Caro e mais lento até do que bicicleta, ônibus perde 28% dos passageiros
A população em Campo Grande está deixando de usar o transporte coletivo e migrando para outros meios de transporte. De 1998 a 2012, houve uma queda de 28% no número de passageiros que utilizam o ônibus como locomoção. Estes dados foram repassados pela Agetran (Agencia Municipal de Transporte e Trânsito).
Em 1998, em média 255.662 pessoas utilizavam o ônibus por dia na Capital, que representava 38,5% da população na época. Já em 2012, a média foi de 219 mil passageiros, apenas 27% dos moradores. “Não é que o ônibus não seja confiável ou inseguro, é que em uma viagem que iria demorar 20 minutos, o passageiro leva 40 minutos para finalizar, isto é culpa do trânsito que está caótico, sem qualquer planejamento, a nossa estrutura não suporta o fluxo de veículos na atualidade”, afirmou João Rezende, presidente da Assetur (Associação das Empresas de Transporte Público de Campo Grande).
Já o presidente do Fórum da Cidadania, Haroldo Borralho, destacou que vários fatores, tanto na economia como no trânsito, explicam esta “queda”. Ele ressaltou que houve um aumento na aquisição de carros e motos devido às facilidades para realizar esta compra, seja por meio de parcelas ou incentivos fiscais. “Hoje a oportunidade para se comprar uma motocicleta e um carro zero são enormes, diferente dos tempos antigos”, apontou.
Haroldo ainda salientou que neste transito cada vez mais “concorrido”, os ônibus se tornaram mais lentos e as viagens mais demoradas. “Tudo está mais devagar, o passageiro prefere utilizar um transporte que seja mais eficiente, a velocidade dos ônibus diminui a cada ano, por isso esta diminuição”, ressaltou.
Borralho aposta que a implantação de corredores de ônibus, além da redução na tarifa do transporte coletivo, deve “incentivar” a população a voltar a utilizar este meio de transporte, pois facilita o percurso e ainda se torna mais viável. “A prefeitura terá R$ 180 milhões disponíveis do PAC da Mobilidade para investir na cidade, se fizer de maneira correta o resultado será positivo”, apontou.
Usuários – O jornalista Uirá Ramos ressaltou que prefere utilizar o carro ao ônibus porque este tem um trajeto definido e que o tempo do percurso é maior. “Com o veículo podemos desviar e escolher trajetos mais acessíveis”, afirmou. Ele não foi o único a trocar o coletivo pelo transporte individual.
Segundo o Detran (Departamento Estadual de Trânsito), a frota na Capital cresceu 90% nos últimos oito anos, de 240,6 mil, em 2005, para 457,1 mil em maio deste ano.
Já o pedreiro Odair da Silva destaca que demora metade do tempo para chegar ao centro da cidade utilizando sua bicicleta. “De ônibus eu demoro 30 minutos do bairro Tiradentes até o centro, de bicicleta faço em 15 minutos, muito mais prático”, descreveu.
O incentivo também vem da construção de ciclovias na Capital. Atualmente, são quase 90 quilômetros de ciclovias construídas. A Prefeitura deve ampliar o espaço destinado aos ciclistas quando as novas obras, como a revitalização da Avenida Ernesto Geisel, foram realizadas, já que o projeto deixado pelo ex-prefeito Nelson Trad Filho (PMDB) prevê a construção de ciclovia nas margens do rio Anhanduí, entre os bairros Coophama e Aero Rancho.
Jorge Souza, office boy, afirmou que preferiu trocar o ônibus pela moto pelo tempo de corrida e pelo fato da motocicleta ser mais “econômica”. “Gasto menos colocando gasolina na moto do que pagando a tarifa do transporte coletivo”, indicou. Meire Rodrigues, fonoaudióloga, argumentou que a falta de condições adequadas e a lotação no horário de pico também a afastam dos ônibus. “Levo menos tempo para chegar em melhores condições de carro”.