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Capital

Testemunhas dizem durante audiência que intenção de policial era matar

Viviane Oliveira | 07/02/2013 19:12
Familiares e amigos participam da 1ª audiência em que policial matou um e feriu outro. (Foto: Rodrigo Pazinato)
Familiares e amigos participam da 1ª audiência em que policial matou um e feriu outro. (Foto: Rodrigo Pazinato)

Onze das doze testemunhas que foram ouvidas na primeira audiência do processo por homicídio e tentativa triplamente qualificada contra o policial militar Bonifácio dos Santos Júnior, de 36 anos, acusado de matar Ike Cézar Gonçalves, de 29 anos, afirmaram que o policial tinha a intenção de matar. A audiência foi na tarde desta quinta-feira (7) na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande.

O crime aconteceu na madrugada do dia 28 de outubro do ano passado em frente à casa de show Santa Fé, na rua Brilhante, em Campo Grande. Ike César foi morto com um tiro na testa e Max Bruno Souza Leite, amigo da vítima, foi atingido de raspão na perna.

Também estava presente na audiência, Osni Ribeiro de Lima, acusado de ter dado fuga para o policial, que é lotado na Cigcoe (Companhia Independente de Policiamento de Crises e Operações Especiais). Bonifácio estava de folga no dia do crime.

As testemunhas afirmaram que Bonifácio tinha a intenção de matar e depois do crime ele saiu tranquilamente e entrou no carro, que era conduzido pelo amigo Osni e fugiu. “Ele saiu andando como se nada tivesse acontecido”, disse uma das testemunhas.

De acordo com um policial civil, que estava na casa de show no dia do crime, por volta das 4h começou uma confusão em frente ao Santa Fé. O policial chegou em um carro junto com o amigo e antes de descer do veículo disparou dois tiros para dispersar a multidão que estava brigando.

Ainda conforme a testemunha, Bonifácio ocupava o banco do passageiro, quando desceu dizendo que era policial. “Quando ele deu os tiros de dentro do veículo, a multidão se dispersou. Ao sair de dentro do carro ele foi até um grupo de amigos, onde Ike estava, e atirou. O tiro pegou de raspão em Max Bruno que caiu.

Logo em seguida, relata a testemunha, o policial atirou em Ike que pedia para Bonifácio soltar a arma. A vítima levou um tiro na testa, chegou a ser socorrido por terceiros para o posto de saúde, mas morreu 2h depois.

“Eu não imaginava que ele iria atirar. Pensei em dar voz de prisão, porém no local havia muita gente e eu fiquei com receio de mais gente ficar ferida”, disse o policial civil.

O advogado de defesa, José Roberto Rodrigues da Rosa, disse que o juiz Aluízio Pereira dos Santos, pediu uma nova audiência, marcada para o dia 21 de março às 14h30, para ouvir uma testemunha que faltou hoje e seis testemunhas de defesa. Só depois os réus Bonifácio e Osni serão ouvidos.

Bonifácio foi indiciado por tentativa e homicídio triplamente qualificado. Se condenado ele pode pegar mais de 30 anos de prisão. “É o que eu espero. Ele tem que pagar pelo crime que cometeu. Esse policial matou um homem inocente”, disse a viúva de Ike, a técnica de enfermagem Virginia Silva de Oliveira, de 29 anos. O PM continua preso no Presídio Militar. O amigo, Osni, responde o processo em liberdade.

Crime - Na madrugada do dia 28 de outubro, Bonifácio, estava com o amigo Osni na casa de show quando ao sair se deparou com uma confusão no local. Segundo relatos de testemunhas à Polícia Civil, por volta das 4h da manhã, alcoolizado o policial começou a atirar nas pessoas, quando Ike, que não estava envolvido na confusão, foi perguntar por que ele estava atirando. Nesse momento Bonifácio atirou e atingiu a vítima na testa.

Após o crime, o amigo do policial deu fuga para ele em um veículo Peugeot. Ike chegou a ser socorrido, levado ao posto de saúde e devido aos ferimentos, foi encaminhado para a Santa Casa, onde morreu 2h depois de ser baleado.

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