Na fila, o sonho de ficar milionário com a Mega, mas, e a greve dos bancos?
Acumulada desde o começo do mês, o concurso 1.752 da Mega-Sena vai pagar um prêmio de R$ 46 milhões caso algum apostador acerte sozinho as seis dezenas que serão sorteadas nesta quarta-feira (21) em Manaus, às 20 horas (horário de Brasília).
Na fila das lotéricas da Capital, o valor desperta a imaginação do apostador campo-grandense, como ocorre todas as vezes que o prêmio acumula. Aliás, esse valor já foi pago em julho deste ano a um apostador de São Paulo que acertou as seis dezenas.
Para quem fez a famosa “fezinha”, mas ainda não sabe que destino vai dar a tanto dinheiro caso acorde milionário nesta quinta-feira (22), a sugestão é aplicar todo o valor na poupança. O investimento vai render mais de R$ 287 mil em rendimentos mensais, aproximadamente R$ 9,5 mil por dia. Porém, caso o milionário decida investir em bens, poderá comprar 25 imóveis de R$ 1,8 milhão cada ou uma frota de 92 limousines.
No entanto, os apostadores ouvidos pelo Campo Grande News já sabem o irão fazer com o prêmio. A quitação de dívidas e a compra de um imóvel estão no topo das decisões. Na sequência vem o apoio financeiro aos filhos e familiares. É o que irá fazer, caso seja a nova milionária, a aposentada Alzira Muniz.
Desde que parou de trabalhar, há seis meses, ela conta que procura apostar toda semana nas loterias da Caixa e até incluiu seu nome em um bolão permanente no bairro onde mora. Depois de comprar uma casa e separar o dinheiro da faculdade do filho, ela revela que usaria o prêmio para viajar e “desfrutar a vida”.
Mesmo jogando há pouco tempo, ela já conquistou prêmios menores na Lotomania e Dupla Sena. O último foi semana passada, quando faturou R$ 88,00. “Deu para garantir o churrasquinho do final de semana”, brinca.
Quem também vai ajudar a família e pagar contas é a dona de casa Sebastiana Pereira Luares, que já escolheu o irmão como primeiro beneficiado caso acerte as seis dezenas. Ela conta que aposta ocasionalmente, só quando os prêmios estão acumulados, mas acredita que estudando bem os números sorteados anteriormente, é possível faturar algum valor.
Já o autônomo Edvaldo Correa da Silva prefere ser mais metódico e criou um sistema próprio de apostas e garante que um dia vai conseguir “viver apenas de renda”, com o prêmio conquistado através da fórmula. “Às vezes jogo só números altos, às vezes os mais baixos. E tem vez também que misturo tudo”, ensina.
Na conta - Com os sonhos acumulando no imaginário, nenhum apostador lembrou da greve dos bancários, o que pode levar ao atraso do pagamento do prêmio. Entretida com os números, Sebastiana não se ateve ao detalhe e na mesma hora mudou a fisionomia descontraída para uma preocupada. “Nossa, não tinha pensado nisso. E agora?”, questiona.
Para Alzira Muniz, a greve não seria empecilho e até já traçou um plano. “Vou para um hotel cinco estrelas e espero as agências abrirem para retirar o prêmio”, conta às gargalhadas. Porém, seguindo orientação do amigo que organiza os bolões no bairro, ela iria procurar uma agência aberta, apostando que existe uma minoria aberta, e tentar receber o prêmio.
Menos preocupado estava Edvaldo. Como ainda não decidiu o que fazer com o valor, disse que não vê problemas em guardar o segredo até o final da paralisação. “Não ia falar nada até receber o prêmio. É difícil guardar um segredo desses, mas ia me esforçar porque se o pessoal descobre antes de eu receber, ia formar fila em casa. Mesmo depois de receber ia dar um tempo na cidade para não levantar suspeita”, entrega.
Quem está preocupado em perder o prêmio, a Caixa tranquiliza os apostadores e garante que eles não perdem o dinheiro durante a greves dos bancários. O problema é que realmente pode demorar um pouco mais para o valor ser pago.
A primeira sugestão é exatamente a cogitada pela dona Alzira. Procurar uma agência aberta, em qualquer lugar do país. Segundo balanço da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT, somando todos os bancos, o país tem 22,9 mil agências. Só da Caixa são 3,4 mil.
O problema é que, de acordo com o comando nacional de greve, 12.496 agências estão fechadas,o que significa que encontrar uma unidade da Caixa aberta seria o mesmo que encontrar agulha em um palheiro, mas não é impossível.
Caso a missão se torne impossível, a única alternativa é esperar o fim da greve. Segundo uma funcionária da agência da Rua 13 de Maio, que realizava trabalho interno, o apostador também pode ligar em uma agência e verificar se há algum gerente ou funcionário que possa fazer um atendimento exclusivo.
A dica também é compartilhada pela gerente de uma casa lotérica da Rua 14 de Julho. Kelby Devicari teve um grupo de 14 apostadores que faturou R$ 30 milhões acumulados na Mega Sena em maio deste ano. O jogo foi feito em sua loja e, na ocasião, o gerente da Caixa da 13 de Maio esteve na lotérica para informar sobre os ganhadores e orientar quanto a retirada do prêmio.
"Por enquanto o movimento para este jogo de hoje está fraco. Se acumular de novo, o movimento no fim de semana será bem maior", diz.
Se não obtiver sucesso em nenhuma das alternativas e o prazo de validade do prêmio, que é de 90 dias, termine durante a paralisação, o dono do bilhete deverá buscar uma agência no final da paralisação para que a situação seja analisada.
Já para quem tem direito a valores menores, de até R$ 1.903,98, o pagamento é feito em qualquer casa lotérica credenciada.