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Capital

Na volta às aulas, pais denunciam falta de alimentos em creches

Natalia Yahn e Luana Rodrigues | 11/02/2016 07:57
Pais levam filha no primeiro dia de aula em Ceinf no Rita Vieira. Lá até festa aguardava as crianças, enquanto em outras creches falta até mesmo comida. (Foto: Marcos Ermínio)
Pais levam filha no primeiro dia de aula em Ceinf no Rita Vieira. Lá até festa aguardava as crianças, enquanto em outras creches falta até mesmo comida. (Foto: Marcos Ermínio)

As aulas nos 98 Ceinfs (Centros de Educação Infantil) de Campo Grande começam hoje (11), mas enquanto algumas unidades têm denuncias de falta de alimentos e arrecadação ilegal de dinheiro que seria usado para compra de brinquedos, em outras a situação parece ser diferente e até mesmo festas foram organizadas para receber as crianças no primeiro dia de aula.

Pais e funcionárias de Ceinfs em diferentes bairros da Capital falaram sobre o problema da falta de alimentos e também denunciam arrecadação ilegal de dinheiro, alguns pediram para não ser identificados.

Uma funcionária do Ceinf José Ramão Cantero, afirma que os mantimentos para produção dos lanches, almoço e janta das crianças só foram disponibilizados após reportagem do Campo Grande News, publicada na sexta-feira (5). “Fiquei sabendo que as diretoras foram buscar na Suali (Superintendência de Abastecimento Alimentar), porque saiu no site. Mas só tem itens bem básicos mesmo, arroz e feijão, pouca coisa”.

A mesma servidora confirma que no ano passado faltou alimentos e a própria direção do Ceinf comprou os itens para solucionar o problema. “Quando faltava ela (diretora) mesma se virava. As crianças não ficaram sem comida porque era dado um jeito”, disse.

No Ceinf Maria Dulce, no Jardim Noroeste, além da preocupação com a falta de alimentos para as refeições básicas os pais denunciam que também são coagidos a contribuir em dinheiro. “Quando fiz a matrícula da minha filha pediram R$ 50 e disseram que era para comprar brinquedos para as crianças. Também ouvi dizer que não tem comida, mas não pediram nada ainda”, afirmou uma mãe.

Já em outros dois Ceinfs, onde a equipe do Campo Grande News esteve esta manhã a situação relatada pelos pais era diferente e até festas esperavam as crianças. No Ceinf Elodis Estevan, no Jardim dos Estados, Luzia Fátima Ferreira, 37 anos, afirma que viu balões e doces preparados para as crianças que chegavam no primeiro dia de aula. Ela foi deixar a filha de 4 anos, que estuda no local desde o ano passado. “Não pediram nada para iniciar o ano letivo. Vi até uma festinha e por isso acho que não vai faltar merenda”.

No Ceinf Zacarias Vieira, no Bairro Rita Vieira, a comerciante Ana Paula de Andrade, 33 anos, disse que os dois filhos estudam no local, que também não pediu ajuda dos pais para alimentação das crianças. “Tinha uma mesa com muita comida para recepcionar as crianças”, afirmou.

Na semana passada uma reportagem do Campo Grande News mostrou que pais e funcionárias de Ceinfs afirmavam ser coagidos a enviar alimentos para garantir as refeições oferecidas às crianças nas unidades. O problema foi confirmado em três creches em diferentes regiões da Capital, nos bairros Jardim Panorama, Vila Progresso e Estrela do Sul.

No Ceinf Sônia Helena, no Jardim Panorama, pais e funcionárias denunciaram que a alimentação das crianças no local é obtida praticamente apenas com doações. Outro problema apontado é que os materiais utilizados para limpeza e reparos do prédio foram adquiridos pelas próprias funcionárias.

A Prefeitura foi procurada novamente para dar informações sobre o caso, mas até o fechamento deste texto não deu explicações em relação aos problemas.

Em Campo Grande, nas 94 escolas municipais as aulas estão previstas para começar somente na segunda-feira, dia 15 de fevereiro. A Rede Municipal de Ensino – Ceinfs e escolas – tem 100 mil alunos.

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