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Capital

Ainda sem acordo, catadores dizem que vão esperar mais uma semana

Natalia Yahn | 29/03/2016 16:47
Rodrigo Leão, principal representante dos catadores, durante a reunião com o MPT (Ministério Público do Trabalho) na segunda-feira (28). (Foto: Fernando Antunes)
Rodrigo Leão, principal representante dos catadores, durante a reunião com o MPT (Ministério Público do Trabalho) na segunda-feira (28). (Foto: Fernando Antunes)

Ainda sem previsão de voltarem a trabalhar no lixão de Campo Grande, os catadores afirmam que vão esperar mais uma semana para que o caso seja solucionado. Durante reunião realizada hoje (29), a Defensoria Pública e o prefeito Alcides Bernal (PP), teriam se comprometido a pedir a reabertura da área de transição do lixão.

“Vai depender do juiz deferir ou não o pedido. Queremos continuar trabalhando na área de transição, onde a gente já estava, porque na UTR (Usina de Triagem de Resíduos) simplesmente não tem material. Na visão dos catadores é a solução, porque ampliar a coleta seletiva não nos atende. Vamos esperar mais uma semana, acho que neste tempo vai estar tudo resolvido”, afirma Rodrigo Leão Marques, principal representante dos catadores.

As reuniões, que aconteceram na manhã e no início da tarde desta terça-feira, resultaram em promessas da Defensoria e da Prefeitura, que mais uma vez afirmou que irá tentar reabrir o lixão. No início do mês a Justiça indeferiu o pedido da prefeitura de Campo Grande para prorrogar por 30 dias o fechamento do lixão. Na decisão, divulgada no dia 3 de março o juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Marcelo Ivo de Oliveira, manteve a determinação que proíbe o acesso dos catadores de material reciclável na área de transição do lixão desde 28 de fevereiro.

A prefeitura, que fez solicitação no dia 29 de fevereiro, informou que o prazo era para criar um plano de ação, em atendimento aos catadores autônomos que perderam a fonte de renda. Contudo, a Defensoria Pública e o MPE (Ministério Público do Estado) foram contras o pedido para reabrir o lixão. Ambos alegaram o risco para a saúde dos trabalhadores e que o fechamento já era de conhecimento prévio.

Outros trabalhadores, que se autodenominam recicladores, dizem que foram mal tratados pelo defensor público do caso, Amarildo Cabral. “Tratou nós como cachorro. Gritou com a gente”, disse um catador, que pediu para não ter o nome divulgado.

“O Paulo Douglas (procurador do Trabalho) está advogado a favor da Solurb, ao invés ficar do lado dos catadores, defender a gente. Estão praticamente metendo uma arma na nossa cabeça e tirando o que é nosso. Nós sabemos ser agentes ecológicos, é o que somos, não queremos varrer rua, correr atrás de caminhão”, disse. 

Marques também afirma que não tem interesse em trabalhar para a Solurb. “Desde quando essa empresa entrou eu luto contra ela. A única coisa que não vou fazer é trabalhar para a Solurb”.

Histório - Em 2012, a Defensora Pública entrou com ação civil pública e obteve liminar para permitir acesso dos catadores ao lixão, que poderiam fazer a coleta dos recicláveis no local denominado área de transição. A medida deveria valer até a inauguração da UTR (Usina de Triagem de Resíduos), que aconteceu em agosto do ano passado. Com a ativação da usina, o consórcio CG Solurb, que faz a coleta do lixo na cidade, solicitou a proibição do acesso, que foi concretizada no dia 28 de fevereiro.

Desde então catadores fizeram uma série de bloqueios na BR-262, em frente ao lixão, no bairro Dom Antônio Barbosa, como forma de protesto. Eles alegam que a usina, atualmente com 88 pessoas, não comporta as mais de 700 pessoas que têm o lixo como fonte de renda. 

A Solurb informa que a UTR pode receber os autônomos, desde que se organizem em cooperativas. Conforme dados apresentados pela empresa no processo, são 727 catadores registrados no lixão. Contudo, somente 457 solicitaram o cadastro e têm carteira de acesso. Outros 180 cadastrados nunca trabalharam no local.

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