De resgate em enxurrada a salvamento de suicida: atos de guardas viram homenagem

Chovia muito por volta das 14h do 27 de janeiro deste ano, quando o guarda municipal Fábio Carvalho viu um motociclista se "aventurando" numa correnteza formada pela enxurrada na Avenida Ricardo Brandão, em frente à Câmara Municipal de Campo Grande. Segundos depois, a força da água o fez cair, com a moto por cima de seu corpo.

"Eu vi que ele ficou desesperado e não conseguia levantar. Tinha muita gente só filmado, que esqueceu de ajudar. Fui lá e consegui tirar a moto de cima dele, levantá-lo e tirar da correnteza", conta o guarda. Pelo feito, Fábio ganhou um elogio público nesta quinta-feira (20).

Três dias depois, um motociclista na mesma situação morreu afogado em Goiânia (GO). "Esse rapaz que eu ajudei poderia ter morrido também. É um sentimento de vitória poder ajudar uma pessoa", afirma o guarda.

Parto - Rosivaldo Silva também recebeu um elogio público, conforme publicação feita no Diário Oficial de Campo Grande desta semana. No caso dele, foi por ter ajudado uma mulher que estava em trabalho de parto na rua, em uma madrugada de fevereiro do ano passado.

"Eu segurei a mão dela durante as contrações, ela gritava bastante. Meu colega acionou o Corpo de Bombeiros e a gente estava aguardando, mas o menino veio ao mundo antes da viatura chegar", conta. O fato aconteceu na divisa entre Bairros Jardim Batistão e Caiobá, da Capital, segundo Rosivaldo.

Para completar, antes dos bombeiros chegarem o guarda ajudou a mãe a segurar o recém-nascido para amamentá-lo. "O neném chorava e parecia que já queria mamar", relata. Ele nunca havia atendido uma ocorrência assim. "Bastante inusitado, mas deu tudo certo", finaliza.

Criança e pai passando frio - Enquanto faziam rondas pelo Bairro Paulo Coelho Machado, na madrugada de 18 de março deste ano, Ricardo Castelhano e os colegas de viatura viram um homem e uma criança sozinhos em um ponto de ônibus. Ao perguntarem o que estavam fazendo ali naquele horário, sem agasalhos, souberam que os dois foram expulsos de um apartamento.

Apenas um pano de prato cobria o corpo da criança. O pai explicou aos guardas que a ex-namorada os mandou sair de casa e não deixou que pegassem nenhum pertence. Os dois, então, queriam voltar para Ribas do Rio Pardo, onde moravam antes.

"Tentamos contato com a Assistência Social e não deu muito certo. Foi aí que decidimos levá-los para a rodoviária e ratear entre a equipe a passagem dos dois", relata Ricardo.

Pela atitude, os guardas municipais envolvidos também receberam moção de elogio da Prefeitura de Campo Grande. “Não tinha como deixá-los ao relento, precisamos agir quando necessário”, diz Castelhano.

Tentativa de suicídio - Em 31 de março deste ano, quando estava de folga e passava pela Avenida Afonso Pena, o guarda municipal Odilson Coelho conseguiu impedir que um jovem tirasse a própria vida.

Ele ouviu sua queixa, o aconselhou a não tomar aquela decisão e o abraçou. Depois do abraço, o tirou de perto de um pontilhão de onde ameaçava se jogar. "Falei para ele que a vida não acabava por causa daquelas coisas que ele estava me contando. Depois sentamos e conversamos. Precisamos olhar para essas pessoas e intervir", afirma o guarda.

Logo depois, o jovem recebeu assistência de socorristas e entrou em contato com servidor, agradecendo pela ajuda.

Pelo que fez, Odilson também recebeu elogio público. Ele entende como importantes as iniciativas de reconhecimento. "Tem muita gente pensa que fazer segurança pública é só prender. Mas tem esse lado social de ajudar. E isso é frequente no nosso trabalho”, pontua.

Dezenas de guardas civis foram homenageados com moções públicas de elogio publicadas no Diário Oficial de quinta-feira (20).

Ajuda - Quanto à tentativas de suicídio, em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta apoio emocional gratuito a pessoas em crise por meio de atendimento telefônico pelo número 0800 750 5554. Ligue sempre que precisar! O horário de funcionamento é das 7h às 23h, inclusive sábados, domingos e feriados.

Vítimas de depressão e demais transtornos psicológicos podem também buscar ajuda em escolas-clínicas de Psicologia, no Núcleo de Saúde Mental, CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) ou pelos telefones 141 e 188 CVV (Centro de Valorização da Vida), 190 da PM e 193 dos Bombeiros, que ajudam pacientes a romper o silêncio.