Aumento de R$ 0,10 na passagem revolta quem anda de ônibus na Capital
O decreto com o reajuste foi publicado hoje no Diário Oficial de Campo Grande e passa a valer nesta quarta-feira (30)
"Se aumentasse, mas o valor fosse condizente com o serviço, ok. Mas aqui os ônibus demoram muito, estão sempre lotados, quando chove, tem infiltração. Eu já peguei até barata. Então, assim, não vale à pena". O desabafo é da jornalista Aline Lira, de 31 anos, sobre o aumento de R$ 0,10 na tarifa de ônibus já válido a partir de amanhã.
Com o acréscimo, a passagem que custava R$ 4,10 vai para R$ 4,20. A mudança no preço não surpreendeu ninguém que no Peg Fácil da Avenida Afonso Pena, entre as ruas 13 de Maio e 14 de Julho já lamentavam o quanto vai pesar no bolso.
A Aline, que abre a reportagem, mora no Bairro Nova Lima e pega quatro ônibus diariamente. Para ela, se aumentassem e fizessem tudo o que foi prometido, os passageiros pagariam sem reclamar tanto. "Sou totalmente contra, só deveria aumentar depois que cumprirem e melhorarem o prometido. Já passou o tempo de rever esses contratos e colocar outra empresa para comandar", declara.
O decreto com o reajuste foi publicado hoje no Diário Oficial de Campo Grande e passa a valer nesta quarta-feira (30). O reajuste, segundo o diretor-presidente da Agereg (Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos), Vinícius Leite Campos, está abaixo do calculado na última reunião do Conselho de Regulação, quando foi apresentado o valor de R$ 4,42, calculado com a inclusão do ISS (Imposto sobre Serviço) como despesa do Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo de Campo Grande.
No entanto, o decreto não levou em conta a inclusão do imposto por orientação jurídica, já que esse tributo está sendo questionado em ação judicial. O Consórcio Guaicurus falou que mesmo se tivesse ficado em R$ 4,42, o valor não estaria condizente com o acordado no contrato, que estabelece a manutenção do equilíbrio financeiro.
Empregada doméstica, Maria de Fátima da Silva, de 55 anos, mora no Bairro Nova Lima e precisa pegar três ônibus para ir e voltar do trabalho. "É desumano o que fazem com a gente. Os ônibus são demorados, sujos, está muito cara a passagem. É lotado e sobrecarrega os motoristas, chega a ser um desrespeito com os profissionais que são tão vítimas quanto a gente", comenta.
No dia a dia ela conta já ter presenciado xingamentos dos passageiros direcionados ao motorista por não parar ou então quando precisa ajudar um passageiro cadeirante a subir, já que nem sempre os elevadores funcionam. "Estou cansada de ver motorista pedir ajuda pra por cadeira. O ônibus, quando não para, o povo xinga motorista. Se atrasa, coloca a culpa no motorista. É a gente que sofre no dia a dia, às vezes até deixo de fazer as coisas pra não ter que pegar ônibus", pontua.
Dona de casa, Beatriz Aparecida Inácio, de 30 anos, mora no Bairro Chácara das Mansões e quando precisa vir ao Centro pega dois ônibus. "Sempre tenho que trazer a minha filha, então são quatro tarifas. É um roubo. Estava indo tudo bem até reelegerem o prefeito e isso vai acabar com o trabalhador, com as pessoas que precisam. Pra quem não tem nem R$ 4,10, os R$ 0,10 é muito. É um absurdo, um preço abusivo pra uma situação tão feia", reclama.