Aldeia Marçal de Souza celebra 30 anos com festa, cultura e resistência
Comunidade promove dois dias de atividades para marcar data de criação da primeira aldeia urbana do Brasil

A Aldeia Marçal de Souza, primeira aldeia indígena em contexto urbano do Brasil, comemorou no dia 9 de junho deste ano seus 30 anos de história, luta e resistência.
Localizada no bairro Tiradentes, a comunidade celebrará as três décadas com uma programação especial nos dias 21 e 22 de junho. A festa será aberta ao público e contará com desfile de moda indígena, apresentações de danças tradicionais, baile cultural, campeonato de futsal indígena e a aguardada escolha da Miss Indígena Mirim.
“A aldeia foi pensada como um refúgio e ponto de fortalecimento para nossos parentes que chegam à cidade em busca de melhores condições de vida. Hoje, somos um espaço vivo de cultura e memória no meio urbano”, explica o cacique Josias Jordão Ramires.
A abertura das festividades, no dia 21, terá a Noite Cultural, com o desfile “Xuve – Raízes Ancestrais”, apresentando roupas com traços da ancestralidade indígena em uma passarela repleta de significado. O público também poderá prestigiar a Orquestra Indígena Marçal de Souza e participar de um baile tradicional, com muita música e momentos de celebração coletiva.
Já no dia 22, além da dança Kipaé masculina e da dança Sipúterena, será realizada uma apresentação dos hinos de Campo Grande e do Brasil em língua Terena, liderada pelo professor Itamar Jorge Pereira. A programação inclui ainda partidas do campeonato de futsal entre equipes da comunidade e a coroação da Miss Indígena Mirim, representando o orgulho das novas gerações.
Um pouco de história - Criada em 1995, a Aldeia Marçal de Souza nasceu a partir da ocupação de uma área da FUNAI por indígenas que buscavam moradia em meio à migração para a cidade. Com trabalho coletivo, mesmo enfrentando dificuldades, as famílias construíram uma escola indígena e preservaram suas tradições.
“Durante essas três décadas, enfrentamos muitos desafios, lutamos por respeito, por reconhecimento. Mas também celebramos conquistas que nos fortalecem como comunidade”, afirma o cacique Josias.
A aldeia foi oficializada em 1998 e inaugurada em 1999. O nome homenageia Marçal de Souza, liderança guarani-nhandeva assassinada em 1983 e reconhecida por sua luta pelos direitos indígenas. A proposta da aldeia urbana, no entanto, ainda carrega críticas quanto ao modelo de habitação, que não respeita plenamente a organização tradicional das famílias indígenas.
Apesar disso, a comunidade resistiu e se consolidou como espaço de acolhimento e valorização cultural. Hoje, a aldeia é referência nacional e abriga famílias de várias etnias, estudantes, mulheres indígenas e lideranças em diferentes áreas.
“Seguimos firmes no nosso propósito de construir uma sociedade mais justa, humana e verdadeiramente indígena. Que esta celebração seja também um momento de renovação do nosso compromisso com a vida coletiva”, destaca Josias.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
Confira a galeria de imagens: