UTR abre dia 15 e recuperação de área do lixão será retomada em 2 meses
Após a inauguração da UTR (Unidade de Tratamento de Resíduos), prevista para o dia 15 de julho, a Solurb, concessionária responsável pela coleta de lixo e operação do aterro da Capital, irá retomar, a partir de setembro, as obras de recuperação da área degrada onde está situado o lixão da Capital.
O terreno, que engloba o lixão e o aterro sanitário tem um total de 40 hectares, sendo que 9 hectares são ocupados pelo aterro e o restante pelo lixão. Apenas essa última área passará pelo processo de recuperação.
Iniciada em 2007 pela administração do prefeito Nelsinho Trad, as obras do aterro sanitário ficaram paralisadas durante três anos e meio e foram entregues em 2012.
Apesar das polêmicas que envolveram a construção do aterro e das ações do Ministério Público Estadual e Federal, que apontaram irregularidades ambientais, o local acabou sendo liberado após fiscalizações da CGU (Controladoria Geral da União), Caixa Econômica Federal e Funasa constatarem que as obras previstas estavam 96,4% completas.
Ao assumir a administração do local em dezembro daquele ano, a Solurb começou as obras de recuperação do espaço destinado ao lixão, porém foi necessário fechar o local para que não houvesse acidentes devido ao maquinário que trafegava no terreno.
No entanto, os catadores que atuavam no lixão entraram com uma ação pedindo a liberação da entrada, já que com a proibição do acesso, haviam perdido sua fonte de renda.
Através de uma liminar, os trabalhadores voltaram a ter acesso ao local até que a UTR fosse concluída. Segundo o superintendente da Sourb, Élcio Terra, a solução encontrada foi criar uma área de transição, de três hectares, entre a coleta e o aterro, para que os trabalhadores pudessem operar até o término da UTR.
“Apesar de a recuperação do lixão estar prevista em nosso contrato, quando fomos obrigados a construir a área de transição, decidimos suspender a remediação do terreno para evitar acidentes”, explica Élcio. Atualmente existem 500 trabalhadores cadastrados para atuar no lixão, mas segundo o superintendente, apenas 60 frequentam o local diariamente.
Ele explica que foi possível apenas realizar obras para expandir a área do aterro, que também foi alvo de ações do MPE, em 2013, também relacionadas a crimes ambientais. Uma das ações questionava a espessura da manta de impermeabilização, que evita o contato do chorume, material residual do lixo, com o solo, ocasionando contaminação.
Outra ação acusava que o chorume produzido no aterro não era tratado de forma adequada e um terceiro questionamento da Justiça apontava que a área de transição também não respeitava normas ambientais e estava se transformando em um segundo lixão.
De acordo com Élcio Terra, a Solurb recebeu o aterro já com a manta instalada, por isso os questionamentos feitos pelo MPE eram referentes a empresa responsável pela obra. Para evitar novos problemas, ele explica que a Solurb atendeu as exigências do edital de licitação e utilizou a manta de dois milímetros para garantir que não ocorra a contaminação do solo.
Já quanto a área de transposição, Élcio afirma que a atual gestão municipal entendeu que a área do lixão já estava impactada e que o espaço, por ser temporário, não desobedecia normas ambientais. “Ele será desativado no dia que a UTR for inaugurada”, ressaltou.
Em relação ao tratamento do chorume, ele destaca que 100% do produto recebe o tratamento adequado pela Estação de Tratamento de Efluentes. Apenas o chorume do lixão ainda não é tratado, pois depende das obras de remediação. No total, a empresa investiu no aterro R$ 7,2 milhões desde que assumiu a administração do local.
Capacidade – Um dos principais benefícios da retomada dos trabalhos de recuperação da área do lixão será quanto a ampliação da capacidade de armazenamento de resíduos no local. Élcio explica que hoje o lixão está operando com 50% de seu potencial.
A remediação do terreno aliada a inauguração da UTR, vai extender a vida útil do lixão, que existe no bairro Dom Antônio Barbosa há 30 anos, uma vez que com as obras de recuperação o terreno será nivelado e o material compactado. Com isso, ele passará a operar com 25% de sua capacidade. Já o trabalho de separação de material reciclado, que será feito na UTR de forma mais refinada, vai evitar que uma grande quantidade de resíduo seja depositada no aterro.
No entanto, Élcio Terra estima que as obras de recuperação do lixão demorem pelo menos 2,5 anos, devido aos estudos necessários. A ideia é impermeabilizar todo o terreno, unindo o aterro atual ao lixão, incluindo a área de cerca de 50 metros que separa os dois espaços.
O problema é que o lixão hoje está com 30 metros de altura e o aterro com oito. Essa diferença pode dificultar o alinhamento. “Temos que tomar cuidado na hora de reconformar a área para que não fique espaços entre os andares e garantir que a base de sustentação seja boa, não prejudicando a impermeabilização”, diz. Outra questão é garantir que o peso do material depositado não afunde as camadas mais baixas.
Caso o projeto seja viável, o terreno irá se transformar em um imenso platô. Do contrário, Élcio explica que a empresa fará as obras apenas na área do lixão, reconformando o solo e construindo vários níveis, como escadas. Na sequência cobre-se o local com terra compacta e aplica-se uma vegetação rasteira. Também serão feitas canaletas para escoar a chuva, evitando que ela se transforme em chorume.
Esse sistema de drenagem periférico será interligado ao já existente no aterro. O material é depositado em uma lagoa de acumulação e bombeado até a estação de tratamento. Para suportar o aumento de volume do chorume que virá do lixão, a Solurb já está realizando a licitação ambiental de uma outra área para a construção de uma nova lagoa que vai ampliar em 11 vezes a capacidade de retenção do chorume.
UTR - Atualmente, 800 toneladas de lixo são descarregadas na área de transição, onde os catadores podem fazer a coleta de materiais reciclados. Somente após a intervenção dos coletores, o lixo é destinado para o aterro sanitário. Desde 2012, 696.180,54 toneladas de material foram descarregadas no local.
Do lixo gerado diariamente no município, cerca de 35%, ou seja, 280 toneladas tem potencial para reciclagem. Com a ampliação do trabalho, a expectativa é que esse número dobre.
Élcio diz que a expectativa é coletar 600 toneladas diárias apenas de produtos com potencial de reciclagem. “Nem tudo dá para ser aproveitado. As embalagens de alimentos, feitas de papelão, por exemplo, são descartadas porque contém resíduos orgânicos”, ressalta.
Mesmo assim, na UTR, devido ao refinamento do processo seletivo, será possível aproveitar cerca de 30 tipos de materiais. Atualmente, pelo trabalho realizado no lixão, os catadores conseguem reaproveitam apenas plásticos, papelão, alumínio e garrafas pet. “Ainda não dá para saber o quanto dessas 600 toneladas será possível reaproveitar. Essa conta só poderá ser feita quando a UTR estiver operando em sua plenitude”, enfatiza.
Investimento feito pela Solurb até agora no aterro: R$ 7.200.000,00