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Capital

Juiz é acusado de transformar Vara de Sucessões em “balcão de negócios”

Acusações são resultado de operação que investigou esquema milionário de “venda de sentenças”

Anahi Zurutuza e Aline dos Santos | 13/05/2020 17:06
Juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior em foto quando ainda atuava em Aquidauana (Foto: Reinaldo Bezerra/Pantanal News)
Juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior em foto quando ainda atuava em Aquidauana (Foto: Reinaldo Bezerra/Pantanal News)

Em denúncia que cita ao menos 5 crimes, o juiz Aldo Ferreira da Silva Júnior é acusado de transformar vara onde atuou em “verdadeiro balcão de negócios”. O magistrado foi afastado das funções em novembro de 2018, por determinação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), e foi parar na mira do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), que investigou esquema milionário de “venda de sentenças”.

A denúncia é resultado da Operação Espada da Justiça, que em outubro do ano passado foi à casa do juiz, no Residencial Damha 2, em Campo Grande. O processo tramita em segredo de Justiça.

No trecho da peça acusatória a qual o Campo Grande News teve acesso, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) afirma que entre 2014 e 2018, Aldo Ferreira, associou-se ao advogado Wilson Tavares de Lima, a Jesus Silva Dias e Pedro André Scaff, para cometer crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção passiva, corrupção ativa de testemunha e lavagem de dinheiro.

Não há detalhes de como o esquema funcionava, mas a denúncia aponta que “valendo-se de informações privilegiadas que possuía como juiz titular da Vara de Sucessões da Comarca de Campo Grande”, o juiz “enriqueceu ilicitamente”.

“Utilizava a magistratura como oportunidade de iniciar e realizar tratativas empreendedoras que viessem a beneficiá-lo ou ao restante do se grupo, (...), transformando a Vara de Sucessões em um verdadeiro balcão de negócios”, pontua a acusação.

O dinheiro era arrecadado com a “venda” de sentenças judiciais. Para o MP, está claro que o magistrado beneficiava uma das partes em processos em troca de vantagens. A denúncia ressalta que a investigação coletou “fundados indícios da falta de lisura e imparcialidade nas decisões tomadas pelo denunciado [Aldo Ferreira Júnior]”.

Para esconder os valores que lucrou com o esquema, o magistrado “realizava empreitadas comerciais que eram concretizadas por meio de atividades paralelas voltadas à pecuária ou à compra e venda de veículos”.

Precatórios – Aldo Ferreira Júnior também ocupou cargo de auxiliar da vice-presidência do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e em 2014, uma inspeção no setor de precatórios já havia resultado em afastamento do juiz.

O juiz é casado com a advogada Emmanuelle Alves Ferreira da Silva, suspeita de planejar golpe milionário em processo de inventário. Ela foi presa em julho de 2018.

Outro lado – O Campo Grande News conseguiu contato por telefone com Wilson Tavares, que pouco pôde falar sobre a denúncia, uma vez que a mesma tramita em sigilo. O advogado afirmou, contudo, que vai pedir o levantamento do segredo de Justiça para que possa se defender publicamente. “O sigilo é uma mordaça para quem está denunciado. Sou inocente e estão criminalizando advocacia”, disse.

O profissional informou ainda que nada tem a esconder e quer tornar público extratos bancários, do imposto de renda e documentos que comprovam sua inocência.  “Advoguei para a esposa, advogo para este magistrado e agora estão dizendo que tudo que eu advoguei, é crime”, completou.

A reportagem não conseguiu, por enquanto, contato com os outros citados.

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