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Capital

ONG ‘sem-teto’ está na mira do MPT por atrasar pagamentos de pedreiros

Morhar Organização Social contratou moradores para trabalhar em mutirões de construção de casas para famílias da Cidade de Deus

Anahi Zurutuza | 15/11/2016 09:04
Sem pagamento, trabalhadores protestaram no Bom Retiro em outubro (Foto: Direto das Ruas)
Sem pagamento, trabalhadores protestaram no Bom Retiro em outubro (Foto: Direto das Ruas)
No Jardim Canguru também houve protesto (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
No Jardim Canguru também houve protesto (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

O MPT (Ministério Público do Trabalho) instaurou inquérito para investigar os constantes atrasos nos pagamentos dos trabalhadores dos mutirões da Prefeitura de Campo Grande para a construção de casas dos moradores dos loteamentos nos bairros Pedro Teruel e Jardim Canguru – no sul da Capital –, e Bom Retiro – localizado na região da Vila Nasser, no oeste da cidade. A Morhar Organização Social, contratada pela administração municipal, é alvo da apuração.

De acordo com a assessoria de imprensa do MPT, as várias notícias veiculadas pela imprensa local sobre a situação dos trabalhadores motivaram a abertura da investigação, embora nenhum dos pedreiros e serventes contratados pela ONG (Organização Não-Governamental) tenha procurado a instituição.

Procuradores do MPT tentarão encontrar o presidente da entidade, que dificilmente atende à imprensa e quase nunca dá satisfações sobre os atrasos, além de ouvir os trabalhadores.

Casa sem terminar no loteamento Pedro Teruel, para onde parte das famílias da favela Cidade de Deus foram levadas; toda vez que trabalhadores ficam ser receber, obras param (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)
Casa sem terminar no loteamento Pedro Teruel, para onde parte das famílias da favela Cidade de Deus foram levadas; toda vez que trabalhadores ficam ser receber, obras param (Foto: Fernando Antunes/Arquivo)

Atrasos e sumiço – Em outubro, o Campo Grande News veiculou pela última vez matérias sobre os atrasos. No dia 21, uma matéria retratou a saga dos trabalhadores em busca dos pagamentos, que parecia longe de terminar.

Após protestos com direito a bloqueio de rodovia, no fim da tarde da quinta-feira, dia 20 do mês passado, os cerca de 40 trabalhadores receberam pelos dias de serviços prestados, mas depois de conferirem os valores, passaram alegar que levaram “calote”. 

Na tentativa de encontrar a ONG para cobrar a diferença, pedreiros descobriram que os endereços fornecidos pela mesma não existem.

 

No endereço do Chácara Cachoeira, o que restou foi a placa da ONG (Foto: Alcides Neto/Arquivo)
No endereço do Chácara Cachoeira, o que restou foi a placa da ONG (Foto: Alcides Neto/Arquivo)

‘Sem teto’ – A reportagem por diversas vezes também procurou representantes da empresa em seus supostos endereços, sem sucesso. O primeiro, que consta no CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) da Morhar, na Dr. Antônio Alves Arantes, no Chácara Cachoeira – no leste da Capital – já não era mais sede da ONG quando a equipe esteve lá em julho.

O segundo, na rua Dr. Cyro Bueno, na Vila Planalto – região central –, nunca sediou a ONG, segundo vizinhos.

Contratos – A Morhar Organização Social é a empresa responsável por fornecer o material necessário para a construção das casas que seriam erguidas pelos próprios moradores nos quatro loteamentos criados pela prefeitura para abrigar as 390 famílias da antiga favela Cidade de Deus, transferidas para as áreas em março.

Com a administração municipal, a ONG tem contrato de R$ 3,6 milhões.

Em julho, para acelerar os trabalhos no Vespasiano Martins, a ONG decidiu contratar integrantes da comunidade que já eram pedreiros e alguns moradores para atuarem como serventes. A contratação, entretanto, é informal e os trabalhadores recebem diárias pelos serviços prestados, o que tem sido motivo de confusão. O mesmo foi feito depois nas outras três áreas.

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