou as crianças pra a casa dela e quatro minutos depois até o carro que estava na garagem tinha sido tomado pela água”.

A água subiu cerca de 1, 45 metros de altura, fazendo os móveis e até o veículo Peugeot flutuarem. “O carro deu perda total. Perdemos sofá, geladeira, cômoda, freezer, roupas e até a porta do quarto que é de madeira, quebrou ao meio com a pressão da água”, conta Manoel.

Cansado de perder o sono toda vez que o tempo muda, ele agora pretende recomeçar do zero com a família em outro local e pede ajuda. “Vamos procurar uma casa para alugar porque não dá para pagar a prestação de R$ 1,5 mil e continuar assim. Doações serão bem-vinda”.

Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Juliana Ferreira de Aquino é síndica do condomínio e relata o desespero de ver a água entrando toda vez. “Não tem muito o que fazer. A gente tenta ajudar um vizinho, mas o outro tá pior ainda. A chuva veio muito rápido”.

O problema é corriqueiro e fez os moradores até criarem uma regra para evitar alagamento. “Ninguém entra e ninguém sai. Devido ao último alagamento, colocamos uma trava no portão pequeno e o grande desliga automaticamente, para evitar que abram. É a única forma de proteção que encontramos”.

Revoltada com a situação, a síndica cobra uma medida do poder público. “É algo que não depende do condomínio. A Avenida Guaicurus alaga, e a água não tem para onde escorrer. Os bairros do entorno não têm projeto de drenagem. Já procuramos a secretaria de Obras do município que diz não ter verba para fazer nada”.

Contato - Quem quiser ajudar a família de Manoel pode entrar em contato pelo telefone (67) 9 91974645.


Mais prejuízo - Professor, Anderson Martins, de 39 anos, perdeu tudo, de carro até roupas a ponto de não ter o que vestir para ir dormir na casa da mãe. Há três anos ele mora no Residencial Guaicurus 1 sozinho e esta é a segunda vez que ele vê a casa alagada deste jeito.

Roupas, pneu e lençol sobre a cama que está dentro do quarto sujo de lama. (Foto: Marcos Maluf)
Roupas, pneu e lençol sobre a cama que está dentro do quarto sujo de lama. (Foto: Marcos Maluf)

No momento da chuva, Anderson estava em casa quando viu que a situação era grave. "Eu achei que a chuva ia parar, mas a hora que vi, estava enchendo tudo. Não quis arriscar sair de carro, peguei minha gata e saí correndo para cima", descreve.

O carro, um Renault Clio que ficou na garagem provavelmente nem terá conserto. "Entrou água no motor, perdi tudo. Carro, guarda-roupa, cama, sofá, TV, geladeira, máquina de lavar, todas as minhas roupas", lamenta.

Até o motor do carro ficou sujo de lama. (Foto: Marcos Maluf)
Até o motor do carro ficou sujo de lama. (Foto: Marcos Maluf)

Anderson passou a noite na casa da mãe e só voltou pela manhã de hoje ao residencial. "Eu não tinha nem roupa para poder sair e ir para a casa da minha mãe. Agora pretendo entrar com liminar para poder pagar de pagar aqui e alugar uma casa", diz.

A primeira chuva forte que alagou a casa de Anderson aconteceu em outubro de 2019, à época ele entrou na Justiça e alega não ter recebido nada até hoje. Para a construtora, ele conta que paga cerca de R$ 400 e mais R$ 500 de financiamento. "Quero sair daqui, não adianta mais comprar as coisas para por aqui dentro, porque na próxima chuva vai inundar e estragar de novo. Deveria ser feito escoamento aqui e na Avenida Guaicurus a prefeitura tem que ver para fazer alguma coisa", acredita.

Hoje, o sentimento é de tristeza e cansaço que faz com que Anderson queira deixar tudo para trás. "Da primeira vez eu ainda limpei, agora nem ânimo eu tenho, a vontade é de largar tudo e ir para outro lugar".

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