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Capital

Em 13 dias, duas mortes colocam em xeque atendimento do Samu

Lidiane Kober | 19/03/2014 15:33
Família chorou pela morte da jovem de 18 anos (Foto: Cleber Gellio)
Família chorou pela morte da jovem de 18 anos (Foto: Cleber Gellio)

Em 13 dias, duas mortes em Campo Grande colocaram em xeque o atendimento do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). No primeiro caso, pais de menino que veio a óbito acusaram a equipe de recusar socorro. Hoje, colegas de sala da acadêmica Alana Cristina dos Santos, 18 anos, denunciaram demora no atendimento.

A aluna do curso de Arquitetura da Universidade Anhanguera/Uniderp passou mal e desmaiou na sala de aula, por volta das 8h30 desta quarta-feira (19). Ela morreu no local e o tempo de socorro gerou polêmica. Algumas testemunhas afirmam que a ambulância demorou meia-hora, enquanto outras pessoas disseram que o atendimento foi rápido.

A universidade informou que o procedimento de socorro à acadêmica foi tomado de imediato. O coordenador suplente do Samu, André Barros, disse que a ambulância chegou em 19 minutos até a jovem.

“Entre a ligação, a informação à equipe médica e a chegada à universidade gastamos 14 minutos, mas perdemos mais cinco minutos até localizar o bloco certo”, relatou. “Na comoção do momento, não pensaram na dificuldade de acesso e não tinha ninguém para sinalizar a localização exata”, completou.

Segundo ele, outro problema se deu pelo fato de a equipe chegar sem a ambulância avançada. “A notificação chegou como suposto desmaio”, explicou. “É preciso que a população saiba da necessidade de voltar a ligar quando perceber que se trata der uma parada cardíaca”, emendou.

Quando o Samu chegou à faculdade, um profissional da saúde já tentava reanimar a jovem. “Ele viu que era uma parada, deviam ter ligado de novo”, reformou Barros. “Mas, de forma geral, o tempo resposta à ocorrência foi compatível aos demais socorros”, acrescentou. "Provavelmente, no caso da jovem, foi ataque fulminante", concluiu.

Questionado se seria possível mudar o quadro e salvar Alana no caso de o atendimento avançado ter chegado com mais agilidade, o coordenador do Samu disse que tudo depende das “condições do coração”. “Quanto mais debilitado o coração, mais difícil de reverter, portanto, tudo isso precisa ser apurado”, disse. “Dizem, por exemplo, que a jovem já vinha de investigação, relatando fortes dores no peito”, completou.

Pai de menino morte acusou Samu de negar socorro à criança (Foto: Marcos Ermínio)
Pai de menino morte acusou Samu de negar socorro à criança (Foto: Marcos Ermínio)

Outras queixas – Na madrugada do dia 7 de março, o atendimento do Samu também gerou polêmica. A família do menino Heber Caio Romero, 8 anos, que morreu por conta de uma reação alérgica, acusou a equipe de negar socorro.

“Desesperada, a minha esposa acionou o Samu e explicou a situação da criança, mas eles disseram que o caso não era grave e por conta disso não podiam fazer o transporte”, contou o pai do garoto, Robson Silva Ribeiro, 38 anos. Na época, o secretário municipal de Saúde, Ivandro Correa Fonseca, prometeu abrir sindicância para apurar a morte do menino.

A manicure Ana Paula Sales, 35 anos, também levou um susto por conta do atendimento do Samu. Segundo ela, por volta das 20h30, um amigo, que a visitava, desmaiou e apresentou crise de convulsão. “Esperamos uma hora e o Samu não apareceu, então, pedimos ajuda a um vizinho para levá-lo até à Upa (Unidade de Pronto-Atendimento) do Bairro Coronel Antonino”, relatou.

Na hora que já estava no posto, uma funcionária do Samu ligou e ela informou que já havia buscado outro socorro. Ainda na Upa, foi diagnosticada parada cardíaca, mas o amigo de Ana Paula conseguiu escapar da morte.

Mais investigação – Da mesma forma que no caso da morte do menino Heber, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informou, por meio da assessoria de imprensa, que fará levantamento sobre o socorro do Samu à acadêmica Alana. A apuração vai verificar itens como o horário da ligação e o tempo de socorro.

“Foi uma fatalidade”, avaliou o coordenador suplente do Samu. “Tentamos fazer o melhor possível”, completou sobre o caso de Alana. Indagado se falta estrutura ao órgão, ele disse que a nova administração da prefeitura irá discutir a situação. “Sempre pode melhorar”, finalizou.

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