Instituto aposta em luzes coloridas, câmeras e ida a escolas para afastar onças
Cinco comunidades do Pantanal sul-mato-grossense estão temendo aproximação dos felinos
Onças andam se aproximando de casas e assustando moradores de cinco comunidades do Pantanal de Mato Grosso do Sul, sendo quatro ribeirinhas e uma indígena. Aqui o Campo Grande News trouxe relatos da Barra do São Lourenço, onde vivem cerca de 60 pessoas.
RESUMO
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Onças-pintadas têm se aproximado de cinco comunidades no Pantanal sul-mato-grossense, causando preocupação entre os moradores. O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) instalou câmeras de monitoramento e refletores luminosos para afastar os animais das residências. A aproximação dos felinos pode estar relacionada às cheias menos intensas e aos incêndios florestais que devastaram o bioma nos últimos anos. O IHP iniciou um trabalho de educação ambiental nas escolas, orientando sobre a convivência segura com as onças e outros predadores silvestres.
O ser humano não faz parte do cardápio dos felinos. Ainda assim, esse comportamento é sinal de alteração nos hábitos dos animais e pode representar um risco. Exemplo trágico recente foi a morte Jorginho, caseiro atacado por onça-pintada em área com histórico de ceva.
Os pantaneiros rodeados pelos felinos pediram ajuda ao IHP (Instituto Homem Pantaneiro), ONG que está identificando as causas desse comportamento, trabalhando em medidas para prevenir eventuais ataques e educando para a convivência com as onças.
As outras comunidades além da Barra do São Lourenço onde paira a preocupação são a Castelo, a do Paraguai Mirim, a do Aterro do Binega e a da Serra do Amolar, onde vivem indígenas guatós.
Câmeras e "giroflex" - Bióloga e coordenadora técnica de projetos do instituto, Grasiela Porfírio explica que a equipe instalou câmeras para monitorar os animais e seu comportamento. Um mês de arquivos em vídeos será o suficiente para uma primeira análise. "A gente quer entender se é uma onça, se é mais uma e que horas animais costumam transitar mais por aqueles trechos", explica.
Outra medida temporária foi colocar refletores luminosos próximos às casas, espécie de giroflex capaz de afastar os felinos por um tempo. Eles são movidos a energia solar e ligam automaticamente à noite, emitindo luzes coloridas em diferentes intensidades e intervalos. "Existem evidências científicas de que isso auxilia a repelir os animais ali da área por um tempo e não causa danos à visão deles. Com o tempo, assimilam que aquilo ali não vai oferecer um risco para e acabam acostumando", continua a bióloga.
Até o momento, a aproximação não causou prejuízos fora a perda de galinhas e cães que passaram a noite do lado de fora. Isso não é uma novidade, segundo Grasiela, mas está acontecendo mais vezes do que o normal.
Diretor do IHP, Ângelo Rabelo afirma que relatos de aproximação à área urbana de Corumbá também estão chegando e sendo verificados.
Aposta na educação - Hoje (23), técnicos do IHP começam a visitar escolas para falar sobre convivência com as onças e outros animais silvestres predadores. A ideia é que alunos transmitam as orientações para as famílias e para as próximas gerações.
"Falamos para evitar aproximação, não oferecer alimento, tentar manter o ambiente bastante iluminado no período da noite, não deixar as crianças sozinhas, recolher os animais de criação e manter em local protegido", diz a coordenadora.
Não deixar resíduos orgânicos no quintal e deixar lixeiras tampadas é outra recomendação importante.
Se alguém ver uma onça, a reação ensinada é procurar ao redor um local seguro, se afastar com calma e depois correr para avisar funcionários de escolas e diretamente a PMA (Polícia Militar Ambiental).
As orientações foram retiradas de protocolos de coexistência adaptados à realidade do Pantanal, segundo o IHP.
Cheia, incêndio - A ONG avalia que cheias menos intensas e incêndios florestais que devastaram o bioma nos últimos anos, destruindo habitat de animais e carbonizando presas, explicam o comportamento atípico das onças na região.
"Essas onças aparecem mais no período da cheia. A comunidade ali fica numa área mais alta, mais seca, que pode ser procurada pelas onças em busca de comida", diz Grasiela.
Quanto aos incêndios, a bióloga vê que serviram de "moduladores da área de vida das onças", que são territorialistas e não costumam mudar. Mas, tentando fugir do fogo e sem a oferta de presas, elas acabaram tendo que procurar outros espaços. Dessa forma é que as comunidades, seguras dos incêndios, acabam chamando a atenção dos felinos.
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