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Capital

Ministério proibe fabricação de vacina de leishmaniose e gera polêmica

Michel Faustino | 04/12/2014 18:44
Veterinária explica que tratamento ficará mais caro. (Foto: Marcelo Calazans)
Veterinária explica que tratamento ficará mais caro. (Foto: Marcelo Calazans)

Portaria do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicada no dia 11 de novembro deste ano proibiu a fabricação da vacina “Leishmune” do laboratório Zortis Saúde Animal, utilizada para o tratamento da leishmaniose visceral canina. A medida gerou polêmica entre os profissionais e proprietários de animais que utilizam o protocolo de tratamento da vacina.

De acordo o DFIP/MAPA (Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários) a suspensão da licença de fabricação da vacina “Leishumune” é decorrente do não cumprimento do regulamento técnico para pesquisa e desenvolvimento de produtos conforme regulamenta a normativa do MAPA nº31/2007.

Conforme o diretor do DFIP Marcos Vinícius Leandro Junior, a vacina não atendeu os requisitos de avaliação de eficácia vacinal feitas pelo MAPA e pelo Ministério da Saúde. Segundo ele, não existe uma determinação proibindo a utilização das vacinas já fabricadas e eventualmente adquiridas por fornecedores e clinicas veterinárias. No entanto, a continuidade da utilização do protocolo da vacina ficará a cargo do médico veterinário responsável pelo tratamento.

A médica veterinária Ana Lúcia Silviatto Andrade, responsável técnica pela clinica Clinvet, afirma ter sido pega de “surpresa” pela portaria do MAPA. Ela diz que há anos faz a utilização da vacina Leishume, a qual atribui “progressos” no tratamento preventivo da doença.

Segundo Ana Lúcia, um “estoque” da vacina foi adquirido pela clinica antes da publicação da portaria. O que irá garantir que os protocolos iniciados utilizando a vacina sejam mantidos. No entanto, no futuro a vacina terá que ser substituída pela Leish-Tec da Hertape Calier Saúde Animal S.A. O problema, segundo ela, é que o tratamento com a Leish-Tec é cerca de 30% mais caro do que com a Leishmune.

“Hoje eu ainda consigo atender os pacientes que iniciaram o protocolo com a Leishmune, porém, quando acabar as minhas vacinas vou ter que começar a utilizar a a Leish-Tec que custa mais caro. E isso tem gerado reclamações de quem faz o tratamento”, disse.

Na clinica de Ana Lúcia, a vacina Leishmune custa em média R$ 130 a dose. O protocolo de tratamento prevê a utilização de três doses durante um ano e posteriormente uma dose anual de manutenção. Já a Leish-Tec tem custo médio de R$160 como o mesmo protocolo, o que elevaria o preço final do tratamento.

“As pessoas não entendem isso. Não é uma escolha nossa. Hoje ainda há uma possibilidade de se utilizar a vacina que tem, mas depois teremos que usar a outra vacina e é mais cara. Esses dias mesmo uma pessoa que faz o tratamento de seu animal aqui reclamou sobre isso”, disse.

Segundo ela, existe um impasse ainda quanto a continuidade do tratamento. “O problema de quem utiliza já a Leishmune é que terá que iniciar do zero o tratamento com a Leish-tec. Ai a pessoa reclama porque muitas vezes tem que fazer mais três aplicações em um ano, e isso gera gastos”, finalizou.

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