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Capital

Sem medicação, HR cancela quimioterapia de paciente com câncer raro

Para família, hospital informou que aceitaria doação das 42 ampolas necessárias para uso na sessão desmarcada

Lucia Morel | 23/06/2021 16:05
Rosimery e a filha, Larissa. (Foto: Arquivo pessoal)
Rosimery e a filha, Larissa. (Foto: Arquivo pessoal)

Sem medicamento para realizar quimioterapia, o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul cancelou a internação da paciente Rosimery Machado, de 42 anos, que hoje começaria a sexta sessão do tratamento. Ela foi diagnosticada há cerca de oito meses com um câncer raro – linfático de garganta e também tem leucemia.

Desesperada, a filha dela, Larissa Machado Naban, de 25 anos, procurou o Campo Grande News na tentativa de conseguir apoio para a compra da medicação em falta – que totaliza R$ 7 mil – ou que outras unidades de saúde doem a Citarabina para o HR e Rosimery possa então passar pela quimio.

Ela precisa de 42 ampolas para esta sexta sessão, que deveria começar hoje com a internação. São cinco dias no hospital para as aplicações medicamentosas e dependendo das condições de Rosimery, mais cinco dias para se recuperar e poder receber alta.

“A assistente social telefonou ontem avisando que minha mãe não ia internar porque estavam sem a Citarabina. Mesmo assim, hoje fui lá, com a malinha dela e tudo, pra entender o que está acontecendo, mas não teve jeito”, contou Larissa, que é técnica de enfermagem.

A mãe dela já passou por cinco sessões das oito inicialmente agendadas. Nesta sexta, que começaria hoje, a médica já havia avisado que os efeitos colaterais seriam sérios e que Rosimery ficaria bastante rebaixada e abatida.

Rosimery em uma das sessões de quimioterapia. (Foto: Arquivo pessoal)
Rosimery em uma das sessões de quimioterapia. (Foto: Arquivo pessoal)

Larissa disse ainda que devido a gravidade dos cânceres, quando termina uma sessão, dias depois a garganta dela apresenta inchaço e ela começa a ter dificuldades em engolir e respirar. “A quimioterapia é urgente pra ela”, afirma.

A jovem comentou também que já procurou a medicação na Casa da Saúde e na Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), mas não há. “No hospital disseram que ninguém tinha, mas eu fui atrás pra tentar comprar então. Fica R$ 7 mil. Eu não tenho esse dinheiro”, lamentou, ressaltando que o HRMS informou que se ela levasse a medicação, como doação, seria possível realizar a quimioterapia.

Ela disse ainda que procurou a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul na tentativa de pedir na Justiça a medicação, mas o procedimento exige documentos que precisam de assinatura da médica de Rosimery. No entanto, a médica teria dito que não assinaria.

Resposta - o Hospital Regional informou que não tem data para que os tratamentos quimioterápicos sejam retomados e que está "tentando enviar esses pacientes para outros hospitais para que possam dar continuidade no tratamento".

Informou ainda que empresa fornecedora do medicamento em falta, a Accord Farmacêutica LTDA, deixou de entregar quatro de seis lotes que estavam previstos. "Com a ineficiência da empresa, a aquisição de Citarabina 1g está em processo emergencial (27/005.449/2021) e em fase de cotação", ressalta a instituição.

No entanto, "até o momento não houve nenhuma cotação válida (as empresas não quiseram participar)", sendo que diante do quadro, "não há previsão de normalização do estoque, haja vista que não temos cotação até a presente data".

Em nota, o hospital informou ainda que "a falta de medicamentos não é um problema pontual do HRMS, assola todo o Brasil. A pandemia afetou sobremaneira o setor farmacêutico, que necessita de importação de insumos químicos e matéria prima para a fabricação de medicamentos".

Matéria editada às 16h42 para acréscimo de informação do HRMS.

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