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Capital

Com principal suspeito foragido, irmão investigado pela morte de “Alma” é solto

Investigações seguem e mandado contra "Thiaguinho do PCC" tem validade até 2041

Anahi Zurutuza | 23/03/2022 20:01
Carlos Reis, na última vez que foi visto, em 30 de novembro de 2021. (Foto: Reprodução)
Carlos Reis, na última vez que foi visto, em 30 de novembro de 2021. (Foto: Reprodução)

Sem conseguir prender Thiago Gabriel Martins da Silva, conhecido como “Thiaguinho do PCC” e principal suspeito de arquitetar o assassinato do garagista e agiota, Carlos Reis de Medeiros, o “Alma”, a polícia colocou em liberdade, nesta quarta-feira (23), o irmão do suposto mandante. De acordo com a defesa de Rodrigo José Martins da Silva, 19, o prazo de prisão temporária venceu e não foi prorrogado, mesmo depois do pedido de liberdade provisória ter sido negado.

O titular da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), Carlos Delano, confirmou a soltura do rapaz, mas preferiu não revelar detalhes de como a investigação deve prosseguir. “A prisão temporária é instrumental à investigação. A prisão desse rapaz cumpriu sua função e agora, novas medidas serão avaliadas”.

Ao longo das apurações, três pessoas foram presas. Além do irmão de Thiago, Pedro Henrique Dias da Conceição foi interrogado na presença de advogado e colocado em liberdade no dia 15 de março, segundo o delegado, porque mantê-lo preso não era mais essencial. Vitor Hugo de Oliveira Afonso, conhecido como “Primo”, apontado pela polícia como o responsável pelo esquartejamento e sumiço do corpo do garagista, continua na cadeia, porque já era foragido da Justiça do Acre.

O advogado Bruno Ghizzi diz que vai provar a inocência do cliente e ressalta que embora a polícia siga investigando um homicídio, “até o presente momento, Carlos Reis segue desaparecido, sem qualquer prova de sua morte pela DEH”.

A defesa quer que juiz requisite às operadoras de telefonia informações da localização do celular que supostamente era usado por Rodrigo no dia 30 de novembro de 2021, data da última vez em que “Alma” foi visto. A intenção é provar que o investigado não estava, por exemplo, na oficina de “Thiaguinho do PCC”, onde o garagista teria sido assassinado.

Policiais durante buscas em terreno na Avenida Gunter Hans, durante investigações. (Foto: Paulo Francis)
Policiais durante buscas em terreno na Avenida Gunter Hans, durante investigações. (Foto: Paulo Francis)

A principal hipótese – O que a DEH investigou até agora indica que Thiago teve a ajuda de funcionários para matar Carlos Reis, na empresa que funciona na Avenida Gunter Hans, em Campo Grande.

"Thiaguinho PCC", que também é conhecido como "Especialista", é filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com a vítima. Em um áudio obtido pela polícia, “Alma” teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a "Celau", que morreu em 2020.

Thiago - que estava preso por homicídio - progrediu para regime aberto e passou a cobrar do agiota o valor que por "herança" teria direito. Sem retorno, ele planejou recuperar o montante de outra maneira. Foi então, conforme apurou a polícia, que Thiago apresentou Vitor Hugo, o “Primo”, para o garagista.

O relacionamento entre eles ficou mais íntimo, tanto que Vitor chegou a morar na residência de Carlos Reis, no Tiradentes, entre setembro e novembro de 2021. “Primo” assessorava o garagista nas compras e vendas de veículos, mas também cobranças de agiotagem.

Para a investigação, a estratégia de Thiago era monitorar a rotina de “Alma”, para ter acesso a todos os devedores do agiota e saber para quem o dinheiro de "Celau" foi emprestado.

Na data do desaparecimento, conforme apurado pela DEH, o garagista foi atraído até a oficina para “tratar de negócios”. No local, teria havido uma discussão e então, “Alma” foi executado com aproximadamente três tiros “em pleno horário comercial”.

Para a polícia, o corpo foi esquartejado e levado a lugar, ainda desconhecido, em uma caminhonete de cor prata.

Thiago teria chamado todos os funcionários e afirmado que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim". O principal suspeito do crime continua foragido. Contra  ele, pesa mandado de prisão temporária expedido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, em 1º de fevereiro, com validade até 29 de novembro de 2041.

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