Fim de parquímetro pode ajudar na rotatividade, acreditam comerciantes
No 2º dia de suspensão da cobrança, ainda tinha desavisado da mudança que comemorou
No segundo dia de área livre de cobrança do estacionamento na região central de Campo Grande, ainda tinha quem era pego de surpresa com a novidade. Condutores e comerciantes acreditam que isso possa ser benéfico, mesmo pesando os contras que levaram à cobrança, há 20 anos.
A cobrança foi suspensa ontem, conforme decreto publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), por conta do fim do contrato, assinado no dia 22 de março de 2002.
O serviço era prestado nos quadriláteros da Avenida Fernando Corrêa da Costa à Avenida Mato Grosso e Avenida Calógeras à Rua Padre João Crippa. Ao todo, são 2.458 vagas para veículos na região.
“Estranhei mesmo que estava fechado”, disse o atendente de telemarketing, Luciano Donizeti Tomiati, 39 anos, que parou o carro na rua Dom Aquino para renovar a CNH (Carteira Nacional de Habitação).
Como viu o equipamento fechado, nem tentou acessar o aplicativo para o pagamento. Avisado pela reportagem, resolveu olhar o celular e viu o aviso de que não seria cobrado. Tomiati diz que não é contra a cobrança. “Sendo bem aplicado, ok.”
A podóloga Jussara Santigao, 51 anos, havia estacionado na Avenida Calógeras e tentou usar o chaveirinho no equipamento, que hoje, ainda está aberto, sem sucesso.
Também foi avisada pela reportagem e, como costuma ir muito ao Centro, gostou da notícia. “É a melhor coisa, porque a gente não sabe para onde vai esse dinheiro: para as ruas? Tenho certeza de que não vai, porque, olhas as condições”. A novidade, porém, trouxe dúvida: “Mas a gente não vai tomar multa, não é?”.
Sobre o questionamento da destinação dos recursos, cerca de 28% eram repassados para Agetran (Agência Municipal de Trânsito e os recurso eram destinados à programas de educação, obras em sinalização viária e reforma dos terminais.
Thayná Cardoso, 24 anos, viu a notícia ontem no Campo Grande News e, hoje, foi ao Centro resolver várias pendências. Estudante de Técnica de Enfermagem, tem que buscar jaleco, marcou entrevista de emprego e ainda vai encontrar o irmão. “Vou ficar até meio-dia, acho.”
Thayná diz que costuma fazer um combo de atividades no Centro, justamente para otimizar o tempo e gastar uma única vez com parquímetro. A suspensão da cobrança não vai mudar esse hábito, acredita.
Para os comerciantes, a medida também é vista com bons olhos. Alex Araújo da Rosa, 41 anos, é sócio-proprietário de loja de roupas na Rua 14 de Julho. Acredita que a cobrança atrapalhava o cliente “vapt-vupt”, o que já tinha foco em uma compra, entrava, pagava e saía. “Eu acho bom [suspender cobrança], porque não agrega nada ao movimento.”
A falta de rotatividade alegada quando o contrato foi fechado em 2002 não seria motivo de renovação da cobrança. “Os pontos positivos de não ter cobrança compensa”, disse o comerciante. Na porta da loja dele, o sistema é QR Code e, caso a pessoa não tivesse o aplicativo, teria que encontrar agente para a compra. “Aí, a pessoa queria descer rapidinho, mas tinha que achar o agente”.
O gerente de loja na Dom Aquino, Jorge Guazina, também é contra a cobrança, mas sendo estipulada, acredita que é preciso implantar um limite de tolerância para o condutor. “Uns 10, 15 minutos para pessoa sair, voltar e não pagar, aí sim, teria rotatividade que beneficia o comércio.”