Alvo de duas operações da PF, HU tem aparelho encaixotado há cinco anos
Obra de sala para colocar equipamento deve começar em fevereiro, ao custo de R$ 1,2 milhão
Fonte perpétua de reclamações por falta de recursos, a saúde pública guarda surpresas, como a de uma aparelho de hemodinâmica, que está encaixotado há cinco anos no depósito do HU (Hospital Universitário) de Campo Grande. Também desde 2013, o hospital foi avo de duas operações da PF (Polícia Federal) sobre fraudes, sendo a última no dia 25 de janeiro.
Protagonista da saga, o aparelho realiza diagnósticos e procedimentos terapêuticos utilizando a técnica do cateterismo e custou R$ 1 milhão. Contudo, ficou no depósito por não ter uma sala adequada. Problema que tem previsão de ser resolvidos no prazo de seis meses.
Conforme a assessoria de imprensa do HU, foi feita a licitação para a nova sala de hemodinâmica e a ordem ser serviço deve ser entregue em fevereiro, com prazo de 180 dias para obra. A vencedora foi a empresa WA Arquitetura Eireli, com valor de R$ 1.272.464,09.
O hospital segue com um aparelho de hemodinâmica em funcionamento. O HU fica no campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e é administrado pela Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
Autor da emenda parlamentar que resultou na compra do equipamento, o deputado federal Geraldo Resende (PSDB) afirma que o valor atualizado do aparelho é de R$ 1,3 milhão e foi preciso acordo com a fabricante para estender a garantia. “Foi entregue há mais de cinco anos e poderia ter atendido centenas e centenas de pacientes”, afirma. Segundo ele, primeiro as caixas ficaram no corredor. A situação foi denunciada pelo deputado ao MPF (Ministério Público Federal).
Again – Na última quinta-feira (dia 25), a PF e a CGU (Controladoria-Geral da União) deflagraram a operação Again, que apura fraudes em licitações no HU e no HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian, com prejuízo de R$ 3,2 milhões.
A PF apura a ligação entre o cardiologista Mércule Pedro Paulista Cavalcante, autoridade máxima no setor de hemodinâmica do HU, e do empresário Pablo Augusto de Souza Figueiredo, dono da Amplimed, que tem sede no Pará.
É investigado pagamento de viagens e veículos de luxo (com valor acima de R$ 200 mil) pela empresa ao médico. Os 20 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande, Dourados e Belém (Pará). As equipes passaram pelo HU, HR, em um condomínio de luxo, nas empresas Amplimed e QL Med. Segundo a investigação, não há envolvimento da direção dos hospitais.
A Amplimed e QL Med são fornecedoras de stents, utilizados em procedimentos cardíacos, e apontadas como vencedoras de licitações fraudadas. Em março de 2013, a operação Sangue Frio apontou o desmonte da rede pública, no setor de radioterapia, para atender interesses privados.