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Capital

Favela foi levada para área imprópria e, agora, prefeitura analisa riscos

Se o Vespasiano é o único que preocupa no quesito terreno, todos locais têm problemas com a construção de casas

Aline dos Santos | 11/04/2017 14:20
Área no Vespasiano Martins tem lençol freático alto e situação será analisada. (Foto: Adriano Fernandes)
Área no Vespasiano Martins tem lençol freático alto e situação será analisada. (Foto: Adriano Fernandes)

Endereço das primeiras famílias removidas há 13 meses da favela Cidade de Deus, o loteamento no bairro Vespasiano Martins tem um problema que vem do chão: lençol freático aflorante.

A água do solo muita próxima à superfície fez com que a área fosse descartada para moradias no passado, mas, com transferência de 42 famílias em 2016, a nova gestão da Prefeitura de Campo Grande vai contratar uma empresa para avaliar a estrutura dos imóveis. O terreno alagadiço se torna mais perceptível nos dias chuvosos, conferindo à area um cenário de atoleiro.

“Quando estive aqui, sabia que naqueles lotes não foram construídos casas exatamente por causa do lençol freático aflorante e vai depender de estudos para averiguar o que vai ser feito”, afirma o diretor-presidente da Emha (Agência Municipal de Habitação), Eneas José de Carvalho Netto.

Possíveis saídas são rebaixamento do lençol freático ou nova remoção, mas o caminho será definido somente após avaliação técnica. “Mas vamos aguardar a manifestação da empresa que vai emitir esse laudo para nos dar tranquilidade e garantias quanto à execução da obra”, salienta o diretor.

Nascida no entorno do lixão de Campo Grande, no bairro Dom Antônio Barbosa, a favela foi removida em março do ano passado. Em vez das 390 famílias, a área deveria abrir espaço para cortina arbórea (de árvores) em frente ao aterro.

Além do Vespasiano, as famílias foram levadas para os bairros Canguru, Bom Retiro e José Teruel, este último bem próximo ao antigo endereço.

“O Bom Retiro é um parcelamento muito bom, com uma situação privilegiada ao meu ver”, afirma Enéas. Já no Jardim Canguru, os lotes utilizados eram remanescentes do loteamento do bairro.

Se o Vespasiano é o único que preocupa no quesito terreno, todos os locais têm problemas com a construção de casas. A prefeitura delegou o serviço à ONG Morhar Organização Social. O convênio era de R$ 3,6 milhões para 300 imóveis, mas somente 42 foram feitos no terreno do Vespasiano e, ainda, apresentaram problemas de infraestrutura.

À época, o Campo Grande News mostrou que a ONG tinha uma situação peculiar. Apesar de contratada para construir imóveis, não tinha nem mesmo um teto para si.

Na ocasião, a reportagem consultou endereços e telefones disponíveis na consulta por CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e na internet, mas não conseguiu localizar a sede da ong (organização não governamental). A parceria foi cessada em dezembro de 2016, no fim da gestão do prefeito Alcides Bernal (PP), com abertura de tomadas de conta especial.

Segundo Enéas, contrato com ONG foi de "difícil entendimento". (Foto: Marcos Ermínio)
Segundo Enéas, contrato com ONG foi de "difícil entendimento". (Foto: Marcos Ermínio)

Difícil - O atual dirigente da Emha classifica o convênio como de “difícil entendimento” e que conseguiu fazer casa com valor de R$ 12 mil, bem abaixo do custo normal. Enéas explica que a agência faz levantamento de custos para construção de todos os imóveis e o valor deve ser custeado pelo Governo do Estado, por meio de parceria com o município.

De acordo com o diretor-presidente da Emha, os moradores que desejarem passarão por curso de qualificação e serão contratados por intermédio da Funsat e Proinc (Programa de inclusão profissional). “Serão contratados, qualificados e reaproveitados em outras obras, como reforma de escolas”, afirma Enéas. 

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