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Capital

Epidemia eleva venda de analgésicos e traz outro risco: a automedicação

Flávia Lima | 18/01/2016 16:56
Farmacêuticos podem orientar quanto a medicamentos, mas atendimento não substitui o médico. (Foto:Arquivo/Marcos Ermínio)
Farmacêuticos podem orientar quanto a medicamentos, mas atendimento não substitui o médico. (Foto:Arquivo/Marcos Ermínio)

Com o avanço da epidemia de dengue em Mato Grosso do Sul, a procura por analgésicos e antitérmicos em gotas ou comprimidos tem crescido, em média, 80% somente nas farmácias de Campo Grande. No entanto, o Conselho Regional de Farmácia alerta sobre os riscos da automedicação, que pode potencializar os casos da doença.

Segundo a presidente do CRF de Mato Grosso do Sul, Kelle Slavec, a maior preocupação é que a maioria das pessoas que compõe esse percentual chega nos estabelecimentos sem receita médica, acreditando que os sintomas são referentes a uma gripe.

Porém, devido à epidemia, Kelle afirma que é preciso observar bem os sintomas apresentados, conversar com a pessoa para saber detalhes de seu quadro e se ela apresenta alergia a algum medicamento. “Como os sintomas de dengue e gripe são parecidos, o ideal é indicar às pessoas que chegam com dor no corpo, nas articulações e febre, que levem medicamentos sem o ácido acetilsalicílico, que tem sua ingestão proibida em casos de dengue”, explica.

No caso desse composto, ele pode ocasionar hemorragias, complicando o quadro de saúde e provocando até a morte, caso a pessoa esteja com dengue.

Ela diz que a dor no corpo também faz com que muitas pessoas fiquem em dúvida se podem ou não tomar algum tipo de anti-inflamatório, como o diclofenaco de potássio. O uso desse medicamento também é proibido nestes casos.

A dipirona e o paracetamol são os únicos medicamentos indicados para os pacientes com dengue. Mesmo assim, Kelle lembra que o uso do paracetamol, que em alguns países é proibido, é preciso ser feito com parcimônia e receitado de forma correta por um profissional.

No caso do paracetamol, ele pode causar graves danos hepáticos, especialmente se o paciente estiver com dengue ou febre chikungunya.

Essa situação se agrava porque as pessoas tem o hábito de tomar chás e comprimidos que tenham o paracetamol em sua fórmula e, sem saber, acabam consumindo uma dose acima da recomendada.

Apesar da permissão que a categoria tem em prescrever determinados medicamentos, Kelle destaca que o atendimento por um farmacêutico não substitui, em hipótese alguma, a avaliação médica.

“Com os postos superlotados é normal o pessoal procurar uma farmácia para escapar das filas. Se eu recebo um cliente com quase 40 graus de febre eu indico algo para baixar a temperatura, mas oriento a procurar uma unidade saúde, já que a dengue chikungunya e zika vírus são doenças graves e precisam de acompanhamento médico e realização de exames que comprovem o diagnóstico”, afirma.

Como os sintomas levam em média sete dias para desaparecer, a farmacêutica diz que é normal as pessoas voltarem à farmácia no fim do processo apresentando vermelhidão e coceira, sintomas considerados normais no caso de dengue. Nesse caso, ela diz que não há problema em indicar alguma loção que alivie a coceira.

Palestras – Para orientar a população quanto ao uso consciente de medicamentos, o Conselho Regional de Farmácia vai realizar uma ação, nesta terça-feira (19), no Bairro Dom Antônio Barbosa, para tirar dúvidas à população, considerada uma das mais carentes da Capital.

“Nossa preocupação é que na região existe um lixão e é comum as pessoas encontrarem medicamentos descartados lá, o que oferece um risco a esses moradores que podem vir a fazer uso deles”, afirma Kelle.

A palestra será realizada na sede do Programa Rede Solidária, do governo do Estado e vai abordar a relação entre os medicamentos com a dengue, zika e chikungunya.

O evento será a partir das 14 horas e tem entrada gratuita. Também será entregue um kit (com número limitado) de repelentes.

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