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Semáforos são sonho em cruzamentos onde acidentes se tornaram rotina na Capital

Moradores de diferentes regiões cobram providências há anos, enquanto o número de vítimas aumenta

Por Bruna Marques | 17/07/2025 12:17
Semáforos são sonho em cruzamentos onde acidentes se tornaram rotina na Capital
Carros e moto no cruzamento da Rua Brilhante com a Dr. Sebastião José Machado (Foto: Osmar Veiga)

A cada esquina, um susto. A cada semana, uma batida. Em bairros das regiões do Coronel Antonino, Bandeira e Anhanduizinho, em Campo Grande, o trânsito virou uma ameaça constante à vida. Semáforos, faixas de pedestre e quebra-molas são ausências visíveis nas rotas mais movimentadas dessas áreas e os moradores já perderam a conta de quantas vezes pediram providências.

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Moradores de bairros das regiões do Coronel Antonino, Bandeira e Anhanduizinho, em Campo Grande, clamam por melhorias na sinalização de trânsito. Cruzamentos perigosos, como o da Rua Francisco José Abraão com a Avenida Duas Vilas, no Jardim Imperial, registram acidentes frequentes, alguns com vítimas fatais. A falta de semáforos, faixas de pedestre e quebra-molas contribui para a insegurança no trânsito. Testemunhas relatam acidentes constantes, incluindo atropelamentos e colisões graves. A ausência de sinalização adequada e o desrespeito às leis de trânsito são apontados como principais causas. Moradores pedem a instalação de semáforos, faixas elevadas e outras medidas para reduzir a velocidade dos veículos e aumentar a segurança. A Agetran foi procurada para se manifestar sobre o problema.

A reportagem do Campo Grande News percorreu os cruzamentos mais críticos dessas regiões e conversou com quem presencia os acidentes diariamente. As falas são marcadas por frustração, medo e uma certeza: a falta de sinalização tem custado caro.

No Jardim Imperial, região do Bairro Coronel Antonino, o cruzamento da Rua Francisco José Abraão com a Avenida Duas Vilas é linha de ônibus e palco de acidentes diários. Eduardo Cândido da Silva, de 55 anos, dono de uma oficina de motos há três décadas no local, desabafa. “Morre muita gente aí. Arranca a perna. Tá horrível isso aí. Tem mais de 15 anos assim. Tem que fazer oração, porque o trem aí tá esquisito”.

Semáforos são sonho em cruzamentos onde acidentes se tornaram rotina na Capital
Dono de uma oficina de motos, Eduardo Cândido da Silva, relata ter visto mais de 200 acidentes em cruzamento problemático, no Jardim Imperial (Foto: Osmar Veiga)

Segundo ele, só neste mês já aconteceram sete acidentes. “Desde que estou aqui, já vi mais de 200. Sábado passado teve batida feia, arrancou a perna do cara. Carro não respeita, não tem jeito. Se não tiver um semáforo aí, vai passar para uns 400 acidentes por ano”.

Apesar dos pedidos por melhorias, nada muda. “Só falam em nova gestão, muda prefeito, muda secretário e não tem melhoria. Isso aqui é sinistro, complicado”, resume Eduardo.

A situação também incomoda quem nasceu e cresceu no bairro. O eletricista Walter Pereira, 45 anos, denuncia o abandono. “A cidade cresce, o movimento aumenta, o desenvolvimento chegou, mas a sinalização não. Já pedimos centenas de vezes um semáforo e nunca nem vieram olhar”.

Semáforos são sonho em cruzamentos onde acidentes se tornaram rotina na Capital
Veículos trafegam pelo cruzamento da Rua Francisco José Abraão com a Avenida Duas Vilas, no Jardim Imperial (Foto: Osmar Veiga)

Para ele, o problema é claro: “O quebra-mola ajudou, mas se você ficar assistindo de camarote, acontece direto. No sábado à noite, isso aqui vira pista de corrida. Dizem que o IPVA é pra sinalização, mas só são bons para cobrar.”

Rafael Alves, 40 anos, proprietário de um lava-jato no mesmo cruzamento, reforça que a tragédia é constante. “Há duas semanas atrás o rapaz perdeu a perna aqui. Interditaram tudo. Semana passada também teve um. Toda semana tem, sem exagero nenhum. Grave, leve, mas sempre tem”.

