Pai de menino torturado ameaça fazer justiça pelas próprias mãos
No bairro Nova Lima, onde o menino de 7 anos, torturado pelos tios com quem morava, a revolta é predominante entre os vizinhos. Na sexta-feira, quando as agressões vieram à tona, o pai biológico que só veio a saber do caso pela imprensa, comentou com os moradores que estava furioso.
“Ele disse que se a justiça não for feita, ele mesmo fará”, contou ao Campo Grande News uma adolescente de 16 anos, vizinha da casa onde acontecia a violência.
O pai biológico é irmão do autor das agressões que está preso desde a manhã de sexta-feira. O rapaz tem 30 anos e cumpria pena no Presídio de Segurança Máxima da Capital por homicídio. Ele foi posto em liberdade na quarta.
Para a Polícia, o pai contou que a criança foi fruto de um rápido relacionamento com uma mulher que vive no município de Nova Olímpia (MT) e que o filho estava com os tios depois de ter sido vítima de estupro. O menino morava há oito meses com os tios.
A casa onde morava a criança estava sem depredações até o final da semana. “É uma coisa fora do normal, mas até agora ninguém fez nada contra a casa dele”, disse Fábio da Silva, 30 anos, sobre a revolta dos vizinhos.
O caso chegou ao conhecimento da Polícia depois que uma vizinha no bairro Nova Lima viu o menino andando pela rua com uma sacola de roupas. A mulher acolheu a criança, percebeu os ferimentos pelo corpo e o menino acabou confessando a violência que sofria e os planos de fugir de casa.
A vizinha chamou a Polícia que foi até o local e prendeu os tios do menino. Em depoimento, o casal confessou as agressões e os dois vão responder pelo crime de tortura. A perícia que esteve na casa na tarde de sexta-feira confirmou que a criança dormia na casinha do cachorro e que também costumava ficar num cantinho da lavanderia.
De acordo com a delegada da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), Regina Márcia Rodrigues, o menino só entrava na casa para almoçar e jantar. Os tios moram numa casa de tábua nos fundos do terreno onde há outra residência.
Os exames do IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal) apontaram várias fraturas no maxilar, mandíbula, costela e nas mãos da criança. Até mesmo o órgão genital do menino foi ferido nas agressões. Na entrevista à imprensa, a tia confessou que a unha do pé do menino foi arrancada com alicate. A mulher confessou também que deixava a criança de castigo no sol e batia no menino quando ele urinava na roupa e tirava comida da geladeira, como pacotes de biscoito e iogurte.