ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SÁBADO  23    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Operação tentou minar poder do PCC após 'salve' para aterrorizar MS

Comunicado mandava membros da facção praticarem atentados contra servidores da segurança pública, além de mais ações de tráfico de drogas e roubos, para 'abastecer' a facção

Luana Rodrigues | 18/04/2017 18:05
Carro do Batalhão de Choque estacionado em frente ao presídio (Foto: Willian Leite)
Carro do Batalhão de Choque estacionado em frente ao presídio (Foto: Willian Leite)

Um 'salve–geral', ou seja, um comunicado emitido pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) no meio do ano passado foi o que deu início a investigação que resultou na Operação Desdita, desencadeada nesta terça-feira (18) pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), em Mato Grosso do Sul.

Segundo investigações, a ordem vinda da cúpula da organização criminosa era para que integrantes praticassem atentados contra agentes da segurança pública do Estado e que intensificassem ações de tráfico de drogas e roubos, para 'abastecer' a facção.

De acordo com a coordenadora do Gaeco, promotora Cristiane Mourão, assim que receberam estas informações, investigadores iniciaram uma verdadeira caçada a lideranças da facção no Estado. Com a investida, desde então nove pessoas foram presas, entre elas Antonio Marcos dos Anjos Silva, o ‘Daleste’, Diego Freitas Leite, conhecido como ‘Lendário’, Francivaldo Rodrigues Lima, apelidado como ‘Pantaneiro’, Nilton Cesar Antunes Veron, o ‘Cezinha’, Rui Ederson da Silva Fernandes, ‘Veloster’, Rogério dos Santos Costa, ‘Armagedon’ e Sandro Serafim Natal, o Barba.

Promotora Cristiane Mourão, coordenadora do Gaeco. (Foto: André Bittar)
Promotora Cristiane Mourão, coordenadora do Gaeco. (Foto: André Bittar)

Esses líderes tinham variadas funções dentro da facção, como a de ‘resumo disciplinar’ – aqueles que fazem o ‘julgamento’ dos membros (punições que podem variar de tortura, pagamentos até morte), ‘final ou geral de rua’, que controlam os membros que não estão presos, ‘final do estado’, líderes estaduais do grupo, ‘geral da sintonia do paiol disciplinar’, responsáveis pela arrecadação de fundos para a facção, e ‘resumo financeiro’, controladores do dinheiro da organização criminosa.

Após a prisão do grupo, em dezembro, o Gaeco passou a investigar outras ramificações da facção em Mato Grosso do sul. Membros pertencentes às bases, ou chefes da organização que ficavam no interior do Estado. 

As investigações resultaram na operação de hoje, com a prisão de 46 pessoas, entre elas sete mulheres e apreensão de dois adolescentes. Ainda houve recolhimento de 10 armas, recuperação de quatro veículos e os bloqueios de 42 contas bancárias e 94 terminais de telefonia. Também foram apreendidas quantidades não reveladas de drogas e dinheiro.

As ordens expedidas pelo juiz Mário José Esbalqueiro Júnior, da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, foram cumpridas na Capital, em Dourados, Naviraí, Ponta Porã e Mossoró, município do Rio Grande do Norte. A ofensiva foi realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e contou com a parceria de cerca de 100 agentes PM (Polícia Militar), por meio da Dintel (Diretoria de Inteligência) e batalhões do Choque e Bope.

Desenho apreendido pelo Gaeco nesta terça-feira (18), com frase ditando morte de policiais militares. (Foto: André Bittar)
Desenho apreendido pelo Gaeco nesta terça-feira (18), com frase ditando morte de policiais militares. (Foto: André Bittar)
Dinheiro e drogas apreendidas durante operação. (Foto: André Bittar)
Dinheiro e drogas apreendidas durante operação. (Foto: André Bittar)

Azarado – O Gaeco também detalhou o motivo do nome de ‘Desdita’ à operação. O termo, que significa falta de sorte, foi usado porque, segundo Cristiane Mourão, por meio de interceptações, os investigadores descobriram que um dos membros da organização criminosa, identificado como Luiz Carlos dos Santos, se dizia muito azarado nos últimos meses, já que as operações da facção desenvolvidos por ele não estavam dando certo.

“O que ele (Luiz Carlos) não sabia é que estava sendo monitorado e que as informações coletadas eram repassadas para polícia, para que os agentes pudessem impedir as ações da facção”, disse a promotora.

Conforme o Gaeco, as investigações relacionadas a operação continuam. Os presos irão responder pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e roubo, além de outros delitos.

Nos siga no Google Notícias