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Capital

Seis são indiciados por assassinato de rapaz encontrado com mãos amarradas

Felipe foi executado durante "julgamento" de facção criminosa após denúncia de estupro de menina de 11 anos

Ana Paula Chuva | 18/10/2022 10:47
Agentes funerários colocando o corpo de Felipe no caixão. (Foto: Gabrielle Tavares | Arquivo)
Agentes funerários colocando o corpo de Felipe no caixão. (Foto: Gabrielle Tavares | Arquivo)

Seis pessoas foram indiciadas pelo assassinato de Felipe Batista de Carvalho, 19 anos. O rapaz foi encontrado morto, com os pés e mãos amarrados com fios elétricos, no dia 20 de abril deste ano, em uma área de mata às margens de uma estrada vicinal que liga o Jardim Santa Emília ao Bairro Nova Campo Grande, na Capital.

De acordo com as investigações da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), Felipe foi morto após uma acusação de estupro de vulnerável contra a filha de uma das pessoas indiciadas, uma menina de 11 anos.

Após descobrir o abuso, a mãe da criança pediu a intervenção de uma organização criminosa, que atua na região do Bairro Paulo Coelho Machado. Felipe acabou sendo morto durante um julgamento "informal" da facção na região da invasão da Homex. Mas houve deslocamento durante a execução e os atos terminaram em um imóvel no Jardim Tarumã.

Das seis pessoas indiciadas, quatro foram estão presas preventivamente, uma está foragida e outra responde em liberdade pelo crime. Elas não tiveram a identidade divulgada, são três homens de 26, 29 e 38 anos, um eles o pai da menina de 11 anos que já cumpria pena em presídio. E três mulheres de 25, 28 e 44.

Conforme apurado pelo Campo Grande News, uma das presas é servidora municipal e atua como merendeira em uma escola da Capital. Além disso, ela era sindica do condomínio Aero Rancho e participou da execução de Felipe, que foi no mesmo dia em que um menino 3 anos, foi encontrado morto após se afogar em sumidouro a 40 metros do parquinho do local. O outro é o marido dela.

A foragida é Thaynara Ribeiro Gomes, 25 anos, segundo apurado pela reportagem. Ela sumiu um dia depois do crime, mas já teve a prisão preventiva decretada e segue sendo procurada pela polícia. Os outros dois homens estão presos.

Thaynara teve a prisão preventiva decretada, mas está foragida. (Foto: Reprodução | Facebook)
Thaynara teve a prisão preventiva decretada, mas está foragida. (Foto: Reprodução | Facebook)

Desaparecimento e morte - Felipe estava desaparecido desde o dia 17 de abril, conforme boletim de ocorrência registrado pelo pai do rapaz, Reginaldo de Carvalho Ávila. Na época, ele contou que o filho trabalhava como servente de pedreiro em uma fazenda na cidade de Anastácio, a 122 km da Capital, onde conheceu um outro rapaz identificado como Renan.

Ainda conforme registro policial, a mãe de Renan ofereceu uma vaga de emprego para Felipe trabalhar como operador de máquinas em Campo Grande. O rapaz seguiu para a Capital, mas não conseguiu a vaga prometida.

Dessa forma, ele passou a morar com Renan e a sua mãe no Jardim Los Angeles, bairro do sul da Capital, ocasião em que conheceu uma mulher, não identificada, que demonstrou interesse em manter relacionamento amoroso com Felipe.

Porém, o rapaz não quis e passou a “se relacionar” com a filha dessa mulher, uma criança de 11 anos. Revoltada, a mulher acionou o “comando” de uma facção criminosa para punir Felipe, pois a menina fazia uso contínuo de medicamento controlado. Sabendo dessa situação, o acusado chegou a entrar em contato com o pai dizendo que pelo ocorrido apenas “apanharia” como punição e “estaria tudo resolvido”.

Mas dias depois, a mãe de Renan entrou em contato com o pai de Felipe informando que o rapaz havia sido classificado como “jack” - termo do crime para quem comete estupro - e, em razão disso, havia chances dele ser executado. Em outra ocasião, não informada, a mãe de Renan entrou em contato novamente com o pai afirmando que o “comando” havia levado Felipe para a “cantoneira”, onde seria assassinado até às 3 horas de sábado (dia 16).

No dia seguinte, sem contato com o filho, Reginaldo registrou o desaparecimento. O rapaz foi encontrado morto quatro dias depois. Ele pode ter sido asfixiado ou baleado na cabeça, no entanto, somente exames detalhados poderão comprovar a causa da morte.

Movimentação de peritos no local onde o corpo de Felipe foi encontrado. (Foto: Gabrielle Tavares | Arquivo)
Movimentação de peritos no local onde o corpo de Felipe foi encontrado. (Foto: Gabrielle Tavares | Arquivo)

Estupro -  No dia 18 de abril, foi registrado boletim de ocorrência de estupro de vulnerável na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) pela avó da criança, uma mulher de 44 anos.

Ela contou que a mãe da menina descobriu no dia 15, mesmo dia do desaparecimento do rapaz, que a filha estava se relacionando com o jovem e tinha mantido relação sexual com ele.

Segundo a avó, depois do episódio, ela havia levado a neta para morar em sua casa e iria entrar com pedido da guarda, pois nem estudando a menina estava. Em atendimento no setor psicossocial, a criança confirmou que estava “namorando” Felipe.

Nesta ocasião, o rapaz já havia sido inserido no sistema da polícia como vítima de desaparecimento.

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