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Capital

“Foi sequência de erros", diz assassino de corretora ao tentar justificar crime

Em depoimento, Fabiano Garcia Sanches alegou acreditar que mulher morreu no porta-malas do veículo

Por Ana Paula Chuva | 08/07/2024 17:10
Fabiano durante depoimento na Deam em 27 de maio deste ano (Foto: Reprodução)
Fabiano durante depoimento na Deam em 27 de maio deste ano (Foto: Reprodução)

Em depoimento às delegadas Analu Ferraz e Elaine Benicasa, o assassino confesso da corretora de imóveis Amalha Cristina Mariano Garcia negou ter planejado o crime e afirmou que tudo não passou de uma “sequência de erros”. Fabiano Garcia Sanches foi preso três dias após o corpo da vítima ser encontrado na região do Bairro Los Angeles, em Campo Grande e foi ouvido na delegacia dia 27 de maio deste ano.

A versão do assassino foi registrada em vídeo e dura cerca de 51 minutos. Na frente das delegadas responsáveis pelo caso, Fabiano deu detalhes sobre como tudo aconteceu e chegou a chorar quando falou sobre o momento em que empurrou a vítima e ela bateu com a cabeça em uma quina de concreto na varanda da casa do autor.

Segundo o assassino, ele conheceu Amalha em um site de vendas de imóveis. Ele afirma que estava procurando uma casa para sua mãe, que morava em Ponta Porã, e a corretora foi recomendada pela imobiliária. No entanto, não chegaram a ter nenhum relacionamento e que se beijaram apenas uma vez.

“Ela me levou para ver um apartamento. Visitamos outras casas umas duas ou três vezes, inclusive uma amiga dela ia junto. E teve uma noite que a gente saiu para tomar cerveja. Fomos em um barzinho aqui no centro e nos beijamos na hora de ir embora, depois disso não nos falamos mais”, afirmou Fabiano.

Para as delegadas, o motorista de caminhão relatou ainda que acredita que a corretora tenha descoberto que ele era casado e por isso parou de conversar com ela. Em declarações confusas, ele afirmou ainda que a mulher tinha emprestado a ele R$ 700 em dinheiro, mas que já tinha quitado a dívida logo depois.

Ainda segundo o relato do homem, uma semana antes do crime ele reencontrou Amalha “por acaso” em frente a uma loja de materiais para construção. Os dois conversaram rapidamente e cerca de dois dias depois, a corretora enviou uma mensagem no celular dele. De acordo com Fabiano, a mulher não sabia que ele era casado porque na época em que se conheceram a esposa dele ainda morava em Bandeirantes.

“Ela disse que não ia conseguir e falou para nos vermos no dia seguinte. Eu disse que era difícil, mas falei então para ela ir em casa meio-dia e que ia ter que ser rápido. Ela concordou e foi em casa. Quando chegou, já estava bastante nervosa, falando no telefone. Agitada, balançando a cabeça. Não sabia o que estava acontecendo. Ela saiu para mandar um áudio, depois voltou e começamos a conversar”, afirmou Fabiano.

Durante a conversa, ela falou que descobriu que eu era casado e que ia contar tudo para minha esposa. Ele então rebateu dizendo que não tinha nada com a corretora e que a tinha chamado para falar sobre outra coisa.

“Eu acho que ela só queria saber onde era minha casa para contar para minha esposa. Mas nós não tínhamos nada. Ela falou então que não ia me ajudar com nada, que eu era do tipo que só ia atrás dela por causa de dinheiro e que ela ia procurar minha esposa. Ela foi para o portão e eu disse para ela não fazer isso”, relata o assassino confesso.

Bolsa e pertences da corretora foram jogados em estrada (Foto: Reprodução)
Bolsa e pertences da corretora foram jogados em estrada (Foto: Reprodução)

Em seguida, ele alega que a corretora partiu para cima dele e ele a abraçou e empurrou. Amalha então caiu em cima de um banco de madeira. Novamente a mulher levantou e voltou a tentar agredi-lo. Fabiano então relata que a empurrou e ela bateu a cabeça em uma quina de concreto na parede, momento em que começou a sangrar muito.

“Eu entrei em desesperou. Sabia que o ferimento era grave então pensei que se chamasse o socorro não ia ter oi que explicar. Só peguei ela e coloquei no porta-malas do carro e sai sem nem saber para onde ia. Acredito que ela morreu ali, porque quando cheguei no porto seco, arrastei o corpo e joguei no mato. Doutora, eu não sou bandido. Fiz uma cagada, não sou ladrão, não preciso disso”, explicou Fabiano enquanto chorava.

Logo depois de jogar o corpo da corretora, o motorista diz que saiu do local e não tinha nem notado que as coisas da mulher estavam caídas na pista. Ele só pensou em não deixar o corpo ali e tentou esconder com um saco preto que estava no porta-malas, mas apenas o braço da vítima foi colocado dentro.

“Eu entrei em desespero. Não peguei nenhum pertence dela. Sai de lá e fui para casa. Parei o carro, peguei o caminhão e fui trabalhar. Antes lavei a varanda com água. Tudo aconteceu ali na varanda. Não aconteceu nada dentro de casa. Não sabia o que fazer. Busquei minha mulher na rodoviária e disse que o carro era de um amigo. Ela ficou brava achando que eu estava me metendo em rolo”, pontuou Fabiano.

Sobre ter oferecido o Jeep Renegade, Fabiano confessa que falou comum colega. De acordo com o motorista, ele disse que estava com o veículo para venda e que não tinha nada de errado. Mas quando o homem viu as notícias do crime, desistiu de fazer a negociação para revender o carro.

Foi então que Fabiano chamou um amigo, identificado apenas como Rogério, e pediu para que ele levasse o carro até um posto de combustíveis. No dia seguinte, o motorista foi ao local e levou o Jeep até o terreno no Indubrasil. Em seguida, fui a pé até onde estava seu caminhão e pensou em procurar um posto da policia para relatar que haviam deixado o veículo naquele lugar.

“Deixei o carro com a chave dentro para ser achado. Nem sabia que morava gente ali. Eu ia avisar que tinha encontrado esse veículo, na intenção de não registrarem ele como roubado. Se eu tivesse planejado, esse carro não tinha ficado tanto tempo na frente da minha casa, doutora. Fiz uma cagada”, disse Fabiano.

A bolsa da corretora foi jogada pelo homem na região do Bairro Nova Lima. Já o celular da vítima foi jogado em uma área de mato no trajeto logo após o crime porque o aparelho começou a tocar. “Nem mexi em nada. Nunca tive a intenção de roubar nada. Eu fiquei desesperado. Não chamei socorro porque não sabia o que ia explicar. Eu não estou negando, eu cometi um crime e vou pagar por ele”, continuou.

O depoimento durou por volta de 51 minutos e Fabiano afirmou que as outras três pessoas que tiveram o mandado de prisão expedido, não tinham nenhum envolvimento no crime e que ele agiu sozinho, mas não planejou nada. No entanto, durante a investigação, o motorista apresentou versões contraditórias, porém confirmou ter matado a vítima.

Perícia no local onde o corpo da corretora foi encontrado (Foto: Kamila Alcântara | Arquivo)
Perícia no local onde o corpo da corretora foi encontrado (Foto: Kamila Alcântara | Arquivo)

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