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Capital

Hospital realiza encontro para acalmar mães sobre bebês prematuros

Em alusão ao Novembro Roxo, instituição realizou roda de conversa sobre o tema nesta terça-feira (26)

Por Jéssica Fernandes | 26/11/2024 11:33
Mães participaram de encontro no HRMS em alusão ao Novembro Roxo. (Foto: Osmar Veiga)
Mães participaram de encontro no HRMS em alusão ao Novembro Roxo. (Foto: Osmar Veiga)

Daniela dos Santos Ferreira, de 30 anos, não sabia nada sobre a prematuridade antes da terceira filha nascer. Maria Eduarda, agora com 4 anos, tinha apenas 28 semanas na época, passou por cirurgia e ficou internada no HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). Nesta terça-feira (26), mãe e filha voltaram ao hospital para participar da 6ª edição do Novembro Roxo, mês de conscientização sobre a prematuridade.

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O Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) realizou a 6ª edição do Novembro Roxo, mês de conscientização sobre a prematuridade, com um encontro de mães e bebês prematuros. Mães compartilharam suas experiências, dificuldades e o sucesso de seus filhos após a internação, destacando a importância do pré-natal para prevenir a prematuridade e a assistência humanizada oferecida pelo HRMS, incluindo o Método Canguru. O evento serviu como um momento de celebração e conscientização sobre a prematuridade, um problema de saúde pública que afeta milhões de bebês mundialmente.

A recepção decorada por balões e outros enfeites no tom roxo foi o ponto de encontro entre as mães, crianças e a equipe profissional. Hoje, as que não estão mais com os filhos internados, passando pelo atendimento neonatal, voltaram para relatar experiências durante uma roda de conversa.

Durante toda a gestação, Daniela passou indo e voltando do hospital devido à pressão alta. Com o nascimento da filha, os primeiros dias foram difíceis e marcados por uma separação que levou 12 dias para chegar ao fim, pois ela estava internada no HU (Hospital Universitário), enquanto Maria foi encaminhada para o HRMS.

Com Maria no colo, Daniela fala sobre período que a filha ficou internada. (Foto: Osmar Veiga)
Com Maria no colo, Daniela fala sobre período que a filha ficou internada. (Foto: Osmar Veiga)

“Por conta da minha pressão alta, ela não estava se desenvolvendo, ela nasceu parecendo um passarinho, a pele era bem fininha e vermelha. O intestino dela não estava formado, então com 28 dias ela passou por uma cirurgia”, conta Daniela.

Nesse período, ela foi descobrindo sozinha a respeito das causas da prematuridade, como funcionava o tratamento e de que forma a condição poderia impactar a saúde da criança. Hoje, Maria faz acompanhamento na Apae e a cor roxa se faz presente na vida de Daniela que, além de pintar o cabelo no tom, também escolheu a cor para a própria casa e grupo da igreja.

Segurando Benjamim, de 9 meses, Regiane Keulin Azuaga, de 38 anos, relembrou o período em que ele estava internado no hospital. Nono filho, ele nasceu de 31 semanas e foi o primeiro prematuro a chegar à família. A mulher, que hoje se dedica aos cuidados da casa e dos demais filhos, relata que um mioma no útero não tratado fez a gestação ser complicada.

Regiane e Benjamim participaram da roda de conversa nesta manhã. (Foto: Osmar Veiga)
Regiane e Benjamim participaram da roda de conversa nesta manhã. (Foto: Osmar Veiga)

“O médico falou que deveria retirar o mioma, mas eu não mexi. Eu não esperava a gravidez e com cinco meses começou a me dar pressão alta, diabetes. Eu fazia pré-natal, ficava mais internada do que em casa. Com 31 semanas, ele nasceu”, diz.

Além da gestação difícil, Regiane compartilha que o primeiro mês sem poder voltar com o menino para casa foi doloroso. “Eu nunca fiquei longe dos meus filhos, eu vinha visitar e ficava o dia inteiro. Chegava em casa e não tinha o bebê, meus filhos perguntavam e eu chorava”, desabafa.

A rotina no hospital fez ela se tornar doadora de leite. O gesto de contribuir com o banco de leite materno do hospital beneficiava Benjamim e outras crianças que precisavam dessa fonte de alimentação.

Mães e crianças reencontraram equipe do hospital responsável pelo atendimento. (Foto: Osmar Veiga)
Mães e crianças reencontraram equipe do hospital responsável pelo atendimento. (Foto: Osmar Veiga)

Novembro Roxo - Criado em 2008, o mês de conscientização da prematuridade chegou em 2018 no HRMS através de ações como a de hoje. Enfermeira e coordenadora do Método Canguru, Ana Carolina Aragão destaca a importância desse mês.

“É um mês de conscientização e sensibilização para as causas da prematuridade, onde vamos sensibilizar a sociedade em geral, os profissionais para pensar na redução da prematuridade. Hoje, a prematuridade é uma causa de saúde pública muito importante”, pontua.

De acordo com a enfermeira, 15 milhões de bebês nascem no mundo inteiro por ano e deste número, três milhões são prematuros. Só no primeiro semestre deste ano, o HRMS já atendeu mais de 150 bebês nessa condição.

Encontro teve mural roxo com depoimentos das mães. (Foto: Osmar Veiga)
Encontro teve mural roxo com depoimentos das mães. (Foto: Osmar Veiga)

O hospital conta com 35 leitos neonatais, sendo 10 de UTI neonatal, 20 na Unidade Neonatal de Cuidados Intermediários e 5 na Unidade Canguru. Além disso, o HRMS é Centro de Referência Estadual para o Método Canguru, que garante atenção humanizada, qualificada e individualizada para os bebês e suas famílias.

O encontro entre as mães, segundo Ana Carolina Aragão, é essencial para mostrar às mães que a prematuridade tem solução e comemorar a alta das crianças. “A gente promove esse encontro dos bebês que já estiveram com a gente para reforçar que a prematuridade tem jeito, que a gente pode conseguir fazer com que eles saiam bem. É um momento de festa, de alegria para as mães que estão internadas e as mães que tiveram alta”, completa.

Médica do HRMS, Judina Melo cita causa da prematuridade. (Foto: Osmar Veiga)
Médica do HRMS, Judina Melo cita causa da prematuridade. (Foto: Osmar Veiga)

Causas da prematuridade - Médica no Hospital Regional, Judina Melo explica que um dos principais fatores que contribuem para a prematuridade é a falta de pré-natal. O exame acaba sendo deixado de lado por algumas mães, porém é essencial para descobrir cedo intercorrências gestacionais que podem ser tratadas.

“Um dos motivos de prematuridade é a eclâmpsia, a pressão alta. Se a mãe faz o pré-natal, você já identifica, vai tratar, controlar, às vezes encaminha para cá porque é uma gravidez de risco. Outra coisa que acontece muito é a diabetes gestacional e no pré-natal é feito o controle da glicemia dessas mães”, esclarece.

Outras condições que levam à prematuridade dos bebês estão relacionadas à gravidez na adolescência, tardia e de gêmeos. Com o pré-natal, é possível identificar e acompanhar desde o começo como será o desenvolvimento da gestação. Esse cuidado faz a diferença para que o bebê nasça em um lugar com suporte, como é o caso do hospital, que tem a UTI Neonatal.

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