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Capital

Prefeitura mantém aposentadoria de médico envolvido na Máfia do Câncer

Médico faz parte do quadro de pessoal da Prefeitura

Mayara Bueno | 09/05/2016 12:23

A Procuradoria-Geral do Município decidiu manter a aposentadoria de Adalberto Abrão Siufi, médico envolvido na operação Sangue Frio, que apurou irregularidades na saúde em 2013, em caso que ficou conhecido como "Máfia do Câncer". O resultado do processo administrativo contra ele, aberto em fevereiro deste ano, foi publicado no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), desta segunda-feira (9).

De acordo com o documento, assinado pelo procurador do município, Denir de Sousa Nantes, a Prefeitura reconhece a “impossibilidade de aplicação da pena de cassação de aposentadoria do servidor público Adalberto Abrão Siufi”, mas não traz mais detalhes sobre o motivo da decisão. Siufi é médico aposentado do quadro de pessoal da Prefeitura.

Ainda reitera que a decisão acontece sem a análise de mérito quanto às acusações envolvendo a empresa Neorad, no que diz respeito aos recebimentos de verbas públicas. Com a decisão de hoje, o procedimento contra o médico será arquivado.

Em 23 de fevereiro deste ano, a procuradoria abriu um processo administrativo disciplinar para apurar irregularidades funcionais cometidas pelo servidor. O prazo de conclusão era de até 60 dias. A reportagem do Campo Grande News procurou Denir Nantes para obter mais detalhes, mas as ligações não foram atendidas. A assessoria também foi acionada, mas não respondeu até o fechamento e publicação deste texto.

Investigação – Em março de 2013, foi deflagrada a operação da Polícia Federal, chamada de “Sangue Frio”. Nas primeiras horas da manhã de 19 de março daquele ano - munidos com 19 mandados de busca e apreensão e quatro ordens judiciais de afastamento de funções - policiais federais foram ao Hospital do Câncer Alfredo Abrão, ao HU (Hospital Universitário) Maria Aparecida Pedrossian, à residência do médico Adalberto Abrão Siufi e à clinica NeoRad.

Desde a data, o ano foi um desdobramento do escândalo, potencializado, principalmente, pela divulgação de escutas telefônicas revelando conchavos em que a saúde era a última das preocupações.

A primeira suspeita sobre o Hospital do Câncer foi lançada pelo MPE (Ministério Público Estadual). Na semana anterior à operação da PF (Polícia Federal), a promotora Paula Volpe havia pedido à Justiça o afastamento dos três diretores, sendo Adalberto Siufi o diretor-geral.

Conforme a denúncia, a unidade hospitalar mantinha contrato com a NeoRad, empresa cujo um dos proprietários era Siufi; cobrou por atendimento a paciente morto e remunerou parentes do diretor com altos salários.

Outro detalhe era que a Neorad recebia tabela SUS (Sistema Único de Saúde) mais 70%. Em quatro anos, foram R$ 12 milhões. No dia da operação, Siufi chegou a ser preso por porte ilegal de arma, sendo liberado após pagar fiança de R$ 30 mil.

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