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Capital

Medicamentos só dão para 5 dias em alguns hospitais de MS

Falta de leitos pode somar-se a desabastecimento de insumos necessários para entubar pacientes com covid-19

Tainá Jara e Aletheya Alves | 20/03/2021 12:54
Leito de UTI na Santa Casa de Campo Grande (Foto: Divulgação/Santa Casa)
Leito de UTI na Santa Casa de Campo Grande (Foto: Divulgação/Santa Casa)

A situação de colapso da saúde pode ficar ainda pior em Campo Grande. Principais hospitais públicos de Mato Grosso do Sul, Hospital Universitário, Santa Casa e Hospital Regional chegam a trabalhar com estoque de medicamentos suficiente para cinco dias. Na rede privada, a situação também está no limite.

Novos pacientes graves já não têm leitos disponíveis para atendimento e mesmo quem conseguiu uma chance nas UTI (Unidade de Terapia Intensiva) corre o risco de morrer sem sedativos, anestésicos e bloqueadores neuromusculares.

Na Santa Casa, o estoque de Atracurio, que serve para relaxar a musculatura dos pacientes para viabilizar a intubação, é classificado como crítico. De acordo com o coordenador de farmácia do hospital, Igor Luiz da Silva, o estoque dá para menos de 5 dias.

Por enquanto, é possível fazer substituições com doses de Rocurônio, outro relaxante muscular.

Utilizado para sedação, o Midazolam  tem estoque suficiente para os próximos 30 dias. Conforme o farmacêutico, os fornecedores não conseguem entregar as compras em menos de um mês.

Norepinefrina e Adrenalina, utilizada para complicações do tipo cardíacas e de pressão arterial, dão para 30 dias. “São medicamentos essenciais para serem utilizados na UTI”, explicou o profissional.

Também com função de relaxantes muscular, o Rocurônio ainda está em estoque, mas a preocupação é com o preço. As doses passaram de R$ 13 para R$ 190, desde o início da pandemia.

De acordo com a presidente do Comitê Interno de Enfrentamento à Covid-19, a infectologista, Priscilla Alexandrino, hospital enviará um ofício a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), pedindo apoio e ajuda na aquisição de medicamentos. “Há uma possibilidade de ter alguns no mercado, mas o hospital está sem recurso e teme por não poder adquirir antes que acabe os nossos estoques”, alertou.

Hospital Universitário na UFMS, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Hospital Universitário na UFMS, em Campo Grande (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Universitário  - O Hospital Universitária da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), admitiu estar com dificuldade na aquisição dos medicamentos. “Os estoques de bloqueadores neuromusculares, anestésicos e sedativos usados em pacientes covid, temos o suficiente para aproximadamente uma semana, no momento”, afirmou a unidade em nota.

Atendendo paciente covid-19, o hospital tenta viabilizar compra emergencial através de dispensa de licitação, porém até agora nenhum fornecedor se propôs a fornecer esses medicamentos.

Ambulâncias realizam transferências de pacientes em frente ao Hospital Regional (Foto: Paulo Francis/Arquivo)
Ambulâncias realizam transferências de pacientes em frente ao Hospital Regional (Foto: Paulo Francis/Arquivo)

HR – Ontem, a direção do Hospital Regional, referência no tratamento da covid-19,  afirmou que até tem medicamentos em estoque, mas se as empresas não entregarem nos próximos 20 dias, pode faltar.

Conforme a diretora do hospital, Rosana Leite, os fornecedores se comprometeram a honrar a entrega. Enquanto isso, outros medicamentos vêm sendo usados. A unidade também sofre com a sobrecarga da rede de oxigênio.

Rede Privada – O presidente do Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), Marcelo Santana , confirmou a realidade nos hospitais públicos e privados da Capital.

“Existem medicações utilizadas não só para intubação, mas para manter o paciente em sedação pós-intubação. Elas  vem com estoque limitado nos hospitais privados. Os medicamentos dão por mais cinco ou quatro dias. Nos hospitais públicos, ainda há um pouco mais. Deve durar em torno de umas duas semanas”, explicou.

No entanto, o médico explica que a quantidade disponível é considerada de extremo risco, pois a aquisição dos medicamentos não se dá de forma imediata. “A indústria não consegue dar vazão a fabricação devido a alta demanda”, explicou.

Em nota, o Hospital da Unimed reconheceu a dificuldade de comprar medicamentos, mas não revelou quanto ainda tem em estoque. “Até o momento, não tivemos problemas de abastecimento, no entanto, não contamos com a mesma quantidade que tínhamos em estoque antes da pandemia”.

A Cassems (Caixa de Assistência aos Servidores de Mato Grosso do Sul) não respondeu aos questionamentos da reportagem até o fechamento.

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