Com greve bancária, sobram postos terceirizados onde fluxo cresceu 80%
A greve dos bancários de Campo Grande, que acompanha mobilização nacional, chega em seu décimo dia com quase 100% das agências paralisadas na Capital. Até esta terça-feira (13), alguns postos ainda estavam abertos ao público, como os localizados em órgãos públicos, além das agências especiais, que oferecem serviços diferenciados a clientes que realizam grandes movimentações financeiras.
Entre essas unidades, o Campo Grande News constatou que o Posto de Atendimento Bancário do HSBC, localizado na Central do Cidadão, na Rua Cândido Mariano e a agência Personalité do Itaú, da Rua Euclides da Cunha, também aderiram a greve nesta quarta-feira.
Segundo o Sindicato dos Bancários, a agência do Banco do Brasil das Moreninhas também estava aberta ao público até esta terça-feira, aderindo a paralisação nesta quarta-feira. No entanto, o gerente do local, Francisco Celso, ressaltou ao Campo Grande News que a unidade está fechada desde o início da greve e que apenas os funcionários terceirizados estão trabalhando na compensação dos valores arrecadados nos agentes bancários autorizados, como bancas de jornais.
Com a adesão praticamente total das agências, o atendimento a população ficou restrito às lotéricas, que efetuam saques e depósitos apenas para clientes da Caixa Econômica Federal e terminais eletrônicos, que nem sempre dispõem de cédulas, obrigando os clientes a procurarem outras agências ou retornar em outro horário.
O problema foi constatado principalmente durante o feriado prolongado. Sem funcionários para reabastecer os caixas eletrônicos e com as casas lotéricas fechadas, muitos clientes não conseguiram sacar.
Foi o que ocorreu com o serralheiro Joel Gonçalves, que não conseguiu retirar dinheiro da agência do bairro Moreninhas. “Aqui ficou sem dinheiro o feriado todo”, reclama.
Já os clientes do Bradesco tem a opção de utilizar dois postos de atendimento, localizados no interior das Casas Bahia da Avenida Afonso Pena e da Rua Cândido Mariano, além da agência localizada no shopping Norte Sul Plaza. Porém, como a unidade se restringe a contratação de consórcios e empréstimos, não é possível efetuar o pagamento de boletos.
O serviço é disponibilizado apenas nos terminais eletrônicos, já que a agência não dispõe de caixas operados por funcionários. Mas, mesmo com as restrições, os serviços de desbloqueio de cartões e de aquisição do cartão que contém as chaves de segurança para movimentar a conta, também estão sendo feitos, inclusive para clientes de outras agências. Conforme um funcionário explicou, a unidade não aderiu a greve por ser de pequeno porte e oferecer serviços específicos.
Quanto aos postos de atendimento bancário, apesar de disponibilizarem valores de saques e pagamentos limitados, as duas unidades localizadas em lojas das Casas Bahia, no Centro, tem registrado um aumento no fluxo de clientes de 80% desde o início da greve.
Com funcionários terceirizados, os postos tem um horário mais amplo de atendimento, das 8h30 às 17 horas. Para abertura de contas, o horário é das 9 às 16 horas, porém a pessoa que procura esse serviço será cliente da agência do banco localizada na Rua 14 de Julho, esquina com a Cândido Mariano.
Segundo funcionárias dos postos, o limite para saque e pagamentos de boletos da loja, é de R$ 1 mil, valores maiores dos estabelecidos pelos agentes lotéricos, onde os clientes da Caixa Econômica podem sacar apenas R$ 700,00. Algumas lotéricas, inclusive, tem reduzido esse valor para R$ 500,00 para evitar a falta de cédulas.
O único inconveniente é que se o valor do boleto excede R$ 1 mil, é preciso emitir duas vias do boleto para serem pagar em dois postos de atendimentos. “A pessoa paga mil em uma unidade e o restante em outra. O problema é que os dois documentos saem com o valor total das dívida, por isso o cliente precisa dizer que já pagou uma parte em outro local”, explica uma das funcionárias.
Com um boleto excedendo esse valor, a atendente de consultório Ana Paula Prado foi informada que deveria ir a dois postos para conseguir pagar a fatura integral. "Não sabia dessa regra, mas pelo menos não vou ficar sem pagar", disse.
Já a vendedora Abadia Batista conta que devido a rapidez do atendimento do posto de atendimento, prefere ir ao local mesmo fora do período de greve. "Venho aqui há muito tempo. Nunca pego fila grande", diz.
Pauta - A greve também vem ganhando força no interior de Mato Grosso do Sul. De acordo com último balanço do sindicato, 143, das 170 agências estão fechadas na base de Campo Grande.
Os bancários reivindicam reajuste salarial de 16%, incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real, além de vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche de R$ 788,00 ao mês.
Também consta na pauta, melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral. A categoria também pleiteia mais contratações, fim da rotatividade e combate às terceirizações.