Castração de cães e gatos a R$ 50 terminava com animais sem pontos cirúrgicos
Estabelecimento no Bairro Universitário vai responder administrativamente por mutirão irregular
Ao menor preço, cuidado! Proprietários de cães e gatos denunciaram uma clínica veterinária localizada na Rua Francisco dos Anjos, no Bairro Universitário, em Campo Grande, após os animais voltarem da castração com os pontos cirúrgicos soltos.
O valor cobrado pela campanha de esterilização era bem abaixo do praticado no mercado. Para pets machos, era cobrado apenas R$ 50 e fêmeas, o valor era de R$ 100. Segundo o CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária), o procedimento custa a partir de R$ 300 na Capital.
“Quando é muito barato, o proprietário precisa desconfiar se existe falta de boas práticas, protocolo e estrutura adequada. Abrimos procedimento administrativo contra a clínica e os profissionais podem sofrer processo ético”, explicou o presidente do conselho em Mato Grosso do Sul, Rodrigo Piva.
Ele também explica que projetos que garantam mutirão de castração de empresas privadas não são autorizados. Apenas a saúde pública pode realizar esse tipo de serviço gratuito. Enquanto a clínica não se regularizar das irregularidades encontradas, o serviço não poderá ser retomado.
A suspeita era que os médicos-veterinários operavam em uma única mesa cirúrgica, dois animais ao mesmo tempo. Outro fato que chamou a atenção, é que dezenas de animais aguardavam o “mutirão de castração” em local inadequado, sem levar em consideração o bem-estar dos animais.
Durante a fiscalização, também foi observado que não eram realizadas orientações pré-operatórias, muito menos recomendações aos tutores sobre os cuidados pós operatórios. Não foi observado preenchimento de prontuário dos animais e termo de consentimento livre e esclarecido dos riscos anestésicos, cirúrgicos e autorização do procedimento pelo tutor.
Foi identificado que o projeto captava mais de 30 animais por dia para realização das castrações, o que não era suportado na lotação da clínica onde os procedimentos eram realizados. Isso significa que os responsáveis conseguiam lucrar até R$ 3 mil de uma vez.
O Procon (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor) também participou da fiscalização. Foram encontrados fios para sutura de diversos tipos e marcas com data de validade de 2012. Havia medicamento, Ivergard, por exemplo, vencido desde 2013 e agulhas cirúrgicas com vencimento em 2014.
Seringas e outros instrumentos para anestesia, no total de 62, além de vencidas, vários estavam expostos sobre a mesa de cirurgia onde, segundo os próprios funcionários da clínica, poderiam ser realizadas mais de uma intervenção simultânea. Também, entre os vencidos, foi encontrado oxigênio medicinal, gel anti-inflamatório e soro fisiológico.
Devido às irregularidades constatadas, os responsáveis pelo estabelecimento foram autuados e terão prazo para apresentarem defesa, devendo o Procon Estadual arbitrar multa independentemente do que for decidido pelo CRMV.