ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 31º

Capital

Médico tem um mês para dar parecer sobre saúde de ‘Nando’

Ao chegar para consulta, acusado de assassinatos em série voltou a dizer que foi torturado

Anahi Zurutuza e Guilherme Henri | 23/08/2017 11:37
Nando ao chegar sob escolta em clínica na manhã de hoje (Foto: André Bittar)
Nando ao chegar sob escolta em clínica na manhã de hoje (Foto: André Bittar)

O médico Sérgio Cação de Moraes, nomeado para uma perícia judicial em Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, tem até 30 dias para entregar o laudo sobre o estado de saúde do assassino confesso.

O parecer vai embasar a decisão da Justiça sobre o pedido da Defensoria Pública, que representa o apontado como o responsável por 16 assassinatos em série e tenta a prisão domiciliar para ele.

Nando passou por consulta em uma clínica na rua Padre João Crippa, no centro de Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (23). O preso foi transportado pela PM (Polícia Militar) até o local e passou 20 minutos no consultório sob a vigilância de dois agentes.

De camiseta, calça e chinelo, o acusado chegou à clínica às 8h10, com uma hora e 10 minutos de atraso, e falou rapidamente com a reportagem.

Nando mantém alegação feita em carta endereçada ao juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri de que foi torturado para confessar o crime. Ao descer do furgão da PM e perguntado sobre se ele tinha algo a declarar, o acusado respondeu: “eu tenho”. “Posso te falar que foi forjado meu depoimento e que eu apanhei muito na prisão”, continuou.

Ao sair da clínica, ele completou a declaração: “tem gente honesto no meio das autoridades e tem uns que não é [sic] honesto”. Veja o vídeo:

Saúde A Defensoria Pública pediu no início do mês de julho que a Justiça conceda a prisão domiciliar ou permissão de saída para tratamento médico a Nando. 

Camiseta do preso molhada (Foto: André Bittar)
Camiseta do preso molhada (Foto: André Bittar)

Já no dia 17 de julho, o juiz Thiago NagasawaTanaka, em substituição legal na 1ª Vara de Execução Penal, determinou a nomeação de um médico para verificar as condições de saúde do preso.

A defesa de Luiz Alves alega que está em situação precária e atormentado por problema de saúde.

Um estreitamento no canal da uretra faz com que ele precise de cistostomia - abertura na bexiga para introdução de catéter para coleta da urina - e troca quinzenal da sonda usada no tratamento.

Entretanto, essa teria sido feita apenas duas vezes, em 10 de abril e 8 de junho deste ano, acarretando diversos problemas. Conforme a Defensoria, Nando está dormindo sobre pedaços de papelão e foi excluído por outros presos porque o que é coletado pela sonda vaza constantemente e ele passa dia e noite exalando mau cheiro.

Trecho da carta onde Luiz Alves Martins Filho descreve suposta sessão de tortura (Foto: Reprodução)
Trecho da carta onde Luiz Alves Martins Filho descreve suposta sessão de tortura (Foto: Reprodução)

Carta – Apontado pela Polícia Civil como dono de um “cemitério particular” em Campo Grande, Luiz Alves Martins Filho, o “Nando”, alega que sofreu tortura física e psicológica para confessar os 16 assassinatos atribuídos a ele. Ele ainda acusa outro homem, que segundo a Polícia Civil, seria um dos integrantes do grupo de extermínio que atuava na região bairro Danúbio Azul, como o autor dos crimes.

Na carta, escrita com a ajuda de um companheiro de cela, Nando relata que quando foi preso, no dia 10 de novembro do ano passado, policiais usaram uma sacola plástica para asfixiá-lo e lhe deram choque para fazer com que ele falasse sobre os homicídios que estavam sob investigação.

O acusado dos assassinatos em série conta que depois da suposta sessão de tortura na delegacia, ele foi levado para um local deserto, onde continuou apanhando e sofrendo ameaças.

Nos siga no Google Notícias