Chuva agrava situação em residencial problemático desde a inauguração
Com problemas desde a inauguração, o residencial Nelson Trad, complexo de 1.624 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida no bairro Jardim Carioca, há 20 dias é cenário de telhado destruído, moradias cobertas por lonas e medo dos moradores a cada vez que as nuvens se avolumam no céu num prenúncio de temporal.
No residencial Orquídea, que faz parte do conjunto de imóveis, Mateus, 4 anos, logo conta para reportagem que a chuva desceu pela parede.
Dentro da casa, paredes molhadas, cheiro de mofo e a preocupação da moradora Alexandra Curado Ribeiro, 35 anos, mãe do menino. Eles moram no térreo, mas o imóvel tem infiltrações por conta da chuva do último dia 2 de fevereiro, que levou parte da cobertura do bloco de apartamentos. O local foi coberto com lona e, desde então, aguarda conserto.
“Estou sendo muito prejudicada. Caiu bastante água do apartamento de cima”, relata a moradora. Na sala e nos dois quartos, as paredes apresentam manchas de umidade e mofo. Ela conta que a infiltração no quarto do filho vem desde dezembro de 2014, quando a família se mudou para o local.
A moradora acredita que o problema seja os hidrômetros instalados do outro lado da parede. “A Brookfield diz que usou material de primeira qualidade, mas acho que usou de quinta ”, reclama.
O complexo de apartamentos teve investimento de R$ 89,6 milhões, por meio de parceria entre governo federal, Estado e prefeitura de Campo Grande. Mas quem mora afirma que imperou a lógica de fazer casa para pobre morar. No local, na manhã desta terça-feira, uma equipe faz conserto nos telhados. A reclamação é de demora na execução do serviço, com bloco parcialmente descoberto há 20 dias.
Depois de sete anos na fila de espera da Agehab (Agência Estadual de Habitação) pela casa própria, Rosane Ossuna Barbosa, 44 anos, se mudou para o residencial no fim de 2015. Ela conta que a chuva descia pelas paredes. “Fiquei puxando a água. Mas tem casa que alagou porque estava fechada”, diz. Segundo ela, o conserto no bloco começou ontem.
Desde a entrega, cuja primeira etapa foi em junho de 2014, os moradores relatam problemas de infraestrutura. Um deles é o que chamam de cano invertido.
Se o vizinho “de cima” lava roupa, a água sai pelo ralo da lavanderia, que fica no mesmo cômodo da cozinha, do imóvel de baixo. O alagamento acontece no apartamento do casal Vandriéle Toledo Diniz, 27 anos, Vitor Silvestre, 28 anos.
O presente de Natal, já que se mudaram em 26 de dezembro de 2014, veio incompleto. Ele conta que o banheiro não tinha descarga e as portas não trancavam. No caso do banheiro, a explicação é de que a chave foi perdida durante a construção e foi preciso arrombar. As portas foram consertadas. “Mas demorou uns três meses para fazer os reparos”, diz Vitor.
Outro lado – Em nota, a Brookfield Incorporações informa que cinco frentes de trabalho já estão atuando no empreendimento para minimizar os impactos das chuvas e vendavais que ocasionaram os estragos no residencial, como o destelhamento de algumas unidades.
Ainda segundo a empresa, pelo menos 25% desses casos já foram resolvidos e a companhia continua trabalhando para solucionar os demais casos no menor espaço de tempo possível. Com relação aos problemas relatados de infiltrações, a companhia ressalta que também destacou uma equipe de assistência técnica para fazer os reparos e já vem realizando de forma gradativa o tratamento de fissuras, no entanto, o cronograma depende das condições climáticas para que esses reparos sejam feitos.