Catadores querem melhorias na estrutura da UTR para deixar lixão
Catadores que trabalham no lixão de Campo Grande cobram infraestrutura na UTR (Usina de Triagem de Resíduos) e pedem para continuar no aterro até que os problemas sejam resolvidos. O assunto continua gerando impasse e uma reunião entre a categoria, o MPT (Ministério Público do Trabalho), prefeitura e Solurb foi realizada nesta quinta-feira (19) para tentar um caminho que contorne a situação.
Hoje algumas cooperativas já estão trabalhando no espaço feito para processar o material da coleta seletiva. O problema é que elas alegam falta de espaço, local para guardar com segurança os produtos e esteiras.
O município, por outro lado, afirma não haver quaisquer problemas físicos que impeçam a ida de todos os catadores para o local. Porém, a diretora-presidente da Agereg (Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados de Campo Grande), Ritva Cecilia de Queiroz Garcia Vieira, concorda com o pedido de prazo para que os trabalhadores recebam capacitações sobre a atuação em cooperativas.
A Solurb, por conseguinte, tenta se eximir do problema e culpa os trabalhadores por uma série de irregularidades na área de transição, como a presença de crianças, entrada de pessoas não autorizadas, etc. O diretor da empresa, Élcio Terra, chegou a dizer que foram oferecidos cursos, mas nem todos se interessaram em participar. "Os problemas são criados pelos próprios catadores", disse no encontro.
O procurador do trabalho, Paulo Douglas, conduz o debate e tenta, a todo custo, encontrar uma solução que satisfaça, se não todos, a maioria. Com muita dificuldade, ele conseguiu trazer à tona os problemas concretos na UTR, pois a maioria dos que fizeram uso da palavra aproveitaram para reclamar do governo, falar de situações genéricas ou iniciaram amplas discussões sobre a lei e como ela deveria ser cumprida de forma ideal, como por exemplo entregar a coleta seletiva nas mãos dos catadores.
“A UTR não atende. Falta espaço e ampliação da coleta seletiva”, afirmou Rodrigo Leão Marques, 31 anos, um dos catadores presentes na reunião. Ele diz que está ciente de que a mudança para a usina com toda a certeza vai implicar em perda de ganhos, mas ele espera recuperar a renda a longo prazo e obter benefícios em qualidade de vida, só não quer trocar seis por meia dúzia.
Membros dos grupos que já estão atuando na triagem de resíduos concordaram e expuseram as falhas. Foi sugerido pelo procurador a construção de um galpão para cada uma das cooperativas onde elas pudessem armazenar os materiais processados, mas o município e a Solurb já sinalizaram negativamente quanto a isso.
O problema é existe uma ordem judicial para fechar o aterro e ele só está aberto por conta de um prazo dado para adequação da UTR.
Em dezembro de 2012, quando o então prefeito Nelson Trad inaugurou o aterro sanitário, a Defensoria Pública entrou na Justiça pedindo a manutenção dos catadores numa zona de transição ate que a Unidade de Tratamento ficasse pronta. Isto ocorreu quase só três anos depois, em agosto passado, quando então se estabeleceu um prazo de 60 a 90 dias para a desativação do lixão.