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Capital

Além de transtornos aos alunos, greve na Reme castiga as famílias pobres

Filipe Prado | 07/11/2014 16:32
A greve começou na quinta-feira (6) e não tem prazo para acabar (Foto: Marcelo Calazans)
A greve começou na quinta-feira (6) e não tem prazo para acabar (Foto: Marcelo Calazans)

Os pais dos alunos das escolas municipais de Campo Grande estão revoltados com a greve, iniciada quinta-feira (6), dos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino). Além dos prejuízos educacionais e reposição de aulas, que pode estender o ano letivo até janeiro, eles reclamaram dos transtornos causados e dos gastos ocorridos pela paralisação, que não tem prazo para o fim.

Das 96 escolas da rede, 66 aderiram à greve, ou seja, 75%, de acordo com o presidente da ACP (Associação Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), Geraldo Gonçalves. A Escola Municipal Professora Oliva Enciso, no Bairro Tiradentes, foi uma delas.

A ajudante de Elizabete Rodrigues, 32 anos, revelou que os dois filhos estão sem aulas e agora precisam ficar em casa. Ela disse que consegue conciliar o trabalho com o cuidado com os filhos, mas reclamou que muitas mães não conseguem. “Elas tem que pagar babás ou creches para os filhos ficarem”, contou.

Como é o caso da cozinheira Geovani Jesus Areco, 38. Com a paralisação, ela precisa pagar R$ 100 por mês para uma pessoa cuidar de seu filho. “É um dinheiro que poderia pagar uma conta de luz, água e roupas para ele”, advertiu.

Além do dinheiro, a cozinheira se preocupou com os estudos do filho. “Ele falta à aula e acho que vai ser ruim para ele passar de ano”, comentou Geovani.

A comerciante Alberta Romeiro, 52, alertou para a má educação dos estudantes da rede municipal, principalmente com a grande quantidade de paralisações e feriados que ocorreram durante este ano. “Vai aprender o que? Com este monte de greve. Agora, quando voltar da greve, será pior, por que vão continuar sem saber nada”, apontou.

Elizabete afirmou que muitas mães precisam pagar para que cuidem dos filhos (Foto: Pedro Peralta)
Elizabete afirmou que muitas mães precisam pagar para que cuidem dos filhos (Foto: Pedro Peralta)
Como Geovani, que precisa pagar R$ 100 para uma babá (Foto: Pedro Peralta)
Como Geovani, que precisa pagar R$ 100 para uma babá (Foto: Pedro Peralta)

Por conta dos transtornos, os pais cobraram uma solução imediata do Prefeito Gilmar Olarte (PP). “Deveriam resolver isso logo”, aconselhou a cozinheira.

Greve – Os professores realizaram uma passeata, da sede da ACP até a prefeitura, para que uma comissão, de vereadores e diretores da associação, se reunissem com o prefeito, que não foi até o encontro para poder da um entrevista ao vivo para um programa de televisão.

De acordo com o presidente da ACP, Olarte marcou uma reunião para atendê-los neste sábado (8), às 9h. Conforme o representante, a categoria se reúne na tarde de hoje (7) e na próxima segunda-feira, dia 10, às 8h30, uma nova assembleia será convocada para analisar a eventual proposta de Olarte.

O reajuste de 8,46% vai elevar a remuneração por 20 horas ao piso nacional da categoria. O impacto estimado na folha de pagamento é de R$ 3,3 milhões.

Levantamento feito pela Semad (Secretaria Municipal de Administração) aponta que os professores da rede municipal de ensino da Capital, com curso superior, têm atualmente uma média salarial de aproximadamente R$ 2,9 mil, valor 76% superior ao piso nacional da categoria, até 40h, fixado em R$ 1.697 para o nível médio.

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