Independente da quantia, usuários querem estorno dos valores presos na Flexpark
"Dinheiro é dinheiro", afirma motorista que ficou com créditos retidos no aplicativo
Apesar de considerarem uma conquista, pelo menos por ora, a paralisação das cobranças pelo estacionamento rotativo na região central de Campo Grande, alguns motoristas ficaram no prejuízo com valores retidos no aplicativo e chaveiro da Flexpark. A notícia de que o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) solicitou a devolução imediata dos créditos “presos” alegrou os usuários, que independente da quantia fazem questão de reaver os valores.
"Dinheiro é dinheiro, independente da quantia", afirma a aposentada Adriana Uria, 53 anos, que ficou com R$ 12,15 em créditos presos no aplicativo. "Esse aplicativo vai continuar? Se a empresa acabou o app também deveria, até porque não posso apagar e agora fica ocupando espaço em telefone", finaliza a motorista, garantindo que outros familiares também tiveram o dinheiro confiscado.
O vendedor Paulo Augusto Campos, 30 anos, gastava cerca de 80 reais mensais com o estacionamento rotativo e ficou com R$ 0,69 de saldo presos. Devido à burocracia, ele não tem a intenção de pegar o valor de volta, mas conhece pessoas com valores altos a receber. "No meu caso não vou atrás, mas conheço pessoas que colocavam valores mais altos e ainda tem crédito presos", comenta.
Para não precisar carregar frequentemente, o técnico em segurança do trabalho, Henrique Dias, 29 anos, abastecia o chaveiro a cada 6 meses com aproximadamente R$ 250 reais. Quando a Flexpark deixou de cobrar ele ficou com R$ 36,12 presos e assim que puder vai querer o estorno do valor.
“Ainda bem que não ficou um valor muito alto. Mas faço questão de pegar de volta meu dinheiro, até porque esse valor já garante um quilo de carne ou uma caixinha de cerveja para o fim de semana”, brincou.
Como trabalha no centro, o técnico em eletrônica, André Campagna, 43 anos, abastecia R$ 50 mensais, dividido entre o app e o chaveiro. Ele já excluiu o aplicativo, mas acredita que ainda tem créditos retidos. “Ainda deve ter uns R$ 5 no chaveiro. Acho que não vou solicitar a devolução, mas vou fazer questão de utilizar, quando a nova empresa assumir”, afirmou.
Intimação – A recomendação que consta em inquérito civil público aberto após representação do deputado estadual Paulo Duarte (PSB) junto à 43ª Promotoria de Justiça e assinada pelo promotor Luis Eduardo Lemos de Almeida, pede “a devolução imediata aos consumidores de todos os valores em seu poder, angariados em razão de pagamentos antecipados de tarifa pelo serviço de estacionamento rotativo”.
Quando o contrato entre a Metropark e a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) encerrou, em 22 de março, decreto municipal sobre o fim do serviço previa que os valores não usados pelos motoristas não expirariam e seriam utilizados depois que nova empresa assumisse o parquímetro, o que não tem previsão.
Entre os questionamentos do MPMS, estão a quantidade total de horas para o estacionamento rotativo adquiridas antecipadamente por consumidores que poderão ser utilizadas no futuro junto à nova empresa concessionária e o valor total, em reais, em seu poder e angariado em decorrência de pagamento antecipado de tarifa para o estacionamento rotativo.
A recomendação bem como notificação com pedido de respostas foi enviado mais cedo à empresa na pessoa do gerente, Hewton Donizete Mendonça. Caso a Flexpark não acate a recomendação, ela poderá passar a responder pelo caso na Justiça.