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Capital

Juiz converte em preventivas as prisões de guardas e policiais alvos da Omertà

Policiais civis, policial federal e guardas municipais permanecerão presos por tempo indeterminado

Adriano Fernandes e Geisy Garnes | 15/10/2019 22:17
Na primeira linha imagens de Elvis, Eronaldo, Euzébio e Everaldo, quatro dos 8 acusados que ficarão presos por tempo indeterminado. (Foto: Reprodução)
Na primeira linha imagens de Elvis, Eronaldo, Euzébio e Everaldo, quatro dos 8 acusados que ficarão presos por tempo indeterminado. (Foto: Reprodução)

O juiz da 7ª Vara Criminal de Competência Especial de Campo Grande, Marcelo Ivo de Oliveira acatou ao pedido do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) e converteu em preventivas as prisões temporárias de oito alvos da operação Omertà, realizada em 27 de setembro contra organização criminosa atuante como grupo de extermínio e milícia armada.

Permanecerão presos por tempo indeterminado o policial civil Elvis Elir Camargo Lima, Eronaldo Vieira da Silva (guarda municipal), Euzébio de Jesus Araújo (segurança), Everaldo Monteiro de Assis (policial federal), Frederico Maldonado Arruda (policial civil), Igor Cunha de Souza (guarda municipal), Luís Fernando da Fonseca e Rafael do Carmo Peixoto (guarda municipal).

Sob a prisão temporária os acusados só poderiam ser mantidos presos por até 30 dias. As solicitações foram anexadas no último sábado (12) ao processo e autorizadas hoje pelo juiz.

Envolvimento - A operação apontou que Elvis Lima e Frederico Arruda eram traficantes de armas, trazendo armamento e munições da fronteira para Campo Grande. Em 2012, Elvis foi preso pelo Gaeco por posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. O policial preferia fazer ligações com o aplicativo WhatsApp, medida para evitar interceptação, e se desfez do celular no dia da operação Omertà.

No meio do arsenal de guerra apreendido em 19 de maio com o então guarda municipal Marcelo Rios, fio condutor das investigações, havia um pen drive com dossiê sobre produtor rural que tem negócios nos municípios de Bonito, Jardim e Maracaju. A pesquisa foi feita com o login de Everaldo Assis. O material também teve uma versão impressa apreendida.

Everaldo afirmou ter relação de empatia com a família Name, traduzida como amizade pelo Gaeco. O policial disse que frequentou algumas vezes à residência da família. Os empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho foram presos e apontados como líderes da organização criminosa.

Já Euzébio de Jesus Araújo é citado como um dos mais antigos seguranças de Name, sendo conhecido por terceiros como ponto de contato com Jamil Name. Apontado como gerente da organização criminosa, Luís Fernando da Fonseca tinha no email imagens de Ilson Martins Figueiredo, chefe de segurança na Assembleia Legislativa. As fotografias mostram a vítima ensanguentada, dentro do carro, além de imagens externas do veículo.

Ilson foi morto em 11 de junho de 2018, uma segunda-feira, na movimentada Avenida Guaicurus, em Campo Grande. A mesmas imagens estavam no email de Juanil Miranda Lima, do núcleo dos pistoleiros. Já o guarda Eronaldo Vieira da Silva confirmou o uso da arma funcional no trabalho na casa de Jamil Name.

Conforme o Gaeco, ele integra o GPI (Grupo de Pronta Intervenção) da Guarda Municipal, que recebe curso do Exército para manuseio de armas longas como fuzis. Ele e os guardas Igor e Rafael informaram que prestavam serviços gerais no imóvel de Name, com pagamento de R$ 625 por semana.

Num dos arquivos encontrados no celular de Marcelo Rios, enquanto ele agredia um homem idoso, “de maneira covarde e cruel”, conforme narra a promotoria, Igor Cunha fazia a filmagem. Ainda de acordo com a investigação, Igor participa de grupo no Facebook sobre veículo "bob", com problemas de documento, em geral, por ser proveniente de roubo, furto, estelionato e apropriação indébita.

A operação foi realizada pelo Gaeco, força-tarefa da Polícia Civil que investiga execuções na Capital, Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros), Batalhão de Choque e Bope. Omertà é um código de honra da máfia italiana, que faz voto de silêncio.

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