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Capital

'Sem teto' e com milhões em caixa, paradeiro de Ong ainda é mistério

Adriano Fernandes | 22/08/2016 20:10
Rua da Vila Planalto onde seria um dos escritórios da Ong, mas pelo local o número nem existe. (Foto: Adriano Fernandes)
Rua da Vila Planalto onde seria um dos escritórios da Ong, mas pelo local o número nem existe. (Foto: Adriano Fernandes)

Enquanto as casas sob sua supervisão esfarelam a cada dia ou sequer começaram a ser erguidas, o paradeiro do proprietário e até mesmo um endereço onde seja a sede da Morhar Organização Social, a Ong 'sem teto' que seria especialista em moradias, ainda é um mistério. Pela vizinhança da Rua Dr. Ciro Bueno, na Vila Planalto, um dos prováveis locais onde seria o escritório da instituição, a procura por informações virou rotina, mas nada se sabe.

A Morhar fez convênio com a Prefeitura, este ano, no valor de R$ 3,6 milhões. Em troca, supervisionaria a construção, em sistema de mutirão, de 300 casas para famílias removidas da favela Cidade de Deus.

Boa parte das casas não saiu do papel até agora. Onde foram construídas, o último episódio veio com o vendaval de sábado (20), quando parte de alguns telhados se soltaram, obrigando famílias a deixarem as moradias e voltarem para barracos.

Enquanto isto, a Ong 'sem teto' segue sendo um mistério. “Pelo menos outras duas pessoas vieram aqui em busca de encontrar esta 'empresa', mas esse endereço nunca existiu”, comenta uma das moradoras da vizinhança, que prefere não se identificar. A senhora que atendeu a reportagem do Campo Grande News na tarde desta segunda-feira (22) disse que mora no local há 30 anos.

A mesma queixa têm moradores do assentamento rural Vale do Sol, um dos locais que deveriam ter recebido obras da Morhar. “Uma vez até vimos o Rodrigo – da Silva Lopes, presidente da Ong – nesta rua, entrando em um outro endereço, mas quando fomos ao local e eu disse de onde eu era, simplesmente não fui atendida”, conta Vilma da Silva.

Ela é a presidente da Associação de Moradores do Assentamento Vale do Sol, loteamento composto por sem-terra e cuja as obras também nunca foram concluídas. 

“Das 65 famílias que o assentamento poderia abrigar apenas 41 assinaram os contratos por obras que nunca nem sequer começaram a ser feitas. Quando começamos a cobrar por uma resposta definitiva os representantes da empresa até nos atendiam mas agora, não conseguimos mais o posicionamento de ninguém”, se queixou.

Se pela rua o número de onde seria o endereço da Morhar simplesmente não existe, por telefone a reportagem também não teve sucesso em encontrar os representantes da ONG. O atual presidente da Morhar, Rodrigo da Silva Lopes, não atende às ligações.

A rua Dr. Antônio Alves Arantes, 429, no bairro Chácara Cachoeira foi um dos prováveis endereços onde seria a sede da empresa. (Foto: Alcides Neto)
A rua Dr. Antônio Alves Arantes, 429, no bairro Chácara Cachoeira foi um dos prováveis endereços onde seria a sede da empresa. (Foto: Alcides Neto)

Sem teto – O Campo Grande News esteve no mês de julho em outro provável endereço da entidade, na Rua Dr. Antônio Alves Arantes, 429, no bairro Chácara Cachoeira. No endereço, que fica em uma das áreas nobres da cidade, a informação era de que a Morhar Organização Social havia se mudado há mais de um ano.

Convênio - O convênio 175, com valor de R$ 3,6 milhões, foi publicado no dia 21 de junho. O montante milionário seria para ressarcimento de despesas na construção de 300 unidades habitacionais destinadas à acomodação das famílias remanejadas da favela Cidade de Deus, no bairro Dom Antônio Barbosa.

As famílias foram levadas para áreas dos loteamentos no Jardim Canguru, Bom Retiro, Pedro Teruel e no Vespasiano Martins. Neste último, houve o destelhamento parcial no sábado, enquanto no Bom Retiro, barracos de quem só viu a favela mudar de endereço também foram afetados.

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