Medo foi vencido por segurança e diálogo nas escolas
Na porta das escolas, pais e alunos falaram do temor, mas que não acreditam em ameaça real
Os pais que decidiram levar os filhos à escola hoje venceram o temor que sentiam com as ameaças que circularam nas redes sociais nas últimas semanas, acreditando na segurança e no diálogo que travaram durante os últimos dias. Os alunos foram para a aula munidos de muitas recomendações e, alguns, com a descrença sobre qualquer ataque real.
Na entrada da Escola Estadual Professora Thereza Noronha de Carvalho, no Parque do Lageado, os estudantes chegavam a pé, em grupo. Na porta, a diretora os recepcionava e pedia que não ficassem na esquina.
Maria, de 14 anos, está no 9º ano e mora perto da instituição. Foi para a escola hoje atraída com o dia diferenciado. “Hoje vai ter acolhida do ‘Dia S’, vai ter dinâmica, palestra, por isso eu vim”, contou. Ela disse que muitos colegas não deram importância às ameaças que foram feitas, algumas, antes mesmo do ataque a uma creche em Blumenau (SC), no dia 5 de abril. “No geral, os alunos não estão nem aí”, disse. Hoje, ainda teve certo temor. “Ainda bem que o PM [policial militar] está ali”, mostrou. A estudante contou que pelo menos três amigas faltaram à aula hoje.
A mesma tranquilidade foi demonstrada por João, de 15 anos, que estuda na escola desde a 3ª série. “Aqui, ninguém acreditou, picharam o banheiro antes do que aconteceu lá na creche, depois do que aconteceu que acreditaram um pouco”, disse. “Mas, se vier, a gente taca pedra e cadeira nele”.
Na Escola Estadual Henrique Ciryllo, na Vila Rica, os alunos estão munidos de recomendações dos pais. Nathaly Rodrigues, 15 anos, 9º ano, disse que desde que começaram a circular ameaças nas redes sociais passou a ficar alerta. O assunto também foi debatido em sala de aula. “Eu fiquei com medo quando a onda [ameaças] tomou conta”, lembrou. Depois, conversou com os pais e foi orientada a tomar algumas medidas de segurança, como não ficar longe do grupo no pátio, não ficar perto de muros e tentar se trancar em algum cômodo para se proteger.
Giulia Camille Vieira, 13 anos, também saiu de casa com várias orientações dos pais. Também se sentiu segura em ir para a escola ao ver policiais no horário de entrada e saída. Nem todos os colegas conseguiram ter a mesma segurança e a adolescente diz que pelo menos duas amigas faltaram.
Em frente da Funlec Oswaldo Tognini, no Bairro Chácara Cachoeira, algumas crianças chegavam acompanhadas dos pais. O bancário Claudinei Amaral, 55 anos, levou a filha de 14 anos à escola, confiante no esquema de segurança e nas informações recebidas ao longo das semanas. “Eu não ligo para essas pilhas de internet, foram feitas ações preventivas, treinamento com pessoal da portaria, tem segurança na escola, orientação para alunos”, listou.
Amaral disse que o esquema de segurança reforçado também se estendeu às escolas públicas, por conta do momento delicado. “Acho que qualquer lugar está sujeito a sofrer alguma coisa”.
O enfermeiro José Freire Junior, 39 anos, levou os três filhos, com idades de 2 a 16 anos, na escola. A esposa é professora do maternal e, por isso, não teve receio em levá-los à instituição. “Essa escola aqui é bem tranquila, acho que escola pública são mais vulneráveis aos ataques”, avaliou.
Ver reforço na fiscalização também tranquilizou o topógrafo Ricardo Reinaldo da Silva, 43 anos. Fez questão de ver o filho de 12 anos entrar na escola. “Não podemos fingir que não está acontecendo nada, temos que ficar em cima, confiamos no trabalho na escola, mas o filho é nosso bem maior”. Também acredita que o mesmo aparato está sendo feito nas escolas públicas. “Passei na frente de uma pública, tinha dois policiais no portão, acho que todos estão mobilizados, qualquer escola, pública ou particular está sujeita a esse tipo de coisa”.
Colaboraram Ana Beatriz Rodrigues e Mariely Barros.