Réu por estupro, ex-motorista de aplicativo tem exame psiquiátrico negado
Acusado de abusar de vítimas dentro do carro, ele tentava usar laudos antigos para fugir da condenação
Réu em vários processos por crimes sexuais, o ex-motorista de aplicativo Adriano da Silva Vieira, hoje com 41 anos, sofreu nova decisão da Justiça de Mato Grosso do Sul. Desta vez, o juiz negou o pedido da defesa para que fosse feito um exame psiquiátrico no acusado, com a alegação de que ele teria problemas mentais e, por isso, não poderia ser responsabilizado pelos crimes que cometeu.
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O ex-motorista de aplicativo Adriano da Silva Vieira, de 38 anos, teve negado pela Justiça de Mato Grosso do Sul o pedido de exame psiquiátrico em processo que o acusa de estupro de vulnerável. A defesa alegava que ele teria problemas mentais e não poderia ser responsabilizado pelos crimes. Vieira foi preso em junho de 2022 após denúncia de uma funcionária pública que escapou de tentativa de estupro durante corrida por aplicativo em Campo Grande. Após sua prisão, outras duas mulheres o denunciaram por importunação sexual, revelando um padrão de abordagem que incluía desvio de rota e ameaças às vítimas.
A decisão faz parte de processo referente a um dos casos mais graves contra Adriano: a acusação de estupro de adolescente. O processo corre em sigilo, mas a movimentação judicial revela que a defesa queria que fosse aberto um procedimento chamado “incidente de insanidade mental”, que levaria à realização de uma perícia oficial para avaliar se o réu tem algum transtorno psicológico que o torne inimputável, termo jurídico que significa incapaz de entender que cometeu um crime ou de se controlar.
Para justificar o pedido, os advogados apresentaram laudos feitos em outros processos que também investigam crimes sexuais cometidos por Adriano. No entanto, o juiz entendeu que esses documentos não provam que ele tenha problemas mentais ligados ao caso em questão, nem apontam nenhuma dúvida concreta sobre sua saúde mental no momento em que o crime aconteceu.
O juiz ainda destacou que cada processo deve ser analisado individualmente e que exames feitos em outras situações não servem como prova automática para este caso. Apesar disso, o magistrado permitiu que os laudos apresentados fiquem no processo como documentos complementares, e não descartou a possibilidade de uma nova avaliação no futuro, se surgirem indícios mais claros durante o julgamento.
A audiência de instrução e julgamento foi marcada para o dia 26 de setembro de 2025, às 14h15. Nessa etapa, está previsto o depoimento especial da vítima, com acompanhamento técnico, como determina a legislação para casos que envolvem crianças e adolescentes.
O caso que revelou a série de crimes - Adriano foi preso em junho de 2022, após ser denunciado por uma funcionária pública de 28 anos, que conseguiu fugir de tentativa de estupro durante corrida por aplicativo, em Campo Grande. Segundo o boletim de ocorrência, ela havia chegado de viagem por volta das 4h30 da madrugada e chamou um carro pelo aplicativo para ir até sua casa, no bairro São Francisco.
Durante o trajeto, o motorista, que dirigia um Ford Ka, encerrou a corrida no aplicativo antes mesmo de iniciá-la, desviou da rota prevista e passou a trafegar por ruas com pouca iluminação. Desconfiada, a vítima ligou para o marido e ficou em contato com ele por telefone. O motorista então teria avançado sobre ela, tentando forçar um ato sexual, chegando a arranhar o rosto da passageira com as unhas. Em um áudio divulgado na época, é possível ouvir o momento exato do ataque.
A vítima conseguiu abrir a porta e fugiu pulando a janela do carro em movimento. Ela acionou a Polícia Militar e o suspeito foi localizado e levado à 6ª Companhia Independente da PM. No primeiro depoimento, negou o crime, mas dias depois, confessou os abusos, alegando estar sob efeito de pasta-base de cocaína.
Na época, a delegada Elaine Benicasa, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), informou em coletiva de imprensa que outras duas pessoas já haviam denunciado o mesmo suspeito por importunação sexual, incluindo uma adolescente. Todas eram passageiras de corridas feitas por aplicativo. Ele sempre usava o mesmo padrão de abordagem: desviava da rota, tentava manter contato físico à força e ameaçava as vítimas.
Adriano disse que nos primeiros casos conseguiu tocar nas mulheres e chegou a se masturbar na frente delas. Os dois primeiros boletins de ocorrência foram registrados nos dias 29 e 30 de maio de 2022. A terceira vítima foi a funcionária pública que escapou no dia 6 de junho.
Assim que os casos vieram a público, a empresa Uber informou que desativou a conta de Adriano da plataforma.