Com estoque em baixa, time do Operário doa sangue e incentiva torcida

Para motivar a torcida e a população de Campo Grande a serem mais solidárias, jogadores e a comissão técnica do Operário Futebol Clube participaram, na tarde desta segunda-feira (27), de um “Dia D” de doação de sangue no Hemosul, localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, região central da cidade.

A iniciativa surgiu de uma parceria entre o clube sul-mato-grossense e o Instituto Sangue Bom, com o objetivo de estimular doações no início do ano, período em que os estoques de sangue sofrem quedas acentuadas.

Nesta tarde, quatro jogadores compareceram ao Hemosul para doar sangue. Vitor Samargo, fisiologista e nutricionista do time, explicou que as doações foram escalonadas devido à recuperação pós-jogo. “Estamos jogando de quarta a domingo, com intervalos de 72 horas. Por isso, dividimos o grupo em pequenos grupos para evitar impacto na recuperação dos atletas”, destacou.

Entre os doadores estava o goleiro Élisson Rosa, que retomou as doações após o período de restrição por fazer tatuagem. “Nós, que temos saúde e praticamos esportes, devemos sempre doar, pois há pessoas que precisam”, afirmou.

Apesar da rotina intensa, o goleiro disse que o convite foi bem recebido por todos. "Tivemos uma partida desgastante ontem, embaixo do sol escaldante, e ainda treinamos hoje pela manhã. Mesmo assim, viemos com o coração aberto e felizes por ajudar", explica Élisson.

O lateral-direito Murilo Menecucci doou sangue pela primeira vez e aproveitou para se cadastrar como doador de medula óssea. “Janeiro é um mês em que as doações caem bastante. No futebol, buscamos levar mensagens como essa para além das quatro linhas”, disse. Apesar de ser sua primeira experiência, Murilo relatou tranquilidade e gratidão.

Ele também incentivou torcedores a fazerem o mesmo. “Se você é doador ou torcedor, venha doar. É muito importante. Aqui tem profissionais de qualidade, então não precisa ter medo", diz Murilo.

Estoques em baixa - O presidente do Instituto Sangue Bom, Carlos Alberto Rezende, mais conhecido como Professor Carlão, explica que a campanha “Solidariedade Não Tira Férias” surgiu devido à queda de doações de sangue nesta época do ano.

A coordenadora da Rede Hemosul, Marina Sawaba Torres, destaca que, para manter um bom estoque de sangue, o ideal seria receber entre 130 e 150 doações por dia. Na semana passada, o melhor dia de doação registrou apenas 110 bolsas coletadas.

No entanto, Marina explica que, no final do ano e no início de um novo ciclo, as doações sempre diminuem. Do meio para o fim da semana, a queda é ainda mais significativa, chegando a 60% ou 70%. Atualmente, o estoque está em apenas 40% do ideal, sendo os tipos sanguíneos O+ e O- os mais urgentes.

“Com as festas de fim de ano e as férias, muitas pessoas viajam, e o consumo de bebida alcoólica aumenta. Por conta disso, muitos doadores ficam temporariamente inaptos, e aqueles que estão fora da cidade deixam de doar. Essa baixa no estoque é extremamente preocupante”, explica Marina.

Ela reforça que ações como essa são fundamentais para atender à demanda crescente, especialmente de pacientes crônicos que dependem de transfusões regularmente.

Para enfrentar o problema, Carlão afirma que o instituto tem buscado apoio de parceiros, incluindo o Campo Grande News. “Estamos procurando parcerias público-privadas para incentivar a doação de sangue no período em que a demanda aumenta e o número de doadores cai assustadoramente. O esporte é uma das nossas formas de atuação, e buscamos o Operário, que prontamente abraçou a ideia”, diz Carlão.

Ele explica que a escolha do Operário se deve à popularidade do time no Estado e ao tamanho de sua torcida. “Começamos envolvendo os jogadores e a diretoria do time. Queremos estender isso para a torcida. É algo muito significativo e pode trazer resultados muito positivos.”

Carlão também ressalta que cada doação de sangue salva até quatro vidas e que a campanha é uma oportunidade de “humanizar” as relações. “Com o avanço da tecnologia, as relações têm se tornado mais desumanizadas. Curtir e compartilhar nas redes sociais é importante, mas o que salva vidas é estender o braço para doar sangue. Dedicar de 30 a 40 minutos da sua semana pode fazer toda a diferença".

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