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Capital

Saúde garante que espera por psiquiatra é de 5 meses e não de 79 anos

Secretaria admite ser impossível zerar fila do SUS e explica o motivo

Por Anahi Zurutuza e Caroline Maldonado | 17/11/2023 19:46
Pacientes à espera de atendimento em posto de saúde da Capital (Foto: Campo Grande News/Arquivo)
Pacientes à espera de atendimento em posto de saúde da Capital (Foto: Campo Grande News/Arquivo)

Zerar a fila do SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande é missão impossível, admite a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública), mas segundo a pasta, a realidade da Capital não é tão assustadora quanto à mostrada em relatório enviado à Câmara. A espera por uma consulta com psiquiatra, por exemplo, não é de inviáveis 79 anos, mas de 5 meses, em média.

A reportagem teve acesso a projeções feitas automaticamente pelo Sisreg (Sistema de Regulação), que controla os atendimentos feitos na rede pública, sob a coordenação da Sesau, no mês de outubro deste ano. Amostra do que os números escancaram foi mostrada em reportagem publicada pelo Campo Grande News nesta sexta-feira (17). Em resumo, o relatório traduz que parte das 61 mil pessoas que formam a fila por consultas com especialistas ou exames específicos na cidade nunca vai conseguir receber o atendimento, a não ser que recorra à filantropia, rede particular ou consiga o procedimento por ordem judicial.

Em resposta à matéria veiculada nesta manhã, a Sesau explicou que os números são muito variáveis. “Cabe ressaltar que é impossível que as filas sejam completamente zeradas, uma vez que a inserção de novos pacientes é constante, causando, assim, uma rotatividade e flutuação no número de pessoas que estão aguardando por atendimentos”.

A secretaria explicou que hoje são oferecidas mensalmente 919 vagas para atendimento psiquiátrico na Capital, por exemplo. “Ou seja, o paciente que entrar hoje na fila de espera, em menos de cinco meses já terá o primeiro atendimento realizado com o médico especialista”, informou a secretaria.

A planilha entregue ao Campo Grande News também mostra que para fazer uma ressonância magnética pelo SUS na Capital, o paciente precisaria esperar 565,90 meses – ou seja, 47 anos. Uma criança que precisa passar por um neuropediatra, se depender do SUS, já estará na adolescência ou adulta quando chegar sua vez – a fila estava estimada em 16 anos.

A Sesau informou, por meio da assessoria de imprensa, que a fila para a ressonância magnética vai “reduzir significativamente”, porque o município aderiu ao programa “MS Saúde: Mais Saúde, Menos Filas”, do Governo de Mato Grosso do Sul.

Já sobre o atendimento neuropediátrico, segundo a pasta, faltam profissionais especializados na rede. “É uma realidade apresentada em todo o território nacional. A prefeitura está em contato constante com prestadores de serviços para ampliar a oferta de vagas, que hoje é uma média de 72 por mês, e, assim, garantir o atendimento célere à população”, também informou.

Por fim, a Sesau informou que têm ampliado a oferta de atendimentos em geral. “Mesmo durante o período pandêmico, entre os anos de 2020 e 2022, Campo Grande tem aumentado a oferta assistencial à saúde, havendo um crescimento de 24% nas vagas oferecidas em 2021 quando comparada com o ano anterior, e de 52% quando observado o cenário de 2022 e o relacionando ao mesmo período já passado. Neste ano, a média mensal de atendimentos ambulatoriais realizados pela Secretaria Municipal de Saúde, até setembro, era de 64.579, um número 5% maior que a média por mês de todo o ano anterior”.

Contudo, outro problema enfrentado na rede, além da sobrecarga recebida do interior, são as faltas dos pacientes agendados. “É importante reforçar que, atualmente, cerca de 30% dos pacientes que têm horário agendado para consulta ou realização de exames não comparecem para atendimento. Assim, mesmo com a ampliação de vagas que houve nos últimos anos, a taxa de absenteísmo observada atualmente também impacta no tempo de espera pela consulta aos demais pacientes”.

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