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Capital

Tapa buraco, alvo de polêmico vídeo, movimenta R$ 137,4 milhões em 2015

Porteiro flagrou funcionários de empreiteira fazendo serviço sem necessidade em circuito interno

Juliene Katayama e Edivaldo Bitencourt | 28/01/2015 17:20
Asfalto reconstituído sem buraco (Foto: Alcides Neto)
Asfalto reconstituído sem buraco (Foto: Alcides Neto)

Com fortuna destinada para as operações de tapa buraco, a Prefeitura de Campo Grande enfrenta a polêmica de pagar por serviço realizado indevidamente. É o caso da Rua Jornalista Marcos Fernandes Hugo Rodrigues, no Parque dos Poderes, que foi recapeada sem precisar. Um vídeo, divulgado ontem, pôs fogo na polêmica denunciada nos últimos dias pelos moradores, de que empresas estão cobrindo buracos fictícios. Só neste ano, o serviço deverá movimentar R$ 137,4 milhões.

Um vídeo circula na rede desde ontem de pessoas indignadas com o serviço de tapa buraco pela empresa Selco Engenharia em uma rua onde não havia danos no asfalto. A produção foi feita do celular do porteiro de um condomínio de alto padrão, Eder Palermo, 39 anos, que gravou imagens das câmeras de segurança.

“Nunca tinha visto isso. Na hora que o caminhão estava passando eu estava trabalhando, quando verifiquei o sistema de câmera, vi o rapaz fazendo o desenho no chão e logo veio caminhão jogando massa asfáltica. Mas aquela rua não tinha buraco”, explicou o porteiro que trabalha no local há mais de cinco anos.

Esta atividade movimenta milhões de reais por ano. Para 2015, o orçamento previsto para o serviço foi definido em R$ 137.488.419 para tampar 11.976.588 metros quadrados de buraco na Capital. O problema é quando se pagar por algo que não resolve o problema da sociedade. A Prefeitura, por meio de nota, admitiu que o pagamento é feito de acordo com o serviço executado.

A cada ano, a metragem de tapa buraco só tende a aumentar. Para o ano que vem, está previsto a realização de 12.425.710 metros quadrados, um aumento de 3% de área. Em 2017, o fim do mandato do prefeito Gilmar Olarte (PP), será feita 38.352.293 metros quadrados de reconstituição asfáltica.

Segundo a prefeitura, a empresa foi notificada pela Seintrha (Secretaria Municipal de Infraestrutura, Transporte e Habitação) e foi solicitado apuração dos fatos.

A Selco Engenharia informou por nota que já identificou e demitiu o funcionário flagrado no vídeo cobrindo o asfalto com manta asfáltica sem necessidade. “Também, ao realizar as diligências iniciais, apurou-se que o ex-colaborador teria agido com dolo e má-fé”, informa a empresa.

Além disso, a Selco ressalta que “nunca orientou o funcionário a agir da referida maneira e que condena a referida prática, estando tomando todas as medidas ao seu alcance para a correta punição e assegurar que fatos lamentáveis como esse não voltem a ocorrer”.

Conforme a nota, a “empresa assumirá a perda do material empregado indevidamente, a fim de que não haja qualquer prejuízo à Prefeitura”. E ainda, vai instaurar sindicância e registrará boletim de ocorrência para apuração de eventual prática criminosa.

Contradição - Eder até brinca com a situação. Ele mora na região do Nova Lima e fala que na região tem muitos defeitos no asfalto. “Moro no Nova Lima e tem bastante buraco, tenho de escolher o menor buraco para passar”, brinca.

Depois de gravar as imagens do circuito interno, revoltado com a situação, Eder pediu autorização para divulgar. Por isso a demora de cinco dias para a divulgação das imagens. “Como gravei do circuito interno que é de responsabilidade do condomínio eu precisei de autorização. Daí publiquei ontem no Youtube, Facebook e Whatsapp”, contou.

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