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Quebra-mola mais próximo fica a 180 metros do cruzamento da Rua Francisco José Abraão com a Avenida Duas Vilas e está com a pintura apagada (Foto: Osmar Veiga)

Segundo ele, a solução é conhecida por todos: “Já solicitei semáforo para os órgãos competentes. O ideal é o semáforo. Quebra-mola não vai resolver. Seria uma melhoria excelente. 7h, 12h, 17h é terrível”.

Apesar da gravidade, o cruzamento segue com sinalização precária. Na Rua Francisco José Abraão, linha de ônibus, não há faixa de pedestre, quebra-molas ou radar. A sinalização de “pare” é apenas vertical, sem pintura no asfalto. O ponto de ônibus, localizado bem na esquina, dificulta a visibilidade de quem cruza a via vindo da Avenida Duas Vilas. O quebra-mola mais próximo fica a 180 metros dali e não tem sido suficiente para inibir os acidentes.

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A empresária Valdete Ferreira de Souza contou já ter visto motociclistas dando "cambalhota no ar" (Foto: Osmar Veiga)

"Cambalhota no ar" - Na Vila Bandeirantes, o cruzamento da Rua Brilhante com a Dr. Sebastião José Machado também preocupa. A empresária Valdete Ferreira de Souza, 70 anos, há 20 anos no local, relata: “Toda semana tem acidente e são horríveis. Já vimos mais de 50. Ontem teve um com moto. E são todos idênticos, sempre um andando na faixa do ônibus e o outro que vai entrar a esquerda batendo. Já vi motoqueiro dar cambalhota no ar.”

A causa dos acidentes, segundo Valdete, está ligada à implantação da faixa exclusiva de ônibus e à falta de estrutura para o fluxo local: “A solução seria uma faixa elevada. Tem escola, igreja, supermercado. O semáforo aqui não seria ideal porque o cruzamento é pequeno, mas alguma coisa que forçasse o motorista a passar mais devagar”.

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Motociclista em alta velocidade na Rua Brilhante (Foto: Osmar Veiga)

A confusão aumenta com a sinalização mal planejada. Motoristas que tentam virar à esquerda são obrigados a acessar a faixa de ônibus, sem qualquer indicação horizontal de que isso é permitido. Nas esquinas com ponto de ônibus, há faixa de pedestre. Nos demais trechos, não.

A reportagem flagrou diversos motociclistas em alta velocidade, comportamento que, segundo moradores, é comum principalmente entre 16h30 e 19h. O cruzamento sequer conta com placa de “pare” horizontal ou quebra-mola. O semáforo mais próximo está a 100 metros dali, na esquina com a Rua Mário Quintanilha, longe o suficiente para deixar o trecho vulnerável.

Imagem reforça acidentes - No Jardim São Conrado, região do Anhanduizinho, o cruzamento das ruas Leão Zardo com General Valter Gustavo Escheneek também é considerado perigoso. Na segunda-feira (14) um motociclista foi atingido por um carro que não respeitou a placa de “pare”. Câmeras de segurança registraram o acidente.

A General Valter é linha de ônibus, mas não há faixa de pedestre, nem quebra-molas, nem sinalização horizontal. A placa de “pare” está presente, mas é ignorada por muitos motoristas.

Cristiano Ovelar, 37 anos, que há um ano e meio mantém uma empresa de toldos no local, já presenciou pelo menos dez acidentes. “A grande questão é o povo passar sem parar. Quem vem na General não para e bate em quem vem na preferência, que é a Leão”.

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Ilda Peres conta que no cruzamento onde mora já viu pessoas morrerem (Foto: Osmar Veiga)

Na segunda-feira, ele presenciou a colisão de um motoboy que vinha entregar marmita.
 “Pegou ele na hora. A única coisa que resolveria aqui seria um semáforo”.

Moradora há seis anos na região, Ilda Peres, 65 anos, concorda com a reclamação do vizinho. “Essa esquina vou te falar. Já pedi para pintar o quebra-mola. Ninguém toma providência. Tem bastante acidente aqui. Já morreu até gente. Escutei o Samu esses dias e o rapaz já estava caído de moto”.

Ela acrescenta: “É linha de ônibus e o pessoal não respeita. É muito movimento. O semáforo seria o mais ideal”.

O Campo Grande News procurou a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito) para saber se existe plano de ampliação da sinalização samafórica e aguarda posicionamento sobre as situações denunciadas pelos moradores.

Semáforos são sonho em cruzamentos onde acidentes se tornaram rotina na Capital
Cruzamento das ruas Leão Zardo com General Valter Gustavo Escheneek, no Jardim São Conrado, sem sinalização, é palco de acidentes (Foto: Osmar Veiga)

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